Ativistas pintam frase "silêncio é apagamento" no Minhocão
Além da frase '#vidas pretas importam' na Avenida Paulista, o grupo pintou a hashtag '#o futuro é uma mulher preta' na Avenida Nove de Julho
Um grupo de ativistas pintou a frase "#silêncio é apagamento" na madrugada deste sábado, 28, no Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, no centro de São Paulo. A inscrição cobriu as duas pistas da via expressa (sentidos bairro e centro) do elevado.
A ação faz parte das manifestações motivadas pelo assassinato de João Alberto Silveira Freitas, espancado até a morte por dois seguranças do supermercado Carrefour Passo D'Areia, em Porto Alegre (RS), que ocorreu na quinta-feira,19.
Junto com a inscrição "#silêncio é apagamento", o grupo divulgou uma declaração: "Silenciar é uma violência. A violência da indiferença. De fingir não ver e de fingir não ser com você. Silêncio é apagamento quando não se contam as narrativas e as memórias, sufocando a identidade. Negra/Negro/Preta/Preto/Feminina/Trans LGBTQIA+. Do morador de rua, da falta de moradia, de educação, saúde, alimento. Das mazelas desta sociedade. A presidência deste país tenta apagar o racismo estrutural vivido dia a dia por milhares de Brasileiros. BASTA! Silêncio é apagamento."
O coletivo iniciou a pintura no Minhocão na noite desta sexta-feira, 27, e terminou por volta das 6h da manhã deste sábado. A intervenção coletiva independente foi realizada pelo grupo @nosartivistas.
De acordo com o artista plástico e produtor cultural Netto Duarte, membro do grupo @nosartivistas, a intenção das pinturas é atingir o maior número de pessoas. "Colocar o dedo na ferida, jogar luz no debate. A arte tem essa potência de despertar a reflexão", disse Duarte.
Segundo Duarte, mais duas frases serão pintadas em avenidas de São Paulo. "Ao todo são cinco mensagens que dialogam entre si sobre a questão do racismo estrutural", explicou Duarte.
Em nota, a Prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Cultura apoiou a intervenção dos artistas que pintaram a mensagem no Minhocão.
Na noite de quinta-feira, 26, o grupo iniciou a pintura da frase "#o futuro é uma mulher preta" na Avenida Nove de Julho, nos Jardins, na altura da Alameda Lorena.
Na madrugada do dia 20, em manifestação contra o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, os ativistas pintaram a hashtag #vidas pretas importam" em uma das pistas da Avenida Paulista, sentido Rua da Consolação, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP).