Capoeirista acusa PM de SP de agredi-lo quando segurava filho de 5 anos; polícia apura ação
Mestre Nenê relata ter sido estrangulado e empurrado após abordagem em frente de casa; ele foi considerado suspeito de roubo, mas responsável foi detido no mesmo dia
O capoeirista Valdenir Alves dos Santos, conhecido como Mestre Nenê, acusa policiais militares de agressão enquanto segurava o filho de 5 anos no colo em frente de casa, na comunidade do Mangue, na Vila Madalena, zona oeste da cidade de São Paulo. Ele foi acusado pelo roubo de celulares e notebooks, crime cujo autor foi detido logo depois por outros policiais.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), a conduta dos policiais do 23º BPM será investigada pela Polícia Militar. Além disso, "todas as circunstâncias relativas aos fatos são investigadas por meio de inquérito policial instaurado pelo 14º DP (Pinheiros)", disse em nota.
Para o capoeirista, a abordagem ocorreu por ele ter a pele negra. Segundo relato que postou em rede social, a situação transcorreu quando estava em frente de casa com o filho e conhecidos, por volta das 19h45 de quarta-feira, 19.
Ao ser abordado por policiais, ele entrou na casa de um amigo a fim de proteger o menino. Nesse momento, diz ter sido perseguido, estrangulado e empurrado, enquanto ainda segurava a criança, que também caiu no chão.
Santos foi algemado, colocado em uma viatura e levado para ser sedado em um pronto-socorro. Após, foi encaminhado para o 14º DP, sendo liberado horas depois. Um vídeo feito por testemunhas mostra familiares preocupados e questionando os policiais sobre para onde levariam o capoeirista, que está no chão.
A ação gerou uma campanha entre mestres da capoeira, que pedem retratação pública da polícia e do governo João Doria. Mestre Nenê coordena o grupo Flor de Aroeira, com atividades na comunidade do Mangue.
Em nota, a SSP diz que a abordagem ocorreu durante as buscas pelo responsável pelo roubo de três celulares e três notebooks na Rua Wisard, também na Vila Madalena. Uma das vítimas relatou que o sinal da localização de um dos aparelhos apontava a via em que o capoeirista reside.
"Durante diligências, os agentes encontraram quatro homens parados próximos ao local indicado pelo sinal de localização do celular. Ao iniciar a abordagem, um dos indivíduos desobedeceu a determinação legal e tentou deixar o local, resistindo à ação dos policiais que precisaram contê-lo", diz a nota.
"Enquanto ele era detido, outra equipe da PM, na mesma rua, prendeu o autor do crime recuperando todos os objetos roubados, o que reforça a suspeita fundamentada dos agentes para a realização de abordagem naquele local", justificou a secretaria.