Após alta em 2018, registros de união entre gays têm queda
Apesar disso, número mantém patamar alto em comparação com 2017: mais de 9 mil casais resolveram formalizar união no ano passado
RIO - Os dois meses finais de 2018, após a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, ficaram marcados pelo aumento radical no número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, que tinham medo de o então presidente eleito adotar medidas que dificultassem a união, o que não ocorreu. Após o aumento de 62% naquele ano em comparação com o anterior, os registros caíram em 2019, primeiro ano de Bolsonaro à frente do Palácio do Planalto. Apesar disso, continuam em patamar bem acima do registrado até 2017.
Divulgada nesta quarta-feira, 9, a pesquisa Estatísticas do Registro Civil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, depois do pico de 2018, os números interromperam a trajetória de ascensão anual que vinha sendo consolidada. Isso pode ser explicado pelo fato de muitos casais terem antecipado para antes de Bolsonaro assumir o cargo cerimônias que estavam marcadas para o ano seguinte.
Foram, no ano passado, 9.056 casamentos entre pessoas do mesmo sexo, ante 9.520 no ano anterior. Ao contrário dos vínculos entre sexos diferentes, esses casos cresciam ano a ano, na contramão da tendência geral de queda de casamentos. Mesmo com a diminuição no ano passado, o número ainda é bem maior que os 5.887 observados em 2017 - o que mostra como os registros pós-eleição de Bolsonaro envergaram para cima a curva.
Quando são considerados todos os tipos de casamento, o Brasil voltou a observar uma diminuição. Foi a quarta queda consecutiva na comparação anual - desta vez, 2,7% de diferença negativa em relação ao ano anterior. Ao todo, pouco mais de 1 milhão de casais se formaram em 2019 no País.
Outra mudança que vem ocorrendo é a idade com que as pessoas se casam - cada vez mais velhas. Aos poucos, começa a haver maior incidência nos casos de homens e mulheres com mais de 40 anos que decidem se juntar. No caso dos homens, um a cada quatro já está nessa faixa etária; entre as mulheres, cerca de uma a cada cinco.
"O próprio divórcio possibilita que as pessoas casem novamente. As pessoas, principalmente as mulheres, passaram a ter novas prioridades, como estudar mais ou ter um emprego melhor. Existe, sim, uma tendência a postergar o casamento para depois dos 40", aponta a analista do IBGE Klívia Brayner de Oliveira, gerente da pesquisa.
Essa mudança na vida das mulheres também tem levado a outra tendência: mães cada vez mais velhas. Atualmente, 37% das mulheres que dão à luz têm mais de 30 anos, sendo 3,4% acima dos 40. O patamar das que se localizam na faixa etária dos 30 ao 34, inclusive, já é quase igual ao das de 20 a 24 - com 21% versus 24%. O que se vê, portanto, é uma linha quase achatada dos 20 aos 34 anos, intervalo de idade em que sete a cada dez brasileiras têm filhos.
O Norte é a área do Brasil que mais preocupa em relação a mulheres que dão à luz muito jovens. Enquanto o País tem 14% de mães com menos de 20 anos, a região apresenta cerca de 20% nessa faixa etária.