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Após serem recebidos no MP, manifestantes invadem Câmara do Rio

Protesto que começou pacífico terminou em quebra-quebra na Câmara de Vereadores

31 jul 2013 - 20h37
(atualizado em 1/8/2013 às 10h32)
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Marfan desceu para falar com manifestantes sobre pauta de reivindicações
Marfan desceu para falar com manifestantes sobre pauta de reivindicações
Foto: Reynaldo Vasconcelos / Futura Press

O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Marfan Vieira, desceu de seu gabinete e recebeu os cerca de 700 manifestantes que marcharam pelo centro da capital até a sede do Ministério Público (MP) na noite desta quarta-feira. Os manifestantes rejeitaram a primeira oferta feita pelo órgão, de serem recebidos em comissão na sala do procurador-geral, e disseram que só aceitavam se reunir com ele do lado de fora do prédio.

Após alguns minutos de impasse, Marfan desceu e, em atitude inédita, foi até a rua. Com um megafone dos manifestantes, ele respondeu sobre as demandas de uma carta-aberta distribuída durante a passeata. Entre os pontos do documento, haviam exigências de que o MP investigue abusos de autoridades praticados pela Polícia Militar durante os protetsos; gastos públicos feitos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas; monopólio nos contratos de concessão do transporte público; e uso indiscriminado de helicópteros pelo governador Sérgio Cabral; além da instauração de inquérito para investigar as ligações de autoridades públicas com empreiteiras.

<p>Concentração para o protesto ocorreu na Cinelândia</p>
Concentração para o protesto ocorreu na Cinelândia
Foto: Ale Silva / Futura Press

Marfan respondeu aos manifestantes que todas as reivindicações propostas no documento são objeto de investigação pelo MP, e disse que há um ritmo próprio para cada uma, sendo que, em alguns casos, a velocidade do processo depende de agilidade do Poder Judiciário.

Após terem sido atendidos pelo procurador-geral, os manifestantes deixaram a frente do prédio do MP e se dirigiram à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), onde ocuparam as escadarias, num ato pacífico. Um grande contingente de policiais vigiava os manifestantes, que organizaram o protesto pelas redes sociais. Por volta das 20h30, os manifestantes começaram a deixar o local sem incidentes. Quando muitos já haviam deixado o protesto, cerca de 200 mascarados ainda seguiam na rua. A polícia prendeu um manifestante que tentava jogar uma pedra. 

Câmara Municipal é invadida

O Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, sede do Legislativo Municipal, foi invadido pouco antes das 21h por outro grupo de manifestantes. Eles entraram por um portão lateral que estava aberto. Barulho de vidros sendo quebrados era ouvido do lado de fora do prédio, onde ficou a maior parte dos manifestantes.

Os policiais militares que observavam o protesto decidiram agir assim que o local foi invadido. Eles se posicionaram nas entradas do palácio e bloquearam o grupo que estava lá dentro. Foi estabelecido um cordão para evitar que mais pessoas entrassem na sede do Legislativo, em cujas portas se concentravam centenas de manifestantes.

Após invasão da Câmara Municipal, confronto deixa um ferido
Após invasão da Câmara Municipal, confronto deixa um ferido
Foto: Cirilo Junior / Terra

Entre eles, havia um grupo de índios, que reivindica a posse de edifício ao lado do Maracanã, que há décadas foi sede do Museu do Índio e que o governo do Rio quer transformar em museu do movimento olímpico.

Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estão na Câmara Municipal para mediar a conversa entre os manifestantes e a polícia.

Por volta das 22h, a polícia decidiu invadir a Câmara para evacuá-lo. Foram usados taser e gás de pimenta para dispersar manifestantes que tentavam invadir também pela porta faz frente. Relatos no local davam conta de que havia salas depredadas. Manifestantes também jogavam coquetéis molotov na área.

Protestos mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Com informações das agências Brasil e EFE

O internauta José Carlos Pereira de Carvalho, do Rio de Janeiro (RJ), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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