Cemitério de carros roubados: quadrilhas usam terrenos para desmanche em SP
Somente na região de Cidade Tiradentes, na zona leste, são ao menos 15 pontos utilizados pelos criminosos
Existem ao menos 15 pontos de desmanche de carros e caminhões roubados somente na região de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo. Reportagem exibida neste domingo, 13, pelo Fantástico, da TV Globo, mostrou a ação de quadrilhas especializadas que desmantelam carros para vender peças no mercado clandestino.
Enquanto as vítimas passavam horas sequestradas, as imagens flagraram criminosos desmontando os carros a céu aberto. Em menos de uma hora, eles depenam um veículo e se escondem na mata. Uma Kombi é utilizada para transportar as peças retiradas dos veículos.
Caminhões de pequeno e médio porte são alguns dos principais alvos. São retiradas peças como faróis, bancos, painel, escapamento, pneus e motor.
No topo de um morro, onde está localizado um reservatório da Sabesp, a reportagem do Fantástico encontrou vários destroços e carcaças de veículos, em uma espécie de cemitério de carros.
Em outro terreno, foram deixadas dezenas de placas de veículos roubados. Quando a empresa de rastreamento especializada em recuperar carros roubados chega ao local, os veículos já estão todos destruídos e muitas vezes até queimados.
Segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado no mês passado, o número de veículos furtados ou roubados aumentou 8% no ano passado e atingiu a média de 1.022 casos por dia nas cidades brasileiras. No total, 373.225 ocorrências envolvendo esses dois tipos de crimes foram registradas no País
Ao Fantástico, a delegada responsável pelas investigações em São Paulo, Leslie Caram Petrus, declarou que a meta é prender os chefes da organização criminosa. "De nada adianta a gente só prender aqueles que estão efetuando o desmonte, porque nós prendemos eles e daqui meia hora tem um novo carro, outros indivíduos fazendo o mesmo tipo de serviço", disse.
Também ao Fantástico, o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani, destacou que o aumento de roubos de veículos está ligado ao aquecimento do mercado de veículos usados.
"A gente teve uma depressão econômica, ou seja, a pessoa comprou um carro usado, que precisa de manutenção muitas vezes, e ela está com menos dinheiro. Qual que é a opção racional que a pessoa faz? Ela tenta comprar peça mais barata. Alimenta essa economia do roubo de carro", disse.
Em nota enviada à TV Globo, a Sabesp, responsável pelo reservatório onde ocorrem os desmontes, informou que está disposta a colaborar com eventuais investigações.