Avenida São João, onde ocorreu ataque ao Bar Brahma, será fechada para carros aos domingos
Medida seria adotada nos moldes do que já acontece com a Avenida Paulista, uma das vias que integra o Programa Ruas Abertas
A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta quinta-feira, 7, que prevê fechar a Avenida São João, no centro da cidade, para circulação de carros aos domingos. Um teste inicial está previsto para o próximo dia 21 de janeiro. A medida, que faz parte do Programa Ruas Abertas, deve ser adotada entre 10h e 16h, nos moldes do que já ocorre com a Avenida Paulista.
A ideia da gestão municipal é permitir que pedestres circulem livremente do Elevado Presidente João Goulart (Minhocão), fechado aos fins de semana e feriados, até o Vale do Anhangabaú, em trecho que totaliza cerca de 1,5 km. O fechamento da via deve ser acompanhado de ações de segurança, segundo a Prefeitura.
No último domingo, 3, o Bar Brahma, localizado na esquina das avenidas São João e Ipiranga, uma das mais famosas da cidade, foi alvo de ataques a pedradas após uma tentativa frustrada de furto. Um dia depois, foi a vez de uma unidade do McDonald's, bem próxima dali, também sofrer depredação. Não houve relato de feridos, mas os casos assustaram frequentadores da região.
"Tem toda uma série de ações voltadas para essa questão da segurança", disse ao Estadão o secretário da Casa Civil da Prefeitura de São Paulo, Fabrício Cobra. Ele destacou, como exemplo, a Operação Delegada, convênio firmado com o governo do Estado para contratar policiais militares em horário de folga para incrementar a segurança da cidade. "Isso contribui muito."
Atualmente, quando o Minhocão é fechado aos finais de semana e feriados, são instaladas grades nos pontos de acessos ao espaço. Um dos objetivos é inibir a ação de gangues de bicicleta a praticarem crimes por ali. Como mostrou o Estadão, os furtos e roubos também têm preocupado comerciantes da região da República, onde fica o Bar Brahma.
Em um primeiro momento, Cobra descarta que ocorra a instalação de grades para inibir furtos na Avenida São João. "Não tem necessidade", disse. Uma possibilidade, afirma o secretário, é instalar as divisórias apenas em cruzamentos onde os carros vão continuar passando, com o objetivo de proteger os pedestres de possíveis atropelamentos.
Para a implantação do Programa Ruas Abertas na São João, o cruzamento na maior parte das vias que cortam a Avenida São João terá o fluxo de carros completamente interrompido - as únicas exceções são as avenidas Ipiranga e Duque de Caxias, conforme definido pela SPTrans. "É como funciona mais ou menos na Avenida Brigadeiro Luís Antônio quando há o fechamento da Avenida Paulista", disse Cobra.
Conforme a Prefeitura, a proposta inicial de ampliar o Ruas Abertas foi apresentada pela Associação Pró-Centro SP, com o intuito de fomentar as atividades que já são realizadas na região e estimular o turismo e o comércio local. A ideia é interromper a circulação de carros entre 10h e 16h, a exemplo do que ocorre com outras vias que integram o Ruas Abertas.
"É uma avenida importante aqui do centro, é histórica a esquina com a Ipiranga. Que a gente tenha atividades culturais, gastronômicas, infantis e esportes, para que a gente possa ter uma ativação e a ocupação da avenida nos domingos", disse o secretário.
Na prática, a iniciativa será implementada entre o Largo do Paiçandu, que dá acesso ao Vale do Anhangabaú, e a Rua Helvétia, próxima a uma das entradas do Minhocão. Já nos quarteirões entre o Largo do Arouche e a Rua Ana Cintra, a circulação de veículos seria autorizada em apenas uma das faixas, permitindo o acesso às garagens e estacionamentos.
O projeto é encabeçado pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL). A previsão da gestão municipal é disponibilizar uma consulta pública em breve para que a população possa opinar a respeito da iniciativa, assim como foi feito recentemente no bairro da Liberdade. Algumas vias do bairro começaram a fazer parte da iniciativa em outubro.
"O papel da Prefeitura vai ser encaminhar a proposta, depois das audiências públicas, para que isso seja definido como uma política pública", disse Cobra. "As ativações que vão ser feitas serão trabalhadas pelas secretarias de Cultura, Urbanismo e Licenciamento, Turismo e Esportes, com a Subprefeitura da Sé no comando. São várias ações para que a gente tenha a vinda do público para o centro para aproveitar o espaço público com segurança."