Caso Ágatha: PM apontado como autor do tiro de fuzil que matou menina é absolvido em júri popular
Ágatha Vitória Sales Félix foi atingida por um tiro de fuzil no Complexo do Alemão, no Rio, em 2019
Cinco anos após a morte de Ágatha Vitória Sales Félix, o policial militar Rodrigo José de Matos Soares, apontado como autor do disparo de fuzil que a atingiu nas costas, foi absolvido na madrugada deste sábado, 9. Na época do crime, ela tinha 8 anos, e estava com a mãe dentro de uma Kombi na Comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
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O julgamento começou por volta das 12h de sexta-feira, 8, no 1º Tribunal do Júri do Rio. De acordo com a TV Globo, durante a sessão que durou mais de 12 horas, os policiais que estavam na ação reafirmaram a versão de que uma dupla em uma moto passou atirando contra a equipe policial no momento em que Ágatha foi atingida.
No entanto, essa versão é contestada pelas cinco testemunhas de acusação que deram depoimento no plenário. As testemunhas contam que quando a Kombi parou para alguns passageiros desembarcarem, em setembro de 2019, Ágatha foi atingida por um tiro nas costas. Ela chegou a ser socorrida e passou por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
O inquérito policial apontou que o tiro que acertou a menina partiu da arma de Rodrigo, e concluiu que ele atirou depois de confundir a esquadria de alumínio, carregada pelo garupa de uma moto, com uma arma. Segundo a Polícia Civil, não houve confronto no local no momento em que a criança foi atingida pelo disparo.
Por isso, o policial foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado em 2019, e acabou afastado de suas funções. O caso só passou a ser julgado em fevereiro de 2022, e em abril de 2023, encaminhado para o Tribunal do Júri.
Nesta sexta, sete jurados participaram do julgamento. Eles ouviram cinco testemunhas de acusação, além dos pareceres do MP e dos advogados do acusado. Entre as pessoas que prestaram depoimento, estava também a mãe de Ágatha, Vanessa Sales, que se emocionou muito ao lembrar do dia em que a filha morreu.
"Eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Eu ouvi um barulho, parecia uma bomba e ela gritando 'mãe, mãe, mãe'. E eu: calma filha. Até hoje quando eu chego em casa e tenho aquele sentimento de estar faltando [algo]”, desabafou.
"Uma tragédia. Retiraram o seu filho, né? Ela não sofreu um acidente, nem nada. Atiraram para matar e mataram. É muito atordoante para mim", afirmou à emissora.
Por volta de 1h20, a sentença foi proferida para os presentes. Os jurados decidiram pela absolvição do PM Rodrigo, o que gerou revolta e muita comoção nos familiares que acompanhavam.