Botão do pânico já salvou 50 mulheres da violência em Sorocaba
Aplicativo foi lançado em março na cidade; por mês, são emitidas 40 medidas protetivas
No fim da tarde de 29 de setembro, a diarista Maria*, de 52 anos, chegava do trabalho, em Sorocaba, quando se deparou com a porta de sua casa arrombada. Um vizinho a alertou que o autor do arrombamento era um irmão dela, de 57 anos, que já a tinha agredido várias vezes e contra quem a Justiça expedira medida protetiva. A mulher não teve dúvida: acionou o botão do pânico em seu celular e, minutos depois, uma viatura da Guarda Civil Municipal chegou à casa e prendeu em flagrante o arrombador, que já era processado pelas agressões.
Desde que o aplicativo de proteção às vítimas de violência doméstica foi lançado, em março deste ano, 50 mulheres acionaram o botão do pânico. Em alguns casos, o suspeito fugiu e, em outros, houve mediação e solução pacífica. Em 18 ocasiões, os agressores foram conduzidos à delegacia e em sete, ficaram presos. Até esta terça-feira, 142 mulheres estavam cadastradas no aplicativo. "Toda moradora de Sorocaba que obtiver medida protetiva do poder judiciário terá o direito de se cadastrar gratuitamente, basta se apresentar com o documento e seu celular no Centro de Referência da Mulher", disse a secretária de Igualdade e Assistência Social Cíntia de Almeida.
De acordo com a Vara da Violência Contra a Mulher, são emitidas em média 40 medidas protetivas por mês na cidade. No cadastramento, a mulher recebe orientações sobre como usar o aplicativo baixado no celular. Ao ser acionado, o botão gera um alerta no Centro de Operações e Inteligência da Guarda Civil Municipal, dando a localização exata da vítima. O sistema acumula também informações sobre o possível agressor. A equipe mais próxima se desloca até o local. No último sábado, uma moradora da Vila Helena, na zona norte, acionou o dispositivo e o ex-marido foi detido tentando pular o portão da casa.
Rede social
Em Limeira, o botão do pânico foi criado em 2016 e consiste num aparelho entregue às mulheres que recebem medida protetiva da Justiça. O sistema foi desenvolvido por uma empresa contratada pela prefeitura, que banca o custo. Ao ser acionado pela possível vítima, o dispositivo emite sinal para um smartphone do Centro de Operações Integradas da Guarda Civil Municipal (GCM). No monitor da central, aparecem a localização e foto da mulher e do suposto agressor.
De acordo com a vereadora Erika Tank (PR), uma das idealizadoras do projeto, após ser acionado, o dispositivo grava imagens e áudio do local da ocorrência. "Essa função é importante, pois permite saber qual situação será enfrentada pela equipe da Guarda, se o agressor está armado e o nível de risco para a vítima. A gravação também serve como prova perante a Justiça." Cerca de 280 mulheres obtêm medida protetiva anualmente na cidade.
Para ampliar o alcance da proteção, a Guarda criou grupos de WhatsApp que podem ser usados também por mulheres que ainda não têm a medida protetiva. Nesta segunda-feira, 22, uma mulher de 35 anos que era agredida pelo marido foi salva depois de pedir socorro usando a rede social. Um guarda civil conectado ao grupo viu a mensagem e mandou uma viatura. Conforme o GCM Wagner Morente, a equipe deteve o suspeito em meio a móveis quebrados, tentando arrombar a porta do banheiro, onde a mulher havia se escondido. A vítima relatou que sofria agressões havia mais de seis horas. Ela foi encaminhada ao Pronto-Socorro da Santa Casa e o agressor, à Delegacia de Defesa da Mulher.
* O nome foi trocado para preservar a identidade da vítima