Caso Sanasa: Cândia nega repasse de dinheiro para esquema de fraudes
A fase de depoimentos do chamado Caso Sanasa, que tem 22 acusados de fraudes em contratos públicos da prefeitura de Campinas, chegou ao fim nesta quarta-feira com a fala do ex-diretor de Controle Urbano da cidade, Ricardo Cândia. O esquema de desvio de dinheiro e licitação fraudulenta revelado pelo Ministério Publico em 2011 culminou com a prisão preventiva de 11 pessoas, entre elas ex-agentes públicos, secretários municipais e empresários e na cassação de dois prefeitos no ano seguinte.
Na audiência desta quarta-feira, Cândia negou ter depositado R$ 567,7 mil na conta bancária do irmão da ex-primeira dama Rosely Nassin Jorge Santos. Ela seria a chefe do esquema de fraudes, segundo o Ministério Público.
"Não fui eu. Eu vou conseguir provar isso, eu não o fiz", disse o ex-diretor ao juiz Nelson Augusto Bernardes, desafiando a qualquer tipo de acareação junto à instituição bancária. Cândia, que também chegou a ser preso junto aos outros acusados, disse desconhecer a razão de seu nome estar na lista dos envolvidos. "É tudo mentira ", disse.
Ele apontou o delator que revelou as fraudes aos promotores do Grupo de Ação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), e que se beneficiou com a delação premiada para não ser preso, o ex-presidente da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa) Luiz Castrillon de Aquino, que, na sua avaliação, tinha interesses políticos e, por isso, inventou toda a história. "Ele queria ser prefeito", disse o ex-diretor.
"Ele não contou nada", disse o promotor Amauri Silveira Filho após a audiência, acrescentando que gostaria de questionar em juízo o ex-diretor. O promotor Silveira Filho é um dos autores da investigação no MP que trouxe as provas de indícios de desvio de verbas públicas na prefeitura.
O Caso Sanasa entra na reta final, informou o juiz Nelson Augusto Bernardes, titular da 3ª Vara Criminal. Após a manifestação dos implicados no caso, com a oportunidade de alegações finais frente ao júri, os advogados têm prazo de cinco dias corridos para analisarem os autos e recorrerem.
“Já estamos no final", disse o juiz. De acordo com ele, após esses cinco dias, se não houver nenhuma outra intercorrência com a falta de um documento, será marcado o debate final para a acusação e a defesa. Em uma aposta positiva, ele acha que o processo se encerre até dezembro deste ano.