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Bombeiros do Rio tentam descobrir autores de áudios racistas contra atriz Cacau Protásio

Comentários com expressões racistas e gordofóbicas foram gravados dentro de quartel enquanto artista participava das filmagens de um longa-metragem

28 nov 2019 - 15h11
(atualizado às 21h50)
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RIO - O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro abriu um procedimento interno para identificar os responsáveis pelos vídeos e áudios ofendendo a atriz Cacau Protásio, de 44 anos, com comentários racistas e gordofóbicos, além de xingamentos. As gravações foram realizados após a artista filmar cenas de um longa-metragem em um quartel do Rio, no domingo, 24, no qual interpreta uma sargento da corporação.

Atriz Cacau Protásio foi vítima de racismo após gravar filme em quartel do Corpo de Bombeiros do Rio
Atriz Cacau Protásio foi vítima de racismo após gravar filme em quartel do Corpo de Bombeiros do Rio
Foto: Instagram/Reprodução / Estadão

Após a gravação, a atriz chegou a postar nas redes sociais uma mensagem em que agradeceu a acolhida da corporação: "Eu gostaria de agradecer ao Corpo de Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro, na praça da República, por nos receber muito bem hoje, nos assessorou em todos os momentos. Muito obrigada! Essa corporação tem meu respeito."

Na segunda-feira, 25, começaram a circular vídeos e áudios criticando a atriz. "Mete aquela gorda, preta, filha da puta na farda de bombeiro. Uma bucha de canhão daquela, um monte de bailarino viado quebrando até o chão", criticou um suposto bombeiro. "Olha a vergonha no pátio do Quartel Central.

Essa mulher do 'Vai que Cola', aquela gorda, botou a farda e colocou uns dançarinos viados com roupa de bombeiro. Isso é um esculacho, rapaz. Qual é a desse comandante? Vai deixar uma putaria dessas no pátio do quartel?", questionou outro. Parte das gravações foram feitas enquanto o autor filmava a gravação do filme o que demonstra que estava dentro do quartel.

Na quarta-feira, 27, Cacau fez um desabafo: "Sou negra, sou gorda, sou brasileira, sou atriz, eu conto história, eu conto ficção. Eu não mereço ser agredida, assim como nenhuma pessoa. Eu respeito a opinião de alguns bombeiros de 'ah eu não acho certo', mas vai ver realmente a história antes de agredir", afirmou.

"Sou uma pessoa forte, mas ouvir tudo isso de um ser humano é horrível, muito triste. E como uma pessoa que veste uma farda tão linda tem essa postura, como eu posso dizer que ele salva vidas?", pergunta a atriz, aos prantos, em vídeo divulgado pelas redes sociais.

Vídeo 1.

Uma publicação compartilhada por Cacau Protásio (@cacauprotasiooficial) em

Cacau informou que vai denunciar as ofensas à Polícia Civil. Se identificado, o autor pode ser processado por injúria racial, que prevê pena de um a três anos de prisão, além de multa.

O Corpo de Bombeiros divulgou nota em que afirma que "não compactua com qualquer ato discriminatório", "se solidariza com a atriz" e "já abriu procedimento interno para identificar o(s) militar(es) e apurar a conduta". "O Cbmerj reforça o seu compromisso com a população (...) independente de cor, gênero, raça ou qualquer outra distinção. Os atos divulgados não representam a corporação centenária (...) considerada a instituição mais confiável do Brasil".

Cacau Protásio já atuou em novelas da TV Globo, como Avenida Brasil está em cartaz nos cinemas com Vai que cola 2 - O começo. No quartel, ela gravava, ao do ator Marcos Pasquim, cenas do filme Juntos e Enrolados.

?Artistas reagem à agressão

"Cacau Protásio é uma talentosa atriz com quase 20 anos de carreira. Mulher, negra, guerreira e que merece nosso respeito. Não há hipótese em que episódios de racismo possam ser tolerados. Racismo é crime, e ponto. A você, Cacau, toda a minha solidariedade."

Marcos Pasquim, ator

"Você é linda, minha amiga. E a sua verdade me comove. Amo você."

Padre Fábio de Melo

"Ô, minha amiga, fica triste por causa de um bando de ignorante, não. Você, tão inteligente, tão talentosa. Tão do bem. Vá atrás de seus direitos, mas não fique triste porque eles não merecem. Te amo muitão"

Anitta, cantora

"Por favor, denuncie esse sem alma, sem nada".

Estadão
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