A prefeitura de São Paulo iniciou, na manhã desta quarta-feira, o processo definitivo de remoção dos barracos que tomaram conta da região da Cracolândia, no centro da capital. Por volta das 7h30, carros de limpeza começaram a remover a sujeira da alameda Dino Bueno, uma das mais ocupadas pelos dependentes químicos e moradores de rua.
A prefeitura, que já ofereceu vagas em hotéis e emprego para os usuários de crack, disponibilizou caminhões para a retirada dos barracos, que são desmontados pelos próprios moradores. Segundo o secretário de Segurança Urbana, Roberto Porto, cerca de 100 moradores das ruas da Cracolândia foram encaminhados para hotéis e a maioria deve começar a trabalhar a partir de amanhã, principalmente na área de zeladoria urbana, na limpeza de locais públicos.
Para a líder comunitária Rita Rose, esse é o caminho correto para a recuperação dos dependentes químicos. "Eles (usuários) estão muito calmos e esperançosos. Alguns deles chegaram a chorar quando entraram nos hotéis. Muitos não acreditam, mas vai dar tudo certo. É um processo muito longo, mas todos estão colaborando muito. Eles encaram isso como uma oportunidade. A pessoa vai ter que caminhar devagar. Até chegar onde tem que chegar”, disse.
Morador da Cracolândia há quatro anos, Adeílton Adão ainda aguarda uma vaga em um dos hotéis da região. “Falaram que íamos ter que tirar os barracos da rua e agora estou esperando para ir para o hotel", disse Adão, enquanto esperava alguma resposta em frente ao hotel.
Com duas malas nas mãos, ele reclama da demora por respostas. “Estou cadastrado desde a semana passada, mas ainda não deixaram a gente entrar no hotel. Acho que não vou conseguir me libertar do crack", disse, resignado.
17 de janeiro - Após retirada dos dependentes químicos, o largo Coração de Jesus, na Cracolândia de São Paulo, será reformado pela prefeitura e terá uma base fixa da Polícia Militar
Foto: Thiago Tufano / Terra
17 de janeiro - O local, na esquina entre as alamedas Glete e Dino Bueno, terá uma base fixa da Polícia Militar
Foto: Thiago Tufano / Terra
17 de janeiro - O processo de revitalização começou nesta sexta-feira, com a retirada dos dependentes químicos, que ocuparam a praça morando no local
Foto: Thiago Tufano / Terra
17 de janeiro - Com a derrubada dos barracos construídos pelos próprios usuários de crack na Dino Bueno, essas pessoas voltaram a se espalhar pela região
Foto: Thiago Tufano / Terra
16 de janeiro - Usuários de crack participam da Operação Braços Abertos na região da Cracolândia, em São Paulo. Uniformizados com roupas entregues pela administração municipal, os dependentes químicos farão o trabalho de zeladoria da região, principalmente na limpeza de ruas, calçadas e praças
Foto: Thiago Tufano / Terra
16 de janeiro - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, conversou com diversos viciados antes do início dos trabalhos
Foto: Thiago Tufano / Terra
16 de janeiro - Os usuários receberam equipamentos da prefeitura para realizarem o trabalho
Foto: Thiago Tufano / Terra
16 de janeiro - Usuário fazem fila antes de começarem o trabalho de limpeza da Cracolândia
Foto: Thiago Tufano / Terra
16 de janeiro - Haddad conversa com os usuários antes do início da operação
Foto: Thiago Tufano / Terra
15 de janeiro - Moradores da Cracolândia foram removidos pela prefeitura durante a ação Braços Abertos
Foto: Thiago Tufano / Terra
15 de janeiro - Agentes comunitários participam da ação nesta quarta
Foto: Thiago Tufano / Terra
15 de janeiro - As ruas da região foram tomadas por barracos nos últimos meses
Foto: Thiago Tufano / Terra
15 de janeiro - Morador levando uma televisão para seu novo "lar"
Foto: Thiago Tufano / Terra
15 de janeiro - Moradores da Cracolândia foram removidos pela prefeitura durante a ação Braços Abertos
Foto: Thiago Tufano / Terra
15 de janeiro - Varredores limparam a rua, dominada pelos usuários de crack
Foto: Thiago Tufano / Terra
15 de janeiro - Moradores da Cracolândia foram removidos pela prefeitura durante a ação Braços Abertos
Foto: Thiago Tufano / Terra
15 de janeiro - Moradores da Cracolândia foram removidos pela prefeitura durante a ação Braços Abertos
Foto: Thiago Tufano / Terra
15 de janeiro - Moradores da Cracolândia foram removidos pela prefeitura durante a ação Braços Abertos
Foto: Thiago Tufano / Terra
15 de janeiro - Moradores da Cracolândia foram removidos pela prefeitura durante a ação Braços Abertos
Foto: Thiago Tufano / Terra
14 de janeiro - Funcionários da prefeitura, agentes sociais e policiais militares realizam operação para remoção de barracos montados na Rua Helvétia, conhecida como região da Cracolândia, no centro de São Paulo
Foto: Renato S. Cerqueira / Futura Press
14 de janeiro - Funcionários da prefeitura, agentes sociais e policiais militares realizam operação para remoção de barracos montados na Rua Helvétia, conhecida como região da Cracolândia, no centro de São Paulo
Foto: Renato S. Cerqueira / Futura Press
14 de janeiro - Funcionários da prefeitura, agentes sociais e policiais militares realizam operação para remoção de barracos montados na Rua Helvétia, conhecida como região da Cracolândia, no centro de São Paulo
Foto: Renato S. Cerqueira / Futura Press
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Operação Braços Abertos
A nova ação na região da Cracolândia, idealizada pela prefeitura de São Paulo e chamada de Operação Braços Abertos, teve início oficial nesta quarta-feira. O objetivo inicial da administração municipal é retirar os barracos montados pelos usuários de crack nas calçadas das ruas Helvétia e Dino Bueno. Porém, essa retirada - que já teve início de maneira isolada na segunda-feira - é feita voluntariamente pelos dependentes químicos, que serão encaminhados para quartos de hotéis no centro da capital paulista.
A ação da prefeitura reúne as secretarias de Saúde, Segurança Urbana, Assistência Social, Trabalho e Desenvolvimento Urbano, e o modelo será baseado numa experiência exitosa feita com alcoólatras na Holanda, que prevê trabalho, moradia e tratamento de saúde para os dependentes. A ideia que, em uma semana, os barracos já não estejam mais nas calçadas.
Os quartos serão divididos entre famílias, casais e solteiros. As secretarias cadastraram 300 dependentes químicos no novo programa, que também dará emprego de zeladoria na cidade, cursos de capacitação, seguro de vida, alimentação e R$ 15 por dia, que serão pagos semanalmente aos que aderirem ao programa. O custo por pessoa para a prefeitura será de um salário mínimo e meio, ou seja, R$ 1.017.
Segundo a prefeitura, a adesão foi bem aceita pelos dependentes químicos e 99% dos usuários irão participar do programa inicialmente. Além da organização não governamental (ONG) União Social Brasil Gigante, 180 funcionários das secretarias de Assistência Social e Saúde acompanharão os viciados 24 horas por dia. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) passou por um treinamento especial e estará de prontidão no local para evitar que os dependentes voltem a construir barracos nas calçadas.
Na área da saúde, em 2013, a prefeitura ampliou de quatro para 16 as equipes de programa Consultório na Rua, que trabalham no acolhimento e encaminhamento para tratamento. Dessas 16 equipes, oito delas está na subprefeitura da Sé, sendo que duas delas estão especificamente na Cracolândia. Somente em janeiro de 2014, 253 pessoas foram encaminhadas ao tratamento.
A Assistência Social foi responsável pelo cadastramento dos dependentes e acomodação das pessoas. Na segunda etapa da operação, com a retirada dessas pessoas da rua, a prefeitura prevê uma diminuição da oferta de drogas na região. Para as pessoas que frequentam a região, mas não moram na Cracolândia, ainda restam 100 vagas no novo programa.
Na questão do trabalho, os usuários serão remunerados e ficarão quatros horas por dia trabalhando na limpeza urbana de parques e praças da região central da capital paulista, além de outras duas horas em cursos de capacitação.