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Boate Kiss: tragédia completa 12 anos; saiba quem foi responsabilizado e se acusados estão presos

Incêndio em boate é considerado a maior tragédia em uma casa de shows no Brasil, com 242 mortes e 636 feridos

27 jan 2025 - 05h00
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Incêndio na boate Kiss aconteceu em 27 de janeiro de 2013 e deixou 242 pessoas mortas
Incêndio na boate Kiss aconteceu em 27 de janeiro de 2013 e deixou 242 pessoas mortas
Foto: Evelson de Freitas/Estadão / Estadão

Há 12 anos, um incêndio causou uma das maiores tragédias já vistas no Brasil. Em 27 de janeiro de 2013, durante o show da banda Gurizada Fandangueira na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, 242 pessoas morreram e outras 636 ficaram feridas, com histórias interrompidas ou profundamente marcadas pelas chamas.

Quatro pessoas foram condenadas pelo incêndio na casa noturna e, segundo informou o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul ao Terra, continuam presas. O processo tramita em segredo de Justiça.

Os condenados são: Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, ex-sócios da boate, além de Luciano Bonilha Leão, produtor musical, e Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentou na noite da tragédia. As sentenças variam de 18 a 22 anos de reclusão por homicídio e tentativa de homicídio com dolo eventual.

De acordo com a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo, Elissandro e Mauro estão detidos na Penitenciária Estadual de Canoas I, enquanto Luciano e Marcelo cumprem pena no Presídio Estadual de São Vicente do Sul.

Boate Kiss, onde incêndio matou 242 pessoas
Boate Kiss, onde incêndio matou 242 pessoas
Foto: Reuters

O processo avançou lentamente na Justiça ao longo de uma década, prolongando o sofrimento daqueles que perderam entes queridos. Neste ano, o Coletivo "Kiss: Que Não Se Repita", formado por amigos das vítimas e sobreviventes do incêndio, lançou a campanha "Sobrevivi para Contar". A iniciativa compartilha histórias impactantes de quem foi diretamente afetado pela tragédia, com o objetivo de promover justiça, empatia, preservação da memória e ações para evitar novas tragédias.

O projeto da exposição física tem como objetivo percorrer diversas cidades do Rio Grande do Sul. "Doze anos. Doze histórias. São sobreviventes, amigos e familiares transformando a dor em força. O projeto tem foco em temas como ausência, resiliência e indiferença social", escreveu o coletivo. 

Para relembrar o caso, o Terra preparou uma linha do tempo com os fatos mais marcantes. Confira abaixo:

Janeiro de 2013

Dia 27: Um artefato pirotécnico aceso durante o show da banda Gurizada Fandangueira provoca um incêndio na Boate Kiss. A tragédia deixa 242 mortos e mais de 600 feridos.

Dia 28: A Justiça decreta a prisão temporária de Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann, Luciano Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos.

Dia 29: É autorizado o bloqueio de bens dos sócios e da boate. Cerca de uma semana depois, cinco imóveis e uma conta com R$ 500 mil foram bloqueados, segundo a Defensoria Pública.

Elissandro Spohr ao depor durante julgamento da tragédia da Boate Kiss
Elissandro Spohr ao depor durante julgamento da tragédia da Boate Kiss
Foto: Renan Mattos / Futura Press

Março de 2013

Dia 1º: A Justiça transforma a prisão temporária dos quatro suspeitos em prisão preventiva.

Dia 22: 16 pessoas são indiciadas, incluindo sócios, funcionários da boate, integrantes da banda e bombeiros, pelos crimes de homicídio com dolo eventual qualificado e culposo, além de fraude processual.

Abril de 2013

Dia 2: O Ministério Público denuncia oito pessoas por crimes como homicídio doloso qualificado, tentativa de homicídio, fraude processual e falso testemunho.

Dia 3: A Justiça aceita a denúncia do MP e torna os acusados réus.

Maio de 2013

Dia 29: A Justiça concede liberdade provisória aos quatro réus presos. Eles passam a responder ao processo em liberdade.

Junho de 2013

Dia 3: O processo contra os oito réus é desmembrado: um para os acusados de homicídio doloso e outro para os suspeitos de fraude processual e falso testemunho.

Julho de 2013

Dia 18: O inquérito que responsabilizava o então prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (MDB), é arquivado.

Janeiro de 2014

Dia 27: Em exato um ano após a tragédia, familiares, amigos e sobreviventes realizam homenagens às vítimas.

Dezembro de 2014

Dia 5: O MP denuncia 43 pessoas por crimes como falsidade ideológica, fraude processual e falso testemunho. As acusações foram fundamentadas em um inquérito policial que apurou a falsificação de assinaturas e outros documentos necessários para a abertura da boate.

Familiar toca em cartaz com fotos das vítimas da boate Kiss
Familiar toca em cartaz com fotos das vítimas da boate Kiss
Foto: EVANDRO LEAL/ENQUADRAR / Estadão

Maio de 2015

Dia 4: A Justiça determina a remoção de cartazes com críticas ao promotor Ricardo Lozza, que havia fiscalizado a boate antes do incêndio, após reclamações sobre poluição sonora.

Junho de 2015

Dia 3: Dois bombeiros são os primeiros condenados em processos relacionados ao incêndio. A Justiça Militar os considera culpados por inserir declarações falsas na liberação do alvará da boate.

Setembro de 2015

Dia 1º: Um major dos bombeiros é condenado a seis meses de detenção por fraude processual ao inserir documentos no plano de prevenção contra incêndios da Boate Kiss.

Dia 2: Três familiares de vítimas são denunciados por calúnia contra o promotor Ricardo Lozza.

Julho de 2016

Dia 27: A Justiça decide que os quatro réus do processo criminal serão julgados por júri popular.

Outubro de 2016

Dia 5: O Tribunal de Justiça Militar absolve um bombeiro e reduz as penas de outros dois envolvidos na concessão do alvará para a boate.

Vista da frente da boate Kiss em Santa Maria (RS)
Vista da frente da boate Kiss em Santa Maria (RS)
Foto: Wesley Santos / Futura Press

Março de 2017

Dia 23: O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul nega recursos dos réus contra a realização do júri popular. No entanto, as qualificadoras de motivo torpe e meio cruel são retiradas.

Dezembro de 2017

Dia 1º: Uma nova decisão da Justiça retira a acusação de dolo dos crimes, determinando que os réus não sejam julgados por júri popular.

Junho de 2019

Dia 18: O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decide que os réus devem ir a júri popular.

Familiares das vítimas da boate Kiss acompanham as sessões do júri em Porto Alegre
Familiares das vítimas da boate Kiss acompanham as sessões do júri em Porto Alegre
Foto: Renan Mattos / Futura Press

Outubro de 2019

Dia 14: O júri dos réus é marcado. Marcelo de Jesus e Mauro Hoffmann seriam julgados em março de 2020, e Elissandro Spohr e Luciano Bonilha, em abril.

Dia 17: A Justiça determina a unificação dos júris e transfere o caso de Elissandro para Porto Alegre.

Fevereiro de 2020

Dia 12: O Tribunal de Justiça do RS decide que os julgamentos de Marcelo e Mauro também serão realizados em Porto Alegre, e não mais em Santa Maria. 

Setembro de 2020

Dia 10: A Justiça determina que os quatro réus sejam julgados juntos em Porto Alegre.

Dia 18: Dois bombeiros são condenados por concederem irregularmente o alvará de funcionamento da Boate Kiss após a Justiça aceitar recurso do Ministério Público.

Julgamento da tragédia da Boate Kiss, realizado na cidade de Porto Alegre
Julgamento da tragédia da Boate Kiss, realizado na cidade de Porto Alegre
Foto: Renan Mattos / Futura Press

Abril de 2021

Dia 5: O júri popular dos quatro réus é marcado para começar em 1º de dezembro, em Porto Alegre.

Dezembro de 2021

Dia 1º: O julgamento dos réus começa com sessões diárias, incluindo finais de semana, presidido pelo juiz Orlando Faccini Neto.

Dia 2: O segundo dia de júri é marcado por depoimentos de sobreviventes e discussões acaloradas entre advogados e promotores.

Dia 4: Sobreviventes relatam o horror da tragédia, comparando o incêndio a "um filme de terror".

Vítima da tragédia da boate Kiss depõe em júri
Vítima da tragédia da boate Kiss depõe em júri
Foto: Renan Mattos / Futura Press

Dia 5: O sobrevivente Delvani Brondani emociona os jurados ao descrever sua experiência. "Quando eu fui caindo, eu fui me despedindo... da minha família, dos meus amigos", relembrou no júri. 

Dia 8: Elissandro Spohr, um dos réus, depõe e afirma: "Virei um monstro de um dia para o outro."

Dia 9: Os três réus restantes são interrogados, encerrando os depoimentos.

Dia 10: Após 10 dias de julgamento, os quatro réus são condenados a penas entre 18 e 22 anos de prisão. Contudo, um habeas corpus preventivo suspende as prisões.

Dia 14: Após recurso do MP, a prisão dos condenados é determinada pelo presidente do STF, Luiz Fux. Dois são presos no mesmo dia, e os outros dois, no dia seguinte.

Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira
Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira
Foto: Juliano Verardi/Imprensa TJ-RS

Agosto de 2022

Dia 3: O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul anula o júri que havia condenado os quatro réus em dezembro de 2021. A decisão aponta supostas irregularidades no julgamento. Com isso, os réus são soltos, e um novo júri deverá ser agendado.

Dia 5: O juiz Orlando Faccini Neto, que presidiu o julgamento anulado, comenta a decisão. Ele rebate as acusações de nulidade e esclarece sobre supostas reuniões com os jurados.

Janeiro de 2023

Dia 25: A Netflix lançou a minissérie brasileira Todo Dia a Mesma Noite, inspirada no incêndio da Boate Kiss. Baseada no livro homônimo da jornalista Daniela Arbex, a produção em cinco episódios aborda os bastidores da tragédia, retratando desde a investigação do caso até a luta das famílias das vítimas por justiça.

Cenas de 'Boate Kiss: a Tragédia de Santa Maria', do Globoplay, e de 'Todo Dia a Mesma Noite', da Netflix: o jornalismo e a ficção retratam a tragédia
Cenas de 'Boate Kiss: a Tragédia de Santa Maria', do Globoplay, e de 'Todo Dia a Mesma Noite', da Netflix: o jornalismo e a ficção retratam a tragédia
Foto: Reproduções

Dia 27: Familiares e amigos realizam homenagens para marcar os 10 anos da tragédia. Durante o ato, 242 balões brancos são soltos no céu de Santa Maria, representando as vítimas do incêndio.

Junho de 2023

Dia 13: O Superior Tribunal de Justiça (STJ) adia o julgamento do recurso do MP que pede a restauração das condenações dos réus. O adiamento ocorre após pedido de vista de dois ministros.

Setembro de 2023

Dia 5: A Sexta Turma do STJ mantém, por 4 votos a 1, a anulação do júri realizado em 2021. A decisão confirma a medida do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, tomada em agosto de 2022.

Dia 21: Um novo júri para os quatro réus é agendado para o dia 26 de fevereiro de 2024. As condenações anteriores, que variavam entre 18 e 22 anos de prisão, perdem validade.

Fevereiro de 2024

Dia 9: O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspende o novo julgamento, que estava previsto para o dia 26 de fevereiro. A decisão atende a um pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul.

Julho de 2024

Dia 10: Começa a demolição do prédio onde funcionava a Boate Kiss. O letreiro com o nome do estabelecimento é removido, marcando o início das obras para a construção de um memorial em homenagem às vítimas. O prazo para entrega, a contar da assinatura da ordem de serviço, é de 240 dias (8 meses).

Dia 29: A fachada da Boate Kiss é demolida. O processo, que começou às 8h30, é concluído em cerca de 30 minutos.

Fachada da Boate Kiss sendo demolida
Fachada da Boate Kiss sendo demolida
Foto: Reprodução/RBS TV

Setembro de 2024

Dia 2: O ministro Dias Toffoli revoga a anulação do júri de 2021 e determina que as condenações dos réus sejam restauradas, acolhendo os recursos apresentados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul e pelo Ministério Público Federal. Com isso, os condenados voltam à prisão.

Dezembro de 2024

Dia 3: O STF definiu que o julgamento virtual dos recursos dos réus do incêndio da Boate Kiss ocorrerá entre 13 de dezembro de 2024 e 3 de fevereiro de 2025. A 2ª Turma da Corte avaliará se mantém ou revoga a decisão do ministro Dias Toffoli, que validou o júri e determinou a prisão dos quatro acusados. O prazo do julgamento leva em conta o recesso do Judiciário, que vai de 20 de dezembro a 1º de fevereiro. Como será virtual, não haverá a possibilidade de sustentação oral pelos advogados. 

 

Fonte: Redação Terra
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