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Piracicaba adota mosquito transgênico para frear a dengue

Cidade pode estrar na fase de epidemia já que soma 300 casos de dengue para cada 100 mil habitantes

30 abr 2015 - 19h00
(atualizado em 1/5/2015 às 11h57)
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Aedes aegypti transgênico não pica e não transmite a dengue
Aedes aegypti transgênico não pica e não transmite a dengue
Foto: Prefeitura Piracicaba / Divulgação

Um lote de 100 mil mosquitos aedes aegypti transgênico foi solto no final da manhã  desta quinta-feira (30), no bairro Cecap, em Piracicaba, interior de São Paulo. A iniciativa, inédita no Estado paulista, pretende contribuir com a diminuição da população do inseto principal transmissor da dengue. O mosquito modificado geneticamente é macho e ao ser solto na natureza vai cruzar com a fêmea selvagem que gerará filhotes que vão morrer antes de atingir a sua fase adulta. O mosquito transgênico vive até 4 dias.

De acordo com o secretário de saúde, Pedro Melo, a cidade pode estrar na fase de epidemia já que soma 300 casos de dengue para cada 100 mil habitantes. O bairro Cecap foi o alvo da ação por que é o que está com maior número de doentes de dengue. A cidade tem 977 casos de dengue. "A intenção é diminuir a incidência de mosquito transmissor de dengue", garantiu. O secretário falou que o aedes transgênico não pica e não é vetor da dengue.

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Ele falou também que ao todo serão soltos no local de 800 mil a 1 milhão do mosquito transgênico em um período de 10 meses. O custo do projeto é de R$ 150 mil. O secretário também disse que  outros serviços de combate ao mosquito vão continuar sendo adotados como a utilização de nebulização, a operação de agentes de saúde na conscientização da população para evitar pontos de proliferação do mosquito e retirada de entulho.

O aedes aegypti geneticamente modificado foi produzido pela Oxitec do Brasil, laboratório instalado em Campinas. O gerente do projeto, Guilherme Trivellato, lembrou que o serviço tem a certificação do CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). De acordo com ele essa é a primeira vez que a Oxitec atua em uma região de São Paulo. "Já fizemos esse trabalho com sucesso de mais de 95% nas Ilhas Cayman e no Panamá.", falou.

No Brasil, o aedes transgênico foi utilizado no Estado da Bahia. "Em 2001 fizemos em Juazeiro com redução  entre 94 a 99% da população de mosquito, depois em Jacobina", contou. Em Piracicaba a área a ser atingida é de 54 hectares ou aproximadamente 65 campos de futebol onde estão concentrados 5,5 mil habitantes. De acordo com ele, o lote de 1 milhão de mosquito geneticamente modificado dá uma média de um mil mosquito por habitante.

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MP questionou o método

A utilização do mosquito transgênico em Piracicaba foi interpelado pela promotora de Justiça Maria Christina Marton Correia de Freitas em março. Na época a promotora suspendeu os trabalhos após receber uma representação do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) que questionava os riscos à saúde publica.

A liberação do aedes modificado na cidade ocorreu em 15 de abril  após assinatura de uma TAC (Termo de Ajustamento e Conduta) entre a Prefeitura, a Oxitec e  Promotoria de Justiça. Foi firmado o acordo de que a soltura do mosquito ocorreria em 30 de abril, após ampla divulgação aos moradores e resultados efetivos da aplicação em outros localidades. Dentre outros temas ajuizados foi a não proibição do uso de inseticida dos moradores e a continuidade das nebulizações praticadas pela Secretaria de Saúde.

Campinas tem 7 mortes por dengue e 30.324 casos

A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou 30.324 casos de dengue em 2015 e mais 3 mortes, totalizando 7 óbitos, até esta quarta-feira (29), segundo nota divulgada pela Prefeitura de Campinas no começo da noite. Foram 1.422 ocorrências em janeiro, 6.056 em fevereiro, 18.944 em março e 3.902 em abril. Há outros 3.023 doentes suspeitos e  sob investigação pelo Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa). No ano passado a cidade teve 42.109 casos de dengue e 9 mortos pela doença.

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Os três novos óbitos são duas mulheres, uma de 46 anos e outra de 71, moradoras da região Sudoeste, e um homem de 97 anos, morador da região Leste. Esses dois últimos eram portadores de doenças crônicas. De acordo com a Secretaria, " pessoas idosas e portadores de doenças crônicas têm maior risco de desenvolver formas graves de dengue e, consequentemente, maior risco de óbito", informou a nota. Outros três falecimentos aguardam exames para confirmar se a causa da morte foi por dengue ou não.

Segundo a nota "historicamente, o período de janeiro a maio é o de maior incidência de dengue, por conta das condições climáticas que favorecem a proliferação do mosquito transmissor. É o chamado período sazonal".

A Prefeitura informa que intensificou as ações  de controle e prevenção da doença em todas as regiões da cidade, com nebulizações, retirada de material que pode contribuir para a proliferação do aedes aegypti. Soldados do Exercito Brasileiro também apoiam os trabalhos de vistorias de residencias e instalação de telas em caixas d'água.

Balanço da Prefeitura

- 420 mil toneladas de entulhos foram removidas desde 2013 pela Secretaria de Serviços Públicos;

- 22 mil caixas d'água foram teladas desde 2013;

- 3 toneladas de criadouros (potes, latas, garrafas, etc) são removidas diariamente pelas equipes de saúde;

- 740 proprietários foram intimados a fazer a limpeza de seus terrenos em 2015;

- 2.791 foram notificados a manter suas calçadas em ordem, desde 2013;

- 200 mil imóveis foram visitados pelas equipes de saúde desde 2014 para remoção de criadouros e para ações de educação e mobilização social;

- 42 mil imóveis foram nebulizados em 2015;

- 46 córregos e ribeirões foram limpos (manutenção e desassoreamento)

- 900 prédios públicos, entre escolas, centros de saúde e outros estão sendo vistoriados pela Sanasa para manutenção e telamento de caixas d'água;

- 52 mil alunos receberam revistas educativas com informações sobre dengue;

-  O prefeito Jonas Donizette (PSB) sancionou a lei que impõe aos proprietários de imóveis fechados obrigações relativas à manutenção e limpeza, de forma que as edificações fiquem livres de criadouros.

Fonte: Especial para Terra
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