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Cedae já foi dominada por Eduardo Cunha e está sob influência de Pastor Everaldo

Centro da crise da água suja no Rio, estatal tem longo histórico de indicações políticas e vive na expectativa da privatização

16 jan 2020 - 11h10
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RIO - A Companhia Estadual de Água e Esgotos (Cedae), que está no centro da crise da água suja no Rio de Janeiro, tem longo histórico de indicações políticas e até de casos de corrupção. A empresa também vive na expectativa da privatização.

Para a atual administração do Palácio Guanabara, o modelo ideal é aquele em que a Cedae trabalharia somente na captação e no tratamento da água
Para a atual administração do Palácio Guanabara, o modelo ideal é aquele em que a Cedae trabalharia somente na captação e no tratamento da água
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil / Estadão

O poderoso ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, hoje preso por corrupção, já teve forte influência na empresa. Ele chegou a ser condenado por irregularidades em contratos realizados pela Prece Previdência Complementar, fundo de pensão dos funcionários da estatal.

Iniciado em 2012, o processo que levou à punição apurou o direcionamento artificial de negócios em contratos futuros. O objetivo, segundo a investigação, era beneficiar algumas pessoas com lucros indevidos de 2003 a 2006, no governo Rosinha Garotinho.

Em agosto de 2018, quando Cunha já estava preso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o condenou a pagar multa de R$ 5 milhões por irregularidades em contratos de pensionistas da Cedae.

Hoje, o presidente do PSC, Pastor Everaldo, tem força em nomeações estratégicas na companhia. O presidente Hélio Cabral, criticado pelo silêncio sobre a contaminação da água, que mantivera até esta quarta-feira, 15, tem sido tratado nos bastidores como um dos nomes indicados pelo político. Ele nega o apadrinhamento. O PSC é o partido do governador Wilson Witzel.

Everaldo, que já foi forte em outro governo - o de Anthony Garotinho (1999-2002), então no PDT -, foi candidato nanico à Presidência da República em 2014 e passou a ser grande articulador político do PSC. É considerado um dos políticos mais influentes nos bastidores do governo Witzel.

Pré-candidato autodeclarado da Presidência da República em 2022, Witzel é o rosto mais conhecido do partido no País. Tanto que virou presidente de honra da sigla, ligada à Assembleia de Deus.

Empresa está na mira da privatização

Nas últimas gestões, a Cedae está sob a promessa de privatização. O processo chegou a ser aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) em 2017, no governo Luiz Fernando Pezão (MDB). Foi uma contrapartida do Rio para entrar no Regime de Recuperação Fiscal do governo federal e superar a crise em que se afundou em 2015.

Em 2018, contudo, uma emenda evitou a privatização. O atual presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), é contra a venda para a iniciativa privada. Apresentou projeto que defende a permanência da companhia sob controle do Estado.

Para a atual administração do Palácio Guanabara, o modelo ideal é aquele em que a Cedae trabalharia somente na captação e no tratamento da água, como já declarou Witzel. A distribuição e a coleta de esgoto, por sua vez, seriam vendidas a quatro novas subconcessionárias, privadas.

O governador afirma ainda que a empresa pode dobrar seu valor, estimado em R$ 7 bilhões, antes de ser privatizada. Cabral também já garantiu que a Cedae não será privatizada de modo irrestrito.

Ausência de Witzel foi alvo de criticas

Witzel tem sido criticado pelo "sumiço" no período da atual crise - os primeiros relatos de água suja surgiram no dia 6. De férias, o governador está com a família na Disney, nos Estados Unidos.

A primeira manifestação de Witzel sobre a crise da água só se deu na terça-feira, 14, via Twitter.

"São inadmissíveis os transtornos que a população vem sofrendo por causa do problema na água fornecida pela Cedae. Determinei apuração rigorosa tanto da qualidade da água quanto dos processos de gestão da companhia", publicou o governador numa primeira mensagem. Depois, complementou: "A empresa deve acelerar a solução definitiva para aprimorar a qualidade da água e do tratamento de esgoto das cidades próximas aos mananciais. O consumidor não pode ser prejudicado".

Estadão
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