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Após ser preso, assassino confesso de Anic orientou filha a esconder prova

Lourival Correa trocou mensagens de texto com a filha a partir de dois números de celular distintos, mesmo já estando sob custódia

12 nov 2024 - 13h42
(atualizado às 14h15)
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Assassino confesso da advogada Anic Herdy, no Rio de Janeiro, Lourival Correa Netto Fadiga, de 55 anos
Assassino confesso da advogada Anic Herdy, no Rio de Janeiro, Lourival Correa Netto Fadiga, de 55 anos
Foto: Reprodução

O técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica, preso desde 19 de março após confessar o assassinato da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, permaneceu conectado com o mundo externo à prisão por pelo menos dois dias. Durante esse período, trocou mensagens de texto com a filha a partir de dois números de celular distintos, mesmo já estando sob custódia. As informações são do jornal O Globo.

Um relatório de investigação da 105ª DP (Petrópolis), anexado ao processo, revela que o réu trocou mensagens de texto, por um aplicativo de conversas, com sua filha Maria Luiza Vieira Fadiga enquanto estava na Cadeia Pública José Frederico Marques, no Benfica, onde foi detido em 22 de março.

Conhecida como a porta de entrada do sistema penitenciário, essa unidade recebeu Lourival antes de sua transferência para a Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó, em 13 de junho.

Com autorização judicial, as autoridades tiveram acesso às conversas por meio do celular de Maria Luiza, mostrando diálogos enviados a partir de dois números diferentes utilizados por Lourival. As trocas de mensagens aconteceram antes de Maria Luiza e seu irmão Henrique Vieira Fadiga serem presos, em abril; ambos foram liberados em outubro.

Em uma das mensagens de 27 de março, Lourival orienta a filha a informar seu advogado sobre um rastreador instalado no carro que ele usou para buscar Anic no dia 29 de fevereiro, quando ela foi vista pela última vez ao sair de um shopping em Petrópolis. Ele alerta a filha: “mas avisa que [o rastreador] pode [se] voltar contra mim, tá”, escreveu Lourival, demonstrando preocupação com possíveis evidências que o aparelho pudesse fornecer.

Ao se despedir, ele tranquilizou Maria Luiza dizendo estar num local destinado a policiais: “Eu estou bem. Tô na sala das polícias (sic). Bjo”, escreveu.

No dia seguinte, 28 de março, Lourival utilizou um segundo número para trocar mensagens com a filha novamente. Nessa conversa, pediu que ela informasse Rick (Henrique Vieira Fadiga) sobre contas pendentes que precisavam ser pagas.

Apesar da menção ao rastreador nas mensagens, os policiais da 105ª DP localizaram o dispositivo eletrônico no veículo que Lourival usou para raptar Anic. No entanto, embora houvesse uma ordem para acessar o histórico do rastreador, o fabricante afirmou não dispor das informações, impossibilitando a recuperação dos dados.

Além das mensagens, os investigadores encontraram em um dos celulares usados por Lourival uma foto em que ele usava uma camisa semelhante ao uniforme da Polícia Federal. Segundo o primeiro relatório da investigação, há cerca de três anos, Lourival teria se aproximado da família de Anic se apresentando como agente da PF. Ele ganhou a confiança do casal e assumiu a segurança pessoal da advogada e de seu marido, Benjamim Cordeiro Herdy, de 78 anos, chegando a acompanhá-los em viagens pelo país.

Em depoimento à 2ª Vara Criminal de Petrópolis no dia 25 de setembro, Lourival confessou o crime e relatou detalhes do assassinato. Segundo sua versão, após sair do shopping com Anic, ele a levou a um motel em Itaipava, em Petrópolis. Ele afirmou ter desferido um soco na traqueia da vítima, que caiu no chão sangrando. Em seguida, a colocou de bruços em uma cama, foi até a garagem, pegou um fitilho de plástico e o colocou no pescoço dela com a alegação de que queria conter o sangramento, o que, segundo ele, acabou resultando na morte de Anic. A causa da morte foi confirmada como asfixia mecânica em um exame cadavérico.

Após o crime, Lourival levou o corpo de Anic para sua casa em Teresópolis, onde concretou os restos mortais em pé, na base de um muro. Com as informações fornecidas pelo acusado, os policiais localizaram o corpo da advogada.

De acordo com a investigação da Polícia Civil, poucas horas após o desaparecimento de Anic, na noite de 29 de fevereiro, uma pessoa enviou uma mensagem para o celular de Benjamim, exigindo R$ 4,6 milhões pelo resgate da advogada. Entre os dias 6 e 8 de março, parte do valor foi transferida para cerca de 40 contas de doleiros indicadas por Lourival. No dia 11 de março, o restante do valor foi entregue em espécie.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), procurada para comentar as comunicações feitas por Lourival enquanto estava preso, informou que não teve acesso ao relatório sobre o caso. No entanto, com base nas informações divulgadas por O Globo, a Seap anunciou que abrirá uma investigação preliminar sobre o episódio.

Fonte: Redação Terra
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