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Com novas rotas e distritos turísticos, Governo de SP aposta em turismo do pós-pandemia

Acordo de US$ 250 mil com BID prevê plano de ações; secretaria quer transformar Baixada Santista em Miami, Litoral Norte em Havaí, Vale do Ribeira em Costa Rica e Vinhedo em Orlando paulistas

24 jul 2020 - 16h11
(atualizado às 16h29)
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Um Vale do Ribeira com a biodiversidade tão reconhecida quanto a da Costa Rica. Um Litoral Norte cujas praias sejam tão lembradas quanto as do Havaí. Uma Vinhedo com parques temáticos populares como os de Orlando. Uma Baixada Santista com o status de uma Miami. E uma São Paulo com a multiculturalidade de uma Nova York.

As comparações listadas são do secretário estadual de Turismo, Vinicius Lummertz, que vê a valorização do turismo local inspirada em exemplos internacionais como uma das principais apostas para o pós-pandemia. O impulso para parte disso está em um plano em elaboração com subsídio de US$ 250 mil do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cujo acordo foi firmado na quinta-feira, 23, e que visa obter uma linha de crédito de US$ 500 milhões.

Projeto elaborado pelo Governo de São Paulo prevê construção do Mirante das Bananas, em Iguape
Projeto elaborado pelo Governo de São Paulo prevê construção do Mirante das Bananas, em Iguape
Foto: Setur/Divulgação / Estadão

Em paralelo, a gestão João Doria aposta na criação de distritos turísticos temáticos para facilitar a instalação de novos empreendimentos privados e a criação de rotas "cênicas", com mirantes, caminhos suspensos, paradouros e outros atrativos nos caminhos entre municípios mapeados. "Ninguém tem esse arranjo (de opções tão distintas e próximas). Faltam as conexões (entre os destinos)", diz Lummertz.

A aposta da secretaria é uma retomada do setor nos últimos meses desse ano e, principalmente, a partir de 2021, com maior procura por "turismo de proximidade", com viagens curtas, de deslocamento terrestre e para locais próximos e de menor aglomeração. A ideia é convencer os paulistas a viajarem pelo Estado em vez de procurar opções em outras regiões do País e no exterior.

No caso dos distritos turísticos, por exemplo, o primeiro deles está em um projeto de lei que deverá ser enviado em breve para a Assembleia Legislativa. Chamado de Serra Azul, compreende os municípios de Vinhedo, Itupeva, Jundiaí e Louveira, que reúnem parques de diversões, vinhedos, centros de compras e antigas ferrovias, por exemplo.

Segundo o secretário, o objetivo é facilitar a instalação de empreendimentos "do mundo inteiro", por meio da padronização de Plano Diretor, estratégia de comunicação, regularização fundiária e soluções de problemas de acessibilidade, dentre outras medidas para criar "identidade turística". "É priorizar uma lógica do turismo, como fazem Gramado, Canela e Nova Petrópolis (municípios vizinhos da Serra Gaúcha)."

Já as rotas cênicas começarão pelo Vale do Ribeira, cujo masterplan contempla a criação de cinco rotas (Lagamar, das Cavernas, Mata Atlântica, Rastro da Serpente e Estrada Parque) para valorizar as paisagens dos caminhos entre 15 municípios. A implantação prevê 44 intervenções, como mirantes, caminhos suspensos, pórticos, paradouros e até um Museu das Cavernas. O custo estimado é de R$ 125,1 milhões, com realização que poderá ser pública ou por diferentes esferas do poder público.

O Ribeira foi escolhido por reunir diferentes possibilidades de atração, como o ecoturismo, o turismo cultural e o de sol e praia em locais como a Ilha do Cardoso, Iguape, Ilha Comprida e Cananéia, além de ter paisagens preservadas de reservas de Mata Atlântica, consideradas Patrimônio Mundial Natural, pela Unesco.

Masterplan para o Vale do Ribeira também prevê intervenções na Praça de Pedrinhas, na Ilha Comprida
Masterplan para o Vale do Ribeira também prevê intervenções na Praça de Pedrinhas, na Ilha Comprida
Foto: Setur/Divulgação / Estadão

Segundo o secretário, esses trajetos têm paisagens com potencial de se tornarem atrativos turísticos ao longo do trajeto, especialmente com mirantes, paradouros e outros espaços ideais para contemplar a vista e tirar fotografias. Também estão previstas rotas para o Litoral Norte, o Circuito das Águas e a Serra da Mantiqueira.

Em paralelo, a pasta também começou o mapeamento de rotas gastronômicas, que começará pelo Vale do Ribeira. Um dos braços dessa ideia, segundo Rodrigo Ramos, coordenador da secretaria, é prestar assessoria técnica para produtores de alimentos e proprietários de bares, restaurantes e outros espaços de culinária identificados como parte de uma identidade local.

Secretaria quer atrair capital estrangeiro e defende concessão de parques naturais

Ao Estadão, o secretário de Turismo também criticou o que vê como uma burocratização e judicialização do investimento no País, que especialmente espantaria os grandes empreendimentos de capital estrangeiro. Ele também é defensor de mudanças para a permissão de hotéis em parques naturais, como ocorreu no Parque Nacional do Iguaçu décadas atrás, por exemplo, e a retomada dos cassinos no País.

Um dos projetos que lidera no Estado é o do São Paulo Politurismo, um grande espaço a ser implantado pela iniciativa privada que incluirá atividades de qualificação e empreendedorismo no setor turístico, instalado na zona sul da cidade de São Paulo, nas imediações do Zoológico e do Jardim Zoológico. A proposta integra o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo, elaborado em conjunto com a Fundação Instituto de Administração (FIA) desde dezembro e que prevê ações para os próximos 10 anos.

"A intenção é criar um ambiente bem favorável para que venha empreendimentos de nível internacional", explica Adriano Ludovice, um dos consultores da FIA no plano estadual.

Uma das propostas em desenvolvimento é a de conceder a gestão de parques naturais ao setor privado. Desde o início da gestão Doria, o Parque Estadual de Campos do Jordão teve contrato assinado com uma concessionária no ano passado e as áreas de uso público do Caminhos do Mar, no Parque Estadual da Serra do Mar, são alvo de licitação.

Plano inclui 44 intervenções, como o Mirante da Orla, na Ilha Comprida
Plano inclui 44 intervenções, como o Mirante da Orla, na Ilha Comprida
Foto: Setur/Divulgação / Estadão
Estadão
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