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Coronavírus

Cidades de SP voltam a ter alta ocupação de UTI

Em todo o Estado, ocupação atingiu 80,5% nesta terça, com 10.485 pacientes internado; gestores culpam cepas e especialistas, relaxamento

26 mai 2021 - 18h07
(atualizado às 18h39)
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Paciente de Covid-19 é tratado em UTI de hospital em São Paulo
17/03/2021
REUTERS/Amanda Perobelli
Paciente de Covid-19 é tratado em UTI de hospital em São Paulo 17/03/2021 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

Cidades importantes do interior de São Paulo estão voltando a registrar altas taxas de ocupação hospitalar devido ao aumento nos casos de covid-19. Gestores municipais afirmam que pessoas mais jovens estão sendo infectadas e ficam mais tempo internadas, o que sugere possível efeito das novas cepas do coronavírus. Para o infectologista Carlos Magno Fortaleza, pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp), não se deve culpar as variantes, já que o quadro está relacionado ao relaxamento da população em relação às medidas preventivas.

Maior cidade do interior, Campinas está há uma semana com hospitais lotados. Há temor de que a chegada da variante indiana, já registrada em localidades do Maranhão, provoque uma explosão de novas infecções, como aconteceu com a P.1, de Manaus, que tem forte circulação na cidade. O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) emitiu alerta aos serviços de saúde públicos e privados para a imediata notificação de qualquer caso suspeito, para que o paciente seja isolado e monitorado.

Conforme o departamento, nas últimas três semanas, houve aumento de 36% nos atendimentos de casos de síndrome respiratória nas unidades de saúde. A positividade para covid-19 chegou a 30% e o número de pessoas internadas passou de 600 para 750. O Hospital das Clínicas da Unicamp operava com 100% dos leitos ocupados na manhã desta terça-feira, enquanto o SUS municipal tinha 99,3% de ocupação.

A rede hospitalar registra demanda maior que a oferta de leitos desde o dia 4 de maio. Em alguns dias, a fila de espera foi zerada, mas voltou a ficar positiva nos três últimos dias. Entre os dias 21 e 24, dez pacientes em média ficaram à espera de leitos. "Esses indicadores nos colocaram em alerta. Se continuarem subindo, nós tomaremos medidas. Achamos importante mostrar os dados e fazer esse apelo para que a população nos atenda e mantenha o isolamento social", disse o prefeito Dário Saadi (Republicanos).

Em Ribeirão Preto, a prefeitura voltou a fechar o comércio, depois de registrar, na segunda-feira, 24, um recorde de pacientes internados. Dos 308 leitos existentes, 299 estavam ocupados. "Estamos em um patamar muito alto, com taxa de ocupação de 96,1% em terapia intensiva e 85,7% em enfermaria. A condição que temos hoje é igual àquela de 17 de março, quando decretamos lockdown. Aumentamos o número de leitos, mas o número de pacientes cresceu na mesma proporção", disse o secretário de saúde, Sandro Scarpellini.

Em Franca, a ocupação de leitos de UTI nas redes pública e privada era de 97,9% na manhã desta terça. Só em UTIs públicas, a taxa era de 100%, com a ocupação dos 59 leitos ofertados. O prefeito Alexandre Ferreira (PSDB) disse que a situação atual da pandemia na cidade é muito grave e pode haver influência das variantes do vírus. "Temos pacientes esperando internação, estamos com um volume maior de pessoas internadas e o tempo de internação também está aumentando. Em alguns casos, a pessoa fica três vezes mais tempo internada do que no início da pandemia. Aí o sistema entra em colapso", disse.

Ferreira conversou com prefeitos da região e ouviu deles que a situação se agrava também nas cidades vizinhas. "Pelo que me disseram, nem em hospitais particulares os pacientes com covid conseguem leitos hoje." O gestor da Organização Social responsável pela UPA 24 horas, Giovani de Carvalho Silva, relata que os profissionais de saúde já reclamam de exaustão física e mental desencadeada pelo crescente número de pacientes. "Estamos com aumento na demanda de pacientes graves, necessitando de leitos com suporte avançado e altas taxas de permanência nas unidades. Além disso, os profissionais se queixam dos ataques constantes, causados pela disseminação de desinformação e fake news que encorajam a não adesão da população às medidas de restrições sanitárias", disse.

Em São José do Rio Preto, a lotação de leitos de UTI para covid estava em 94% nesta terça. O Hospital de Base, referência para covid na região, chegou a recusar pacientes na segunda-feira, 24, após se aproximar da lotação total em leitos de UTI. Desde o mês de abril, o hospital trabalha com ocupação acima de 90%, mas na segunda, a taxa chegou a 96%. Levantamento feito pela administração mostrou que houve aumento no envio de pacientes pelas cidades do entorno, especialmente Mirassol e Bady Bassit. As prefeituras informaram que só transferem pacientes quando não é possível atender localmente. Nesta terça, apenas em Mirassol, 11 pacientes esperavam internação em enfermaria.

Em Catanduva, hospitais e unidades de pronto-atendimento atingiram 100% de ocupação de leitos para pacientes com covid-19 nesta terça-feira. Segundo Renata Bugatti, diretora de saúde da Fundação Padre Albino, gestora das unidades de saúde, uma média diária de 48 pacientes com covid-19 têm buscado vagas para internação através da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), sem que sejam atendidos. Na rede particular, a ocupação já superou os 100%. Além da falta de leitos, há escassez de medicamentos e profissionais de saúde.

No Estado todo, segundo a secretaria estadual de Saúde, a ocupação de leitos de UTI atingiu 80,5% nesta terça, com 10.485 pacientes internados. Houve aumento na taxa, pois no último dia 17, a ocupação era de 78,5%, com 10.075 pacientes internados. Para Carlos Magno Fortaleza, embora haja circulação de novas cepas do vírus no estado, não se pode, nesse momento, culpar as variantes. "É um quadro claramente relacionado ao relaxamento da população às medidas preventivas. Está havendo muita aglomeração", disse.

Estadão
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