Caso Henry Borel: Monique Medeiros chora em audiência
No depoimento desta quarta, ela chegou a emocionar em alguns momentos e narrou as tentativas dos médicos de reanimarem o garoto
RIO - Acusada de envolvimento na morte do menino Henry Borel, a mãe do garoto, Monique Medeiros, está depondo à juíza Elizabeth Machado Louro, da 2ª Vara Criminal da Capital, nesta quarta-feira, 9. Mais cedo, o padrastro de Henry, Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, depôs rapidamente e afirmou que "nunca encostei uma mão num fio de cabelo do Henry". Assim como Monique, Jairinho é réu pelo homicídio.
Essa é a quarta audiência de instrução do caso. Henry Borel, de apenas 4 anos, foi morto em março do ano passado quando estava no apartamento do casal, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Laudo da necropsia apontou que o menino sofreu lesões no crânio, ferimentos internos e hematomas nos membros superiores.
No depoimento desta quarta, Monique Medeiros chegou a chorar em alguns momentos. Ela lembrou uma conversa que teve com Henry no fim de semana da morte do menino, quando o filho lhe dissera "mamãe, eu vou cuidar de você para sempre".
Monique também narrou as tentativas dos médicos de reanimarem o garoto. "Eu vi todas as vezes que eles fizeram massagem cardíaca no meu filho, eu vi eles colocando no pulso direito do Henry oito injeções de adrenalina. Eles colocaram a sonda no nariz do meu filho, fizeram um arranhão no nariz do meu filho. Eu vi quando entubaram. Eu vi colocando medicamento no outro pulso do meu filho, e vi fazendo manobra incansavelmente no meu filho", declarou, emocionada.
CIÚMES
No início da audiência, Monique prometeu "falar toda a verdade", e durante o depoimento relatou uma série de episódios de ciúme que Jairinho teve com ela. "Ele começou a se mostrar uma pessoa com altos e baixos dentro de casa", afirmou Monique.
Segundo ela, Jairinho a obrigou a apagar fotos no Instagram "que não eram apropriadas", a mandar embora seu personal trainer e preparador físico, e que chegou a brigar com ela por considerar que ela "deu mole" a um entregador. Também narrou casos de agressão que teria sofrido. "Ele batia e depois vinha um afago", declarou à juíza.
Sobre o dia da morte de Henry, Monique Medeiros afirmou que ela e Jairinho haviam bebido vinho naquela noite. "Não sei se nesse dia, ele colocou um comprimido na minha taça", declarou. "Por volta das 3h40, o Jairinho me acordou dizendo que tinha ouvido um barulho no quarto do Henry. Ele disse que tinha encontrado o Henry caído no chão, tinha pegado ele e colocado na cama de novo. Estranhei porque o Henry estava descoberto e ele sempre dormia enroladinho no edredom", sustentou a mãe do menino.
Os dois, então, levaram Henry ao hospital. Segundo Monique, as tentativas de reanimação duraram cerca de duas horas.
AUDIÊNCIAS
Esta foi a quarta audiência de instrução e julgamento do caso - a primeira com depoimento dos réus. As outras três aconteceram em outubro e novembro do ano passado.
A audiência de instrução serve para avaliar se Monique e Jairinho cometeram algum crime intencional contra a vida. Caso a juíza considere isso, os dois deverão ir a júri popular - eles também poderão ser julgados em outras instâncias. A dupla é acusada de homicídio triplamente qualificado.