Brasil investiga casos suspeitos de mal da vaca louca
Casos investigados são do município de Belford Roxo e de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro
A Secretaria Municipal do Rio de Janeiro recebeu do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, a notificação de dois casos suspeitos de doença priônica, que estaria associada ao consumo de carne bovina contaminada por Encefalite Espongiforme Bovina, também conhecida como doença da vaca louca.
A secretaria disse nesta quinta-feira (11) que os casos investigados são do município de Belford Roxo e de Duque de Caxias.
"As notificações foram encaminhadas à Secretaria Estadual de Saúde para desenvolvimento de ações junto às secretarias dos municípios de residência", disse a secretaria municipal de saúde.
O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas confirmou, em nota separada, que recebeu dois pacientes "com suspeita de EEB".
Segundo o instituto, ambos estão internados no Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 do INI. Detalhes que possam identificar os pacientes não serão divulgados em respeito à confidencialidade da relação médico-paciente, acrescentou.
Os seres humanos não contraem a doença da vaca louca, mas há fortes dados epidemiológicos que ligam uma rara e fatal doença degenerativa do cérebro humano, chamada Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), com a alimentação de produtos contaminados por EEB.
De acordo com uma fonte com conhecimento do assunto, que pediu para não ser identificada, a investigação é de suspeita de DCJ, caracterizada por provocar uma desordem cerebral com perda de memória e tremores.
Conforme publicação do Ministério da Saúde, as principais formas clínicas de DCJ são esporádicas, o que acontece em 85% dos casos, afetando pessoas mais velhas. Nessa situação não há uma causa e fonte infecciosa conhecida, nem relação de transmissibilidade comprovada de pessoa a pessoa.
Há ainda a forma hereditária de DCJ, entre 10% a 15% dos casos da doença, decorrente de uma mutação no gene que codifica a produção da proteína priônica, e a iatrogênica, que acontece como consequência de procedimentos cirúrgicos, conforme uma publicação do ministério.
Há também a variante de DCJ, uma outra doença priônica, essa sim associada ao consumo de carne e subprodutos de bovinos contaminados.
A notícia é divulgada dois meses depois que o Brasil registrou dois casos "atípicos" da chamada doença de vaca louca em bovinos, um em Minas Gerais e outro em Mato Grosso, o que resultou em um embargo nas exportações para a China desde o início de setembro.
Os casos foram considerados "atípicos" por serem de um tipo espontâneo, e não por transmissão no rebanho.
De acordo com a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), casos "atípicos" não oferecem riscos à saúde humana e animal, e são em geral detectados em bovinos mais velhos.
Mais cedo, a Reuters informou os casos suspeitos com base em duas fontes com conhecimento do assunto.
Procurados, os Ministérios da Agricultura e da Saúde não responderam de imediato a pedidos de comentários.