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Árvore gigante que caiu em SP aguardava poda havia 4 anos

A queda aconteceu na Vila Mariana, afetou a rede de fornecimento de energia e, segundo vizinhos, tinha promessa de ser podada há quatro anos; comércio fechou

29 dez 2014 - 15h30
(atualizado às 17h45)
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O taxista Valdemar Pereira Gonçalves, 77 anos, saiu de casa para trabalhar, nesta segunda-feira, preocupado. Havia chovido forte na madrugada, e uma árvore ao lado do ponto de táxi em que ele trabalha há 12 anos ameaçava cair já há algum tempo. “Há quatro anos a vizinhança pediu que ela fosse pelo menos podada, mas isso nunca aconteceu. Cheguei ao ponto às 5h45 e pensei: ‘meu Deus, podia ter acontecido uma tragédia’”, disse.

Taxista de um ponto 'colado' à árvore que caiu, Valdemar Gonçalves contou que há quatro anos a prefeitura prometera a poda
Taxista de um ponto 'colado' à árvore que caiu, Valdemar Gonçalves contou que há quatro anos a prefeitura prometera a poda
Foto: Janaina Garcia / Terra

A árvore à qual o taxista se referiu foi uma das mais de 130 que caíram por toda a cidade com a tempestade da madrugada – na qual os ventos atingiram os 96 km/h.

A “tragédia” mencionada pelo taxista não ocorreu por questão de centímetros: oca e tomada pelos cupins, a espécie desabou sobre um poste, em diagonal, destruiu placas de sinalização e semáforos e por pouco não atingiu não só o ponto de taxi onde Gonçalves trabalha, como um prédio residencial localizado em cima de um bar.

A árvore estava tomada por cupins e por puco não atingiu um prédio residencial e comercial
A árvore estava tomada por cupins e por puco não atingiu um prédio residencial e comercial
Foto: Janaina Garcia / Terra

“Há quatro anos nos disseram que essa árvore seria podada. Agora, não precisa mais”, definiu o taxista, na atividade desde 1972.

Nas imediações, os estragos causados pela queda da árvore afetaram não só moradores, como comerciantes: às 14h, estavam com exatas 14 horas de suspensão no fornecimento de energia elétrico. A Eletropaulo enviou técnicos ao local, mas a maioria do comércio baixou as portas ou nem abriu.

Júlio Chaves é dono de um açougue na Vila Mariana
Júlio Chaves é dono de um açougue na Vila Mariana
Foto: Janaina Garcia / Terra

“Não vendi nada hoje de manhã, e meu produto só não se perdeu porque a câmara fria preserva a temperatura – mesmo assim, preserva mais umas 12 horas, no máximo”, comentou Júlio Chaves, 69 anos, dono de um açougue na vizinhança.

Gerente de um restaurante na rua Cubatão, a poucos metros de onde a árvore caiu, Naldir Idália de Oliveira,  50 anos, afirmou que a queda no movimento foi de pelo menos 70%, ou o total das vendas de balcão. Apenas o delivery funcionava. “Nunca vimos algo desse tipo por aqui”, comentou.

A situação no bairro após a chuva da madrugada fez a aposentada Nilza Aparecida Silva, de 67 anos, agilizar um abaixo-assinado no prédio onde mora pelo corte de uma árvore antiga e torta em frente à edificação. “É horrível a sensação quando chove forte assim, porque a gente fica pensando qual será a próxima árvore a cair, e onde”, disse. “O curioso é que essa árvore estava torta para o lado oposto do que ela caiu. Imagine a força do vento. Mas veja: não tem manutenção isso aqui”, reclamou Washington Santos, 45 anos, há 16 deles dono de uma banca na mesma esquina – mas do lado oposto à queda.

<p>A analista ambiental Maria Beatriz Louvison (à dir.) e a publicitária Maria Rita Camarini estavam há mais de 12 horas sem luz elétrica em casa</p>
A analista ambiental Maria Beatriz Louvison (à dir.) e a publicitária Maria Rita Camarini estavam há mais de 12 horas sem luz elétrica em casa
Foto: Janaina Garcia / Terra

Já a analista ambiental Maria Beatriz Louvison, 33 anos, lamentou que a árvore perdida não deve ser reposta tão cedo. “Estou sem luz em casa desde a meia-noite; acho triste cair uma árvore dessas, oca, tomada por cupins, quando temos uma cidade com um déficit tão grande de verde. As pessoas precisam entender que essas tempestades tão fortes são reflexo do desmatamento, então, eu pergunto: quando vão plantar outra árvore no lugar dessa?”, indagou a analista, que mora na rua Eça de Queirós. “Para piorar, a gente liga na Eletropaulo e eles dizem que vão transferir uma ligação que só cai. Que ao menos dissessem que não tem previsão, em vez de agir assim”, completou a publicitária Maria Rita Camarini, 31 anos.

Procurada, a assessoria de imprensa da AES Eletropaulo informou que só após a remoção da árvore, a cargo da Secretaria do Verde e Ambiente da Prefeitura de São Paulo, os reparos na rede poderão ser feitos.

Ainda conforme a Eletropaulo, mais de 3 mil raios atingiram a área de concessão da distribuidora durante a tempestade. As áreas mais atingidas foram a sul e norte de São Paulo, além do ABC. De acordo coma empresa, desde a madrugada, cerca de 2 mil eletricistas trabalham para o restabelecimento de energia.

A reportagem fez contato com a assessoria de imprensa da secretaria de Coordenação das Subprefeituras, mas, até esta publicação, ninguém respondeu.

Fonte: Terra
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