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Bolsonaro sobrevoa áreas atingidas pelas chuvas em SP e diz que ajudará municípios

Presidente lamenta mortes e declara que 'faltou alguma visão por parte de futuro' para quem construiu edificações em regiões de risco

1 fev 2022 - 16h35
(atualizado às 16h55)
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O presidente Jair Bolsonaro sobrevoou os municípios de São Paulo mais atingidos pelas chuvas nesta terça-feira, 1, e, ao lamentar as mortes ocorridas, disse que o governo federal deu início às medidas necessárias para "minorar o sofrimento das pessoas". "Prefeitos apresentam suas necessidades e faremos todo o possível para atendê-los", afirmou no município de Francisco Morato, na Região Metropolitana.

Bolsonaro disse ainda que "faltou alguma visão por parte de futuro" a quem levanta edificações em regiões de risco. "Muitas vezes constroem a sua residência por necessidade", completou.

Ao menos 24 pessoas morreram e mais de 2.824 famílias estão desabrigadas em 31 municípios atingidos da Região Metropolitana da capital e do interior do Estado. Oito crianças estão entre as vítimas. A Defesa Civil do Estado de São Paulo contabiliza, ainda, treze feridos e dez desaparecidos. Alerta emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) vigente até esta terça-feira aponta que ainda há "risco de alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos na região.

Ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Bolsonaro durante visita a São Paulo
Ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Bolsonaro durante visita a São Paulo
Foto: Presidência da República / Estadão

Participaram os ministros Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura; Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional; Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral; João Roma, da Cidadania; Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional e Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovações.

Sem citar o valor previsto a ser repassado às prefeituras, o ministro Rogério Marinho se comprometeu a conversar com os prefeitos nos próximos 15 dias sobre "linhas de financiamento e formas de trabalhar em conjunto com obras estruturantes de maior vulto", mas defendeu que a prioridade agora é ajudar emergencialmente as famílias. "Esse momento é de solidariedade às famílias que tiveram vítimas, de acolhimento às pessoas que estão desabrigadas, de trabalharmos em conjunto com o governo do Estado, municípios, sociedade civil e trabalhar no planejamento de que forma vamos recuperar os estragos", disse.

Perguntado sobre um ofício em que o governador João Doria (PSDB) solicita ajuda financeira de cerca de R$ 470 milhões ao governo federal, Marinho alegou que Doria sabe que "não é dessa forma" que o pedido deve ser feito. O ministro também defendeu que o tucano deveria apresentar a solicitação de recursos para obras de contenção na previsão orçamentária, pois, acredita, "não diz respeito ao momento que estamos vivendo". "Não é à Defesa Civil, mas ao Orçamento Geral da União", defendeu. "Agora é tratar das pessoas".

Marinho pontuou que dialogará diretamente com os prefeitos sobre a fatia das verbas destinada às ações emergenciais. "O governador pede R$ 50 milhões para ações emergenciais. Mas os prefeitos vão dizer as necessidades das prefeituras", completou o ministro, garantindo que atenderá "todas as revindicações."

O secretário nacional da Defesa Civil, Alexandre Lucas, reforçou a lei obriga o governo federal a atender apenas demandas específicas solicitadas via Sistema Integrado de Informações Sobre Desastres. "Os R$ 450 milhões são para prevenção, é um pleito justo, antigo, de São Paulo para prevenção. Não é o que estamos discutindo agora", afirmou.

Ao lado de Bolsonaro, o prefeito de Cajamar e presidente do Consórcio Intermunicipal dos Municípios da Bacia do Juquery, Danilo Joan, reclamou que a região "foi esquecida" e que todas as reivindicações da região, que já sofreu com deslizamentos em outras ocasiões, são "sempre encaminhadas ao governo do Estado".

Marinho também minimizou a responsabilidade do governo federal pelos problemas habitacionais da região, apresentou dados de execução orçamentária da Pasta e disse que "quase metade" das habitações no Brasil são irregulares. "O que está acontecendo hoje no Estado de São Paulo é a maior precipitação pluviométrica dos últimos quatro ou cinco anos. Se cair 300 ou 400 milímetros de água em uma determinada região, nem Nova York vai aguentar."

Na segunda-feira, 31, Bolsonaro disse que as cidades mais afetadas poderão declarar estado de calamidade e solicitar ao Ministério de Desenvolvimento Regional MDR a liberação do FGTS para a população atingida. O auxílio se soma à liberação, por parte do governo do Estado, de R$ 15 milhões aos municípios.

Doria voltou às redes e disse que a visita de Bolsonaro ao Estado é "bem-vinda". "Nosso povo está sofrendo as duras consequências das chuvas que castigaram nosso estado. A visita do presidente a SP para oferecer ajuda aos que mais necessitam é bem vinda", publicou o governador.

No fim de 2021, Bolsonaro foi criticado por não interromper suas férias em Santa Catarina para visitar cidades na Bahia e em Minas Gerais atingidas por tempestades. Ele chegou a fazer uma primeira visita, no início de dezembro, mas não voltou, depois do agravamento da situação, com mortos e desabrigados. Fotos de Bolsonaro passeando de jet-ski no litoral catarinense viralizaram nas redes sociais. / COLABORARAM GUSTAVO QUEIROZ, DAVI MEDEIROS, DENISE LUNA, VINÍCIUS NEDER, BRUNO VILLAS BOAS e PRISCILA MANGUE

Estadão
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