Piracicaba adota mosquito transgênico para frear a dengue
Cidade pode estrar na fase de epidemia já que soma 300 casos de dengue para cada 100 mil habitantes
Um lote de 100 mil mosquitos aedes aegypti transgênico foi solto no final da manhã desta quinta-feira (30), no bairro Cecap, em Piracicaba, interior de São Paulo. A iniciativa, inédita no Estado paulista, pretende contribuir com a diminuição da população do inseto principal transmissor da dengue. O mosquito modificado geneticamente é macho e ao ser solto na natureza vai cruzar com a fêmea selvagem que gerará filhotes que vão morrer antes de atingir a sua fase adulta. O mosquito transgênico vive até 4 dias.
De acordo com o secretário de saúde, Pedro Melo, a cidade pode estrar na fase de epidemia já que soma 300 casos de dengue para cada 100 mil habitantes. O bairro Cecap foi o alvo da ação por que é o que está com maior número de doentes de dengue. A cidade tem 977 casos de dengue. "A intenção é diminuir a incidência de mosquito transmissor de dengue", garantiu. O secretário falou que o aedes transgênico não pica e não é vetor da dengue.
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Ele falou também que ao todo serão soltos no local de 800 mil a 1 milhão do mosquito transgênico em um período de 10 meses. O custo do projeto é de R$ 150 mil. O secretário também disse que outros serviços de combate ao mosquito vão continuar sendo adotados como a utilização de nebulização, a operação de agentes de saúde na conscientização da população para evitar pontos de proliferação do mosquito e retirada de entulho.
O aedes aegypti geneticamente modificado foi produzido pela Oxitec do Brasil, laboratório instalado em Campinas. O gerente do projeto, Guilherme Trivellato, lembrou que o serviço tem a certificação do CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). De acordo com ele essa é a primeira vez que a Oxitec atua em uma região de São Paulo. "Já fizemos esse trabalho com sucesso de mais de 95% nas Ilhas Cayman e no Panamá.", falou.
No Brasil, o aedes transgênico foi utilizado no Estado da Bahia. "Em 2001 fizemos em Juazeiro com redução entre 94 a 99% da população de mosquito, depois em Jacobina", contou. Em Piracicaba a área a ser atingida é de 54 hectares ou aproximadamente 65 campos de futebol onde estão concentrados 5,5 mil habitantes. De acordo com ele, o lote de 1 milhão de mosquito geneticamente modificado dá uma média de um mil mosquito por habitante.
MP questionou o método
A utilização do mosquito transgênico em Piracicaba foi interpelado pela promotora de Justiça Maria Christina Marton Correia de Freitas em março. Na época a promotora suspendeu os trabalhos após receber uma representação do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) que questionava os riscos à saúde publica.
A liberação do aedes modificado na cidade ocorreu em 15 de abril após assinatura de uma TAC (Termo de Ajustamento e Conduta) entre a Prefeitura, a Oxitec e Promotoria de Justiça. Foi firmado o acordo de que a soltura do mosquito ocorreria em 30 de abril, após ampla divulgação aos moradores e resultados efetivos da aplicação em outros localidades. Dentre outros temas ajuizados foi a não proibição do uso de inseticida dos moradores e a continuidade das nebulizações praticadas pela Secretaria de Saúde.
Campinas tem 7 mortes por dengue e 30.324 casos
A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou 30.324 casos de dengue em 2015 e mais 3 mortes, totalizando 7 óbitos, até esta quarta-feira (29), segundo nota divulgada pela Prefeitura de Campinas no começo da noite. Foram 1.422 ocorrências em janeiro, 6.056 em fevereiro, 18.944 em março e 3.902 em abril. Há outros 3.023 doentes suspeitos e sob investigação pelo Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa). No ano passado a cidade teve 42.109 casos de dengue e 9 mortos pela doença.
Os três novos óbitos são duas mulheres, uma de 46 anos e outra de 71, moradoras da região Sudoeste, e um homem de 97 anos, morador da região Leste. Esses dois últimos eram portadores de doenças crônicas. De acordo com a Secretaria, " pessoas idosas e portadores de doenças crônicas têm maior risco de desenvolver formas graves de dengue e, consequentemente, maior risco de óbito", informou a nota. Outros três falecimentos aguardam exames para confirmar se a causa da morte foi por dengue ou não.
Segundo a nota "historicamente, o período de janeiro a maio é o de maior incidência de dengue, por conta das condições climáticas que favorecem a proliferação do mosquito transmissor. É o chamado período sazonal".
A Prefeitura informa que intensificou as ações de controle e prevenção da doença em todas as regiões da cidade, com nebulizações, retirada de material que pode contribuir para a proliferação do aedes aegypti. Soldados do Exercito Brasileiro também apoiam os trabalhos de vistorias de residencias e instalação de telas em caixas d'água.
Balanço da Prefeitura
- 420 mil toneladas de entulhos foram removidas desde 2013 pela Secretaria de Serviços Públicos;
- 22 mil caixas d'água foram teladas desde 2013;
- 3 toneladas de criadouros (potes, latas, garrafas, etc) são removidas diariamente pelas equipes de saúde;
- 740 proprietários foram intimados a fazer a limpeza de seus terrenos em 2015;
- 2.791 foram notificados a manter suas calçadas em ordem, desde 2013;
- 200 mil imóveis foram visitados pelas equipes de saúde desde 2014 para remoção de criadouros e para ações de educação e mobilização social;
- 42 mil imóveis foram nebulizados em 2015;
- 46 córregos e ribeirões foram limpos (manutenção e desassoreamento)
- 900 prédios públicos, entre escolas, centros de saúde e outros estão sendo vistoriados pela Sanasa para manutenção e telamento de caixas d'água;
- 52 mil alunos receberam revistas educativas com informações sobre dengue;
- O prefeito Jonas Donizette (PSB) sancionou a lei que impõe aos proprietários de imóveis fechados obrigações relativas à manutenção e limpeza, de forma que as edificações fiquem livres de criadouros.