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Comércio popular em SP volta com aglomerações após feriado

Na região do Brás e da 25 e Março, frequentadores descumpriam medidas de prevenção, como uso de máscara. Entre as justificativas de quem decidiu ir às compras estava, principalmente, a necessidade de trocar os presentes de Natal

28 dez 2020 - 18h32
(atualizado às 18h47)
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Depois de três dias na fase vermelha do plano de combate à covid-19, os centros comerciais da cidade de São Paulo retomaram suas atividades nesta segunda-feira, 28, com ruas cheias, lojas sem totem de álcool em gel e muita gente com máscara no queixo. Entre as "desculpas" de quem decidiu sair de casa e enfrentar lugares como o Brás e a região da 25 de Março, no centro da capital paulista, estava, principalmente, a necessidade de trocar os presentes de Natal.

Movimento na região da Rua 25 de Março, área de comércio popular na região central de São Paulo, neste sábado, 13
Movimento na região da Rua 25 de Março, área de comércio popular na região central de São Paulo, neste sábado, 13
Foto: FÁBIO VIEIRA/FOTORUA / Estadão Conteúdo

Ao redor do Largo da Concórdia, no Brás, a segunda-feira parecia um dia normal de uma vida pré-covid. Apesar de um movimento menor do que aqueles vistos durante a semana do Natal, as ruas da região estavam bem movimentadas. "Não estou me sentindo segura, mas precisava vir para comprar algumas coisas e trocar uns presentes", disse a cabeleireira Edijane Gomes, 46 anos. "Eu achei que, depois do Natal, o movimento estaria mais tranquilo, mas acho que me enganei", completou.

A ilusão de que o pós-Natal seria de mais tranquilidade enganou muitos consumidores. A dona de casa Deise Alves Souza, 34 anos, também apostou em um Brás vazio. "Cheguei cedo, no primeiro dia de abertura, pensei que não teria atropelo. Me enganei, troquei os presentes e já estou indo embora", contou. Amiga de Deise, Priscila Fernandes, de 29 anos, disse ter decidido enfrentar o Brás por um motivo inadiável. " Eu precisava comprar algumas coisas para o meu casamento. Eu caso esta semana e precisava vir aqui de qualquer jeito" , revelou.

Se os consumidores parecem ter pulado da fase vermelha para uma realidade paralela (onde a covid já não existe mais), o mesmo acontece com os lojistas - que também relaxaram algumas medidas. Na região, as lojas que gabaritam nos quesitos de controle de entrada dos clientes, medição de temperatura e disponibilização álcool em gel (ao menos de forma visível) podem ser contadas nos dedos das mãos.

O mais comum é nenhum controle na entrada. A disponibilização dos totens de álcool em gel é uma prática das lojas maiores (ou redes). Em estabelecimentos menores, os totens não são encontrados ou estão quebrados. A medição de temperatura também é raridade. Mas o mais chocante são os "laçadores", aqueles profissionais que ficam nas portas das lojas anunciando ofertas e convencendo potenciais clientes a entrarem. Os "laçadores" continuam não usando máscara porque, segundo eles, elas atrapalham o trabalho.

De acordo com atendentes de lojas (que preferiram não se identificar), o movimento desta segunda já era esperado - e não difere em nada do movimento encontrado no mesmo período em outros anos. Sobre os cuidados com a pandemia, a resposta mais comum citava o uso constante da máscara e muita oração.

Na região da 25 de Março, o cenário era bastante parecido. O movimento nas lojas e ao redor dos ambulantes foi bastante intenso. O ambulante Rogério Silva, de 32 anos, deu "graças a Deus" pela retomada do movimento e dos negócios. "Rezo pela vacina, mas enquanto ela não vem, preciso continuar trabalhando", disse. Para ele, a preocupação com a covid também já não é a mesma entre os ambulantes. "Quase não se vende mais álcool em gel ou máscara por aqui", completou.

Quem decidiu fazer turismo na 25 de Março, se assustou. A família Lopes veio de Cuiabá e pensou em dar uma volta pelo centro - imaginando encontrar ruas vazias e ainda uma certa ressaca natalina. "A gente está assustado e já vamos embora. Não tinha ideia que estaria cheio assim. Não me sinto seguro em relação à covid", confessou Marcel Cordeiro Lopes, 41 anos.

Perto da Ladeira Porto Geral, a aglomeração era maior. "Olha, comparado com outros dias, o movimento pode parecer bom, mas ainda é muita gente. Só estou aqui porque trabalhei na semana passada, não tive tempo de comprar o presente do meu filho - e hoje ele acordou chorando. Precisei encarar a 25 de Março", contou Daniela de Carvalho, 39 anos.

Feriado teve festas clandestinas

Os três dias que duraram a fase vermelha do plano São Paulo contra a covid, não impediram que algumas festas fossem realizadas (e flagradas) no Estado. Em Americana, por exemplo, uma festa irregular reuniu cerca de 250 pessoas no último domingo. Além da falta de distanciamento social, os frequentadores foram flagrados sem máscara. Sorocaba e Araçariguama também tiveram flagrantes de eventos e festas proibidas.

Apesar das restrições, a cidade teve flagrantes de bailes funks na Vila São Nicolau, na zona leste; em Paraisópolis, na zona sul; e Capão Redondo e Jardim Ângela, também na zona sul.

Além de festas e eventos, os comerciantes também burlaram a quarentena em regiões como Lapa, na zona oeste; e Santo Amaro, na zona sul.

Nos dias 1ª, 2 e 3 de janeiro de 2021 o Estado volta a entrar na fase vermelho do Plano São Paulo de combate à covid. Nestas datas, apenas os serviços essenciais estarão funcionando.

Em nota, a Vigilância Sanitária Estadual informou a realização de mais de 3,3 mil fiscalizações no feriado de Natal. Entre os dias 25 e 27, 90 estabelecimentos foram autuados por permitirem aglomeração, consumidores sem máscaras ou descumprimento ao Plano São Paulo.

Bares, baladas e festas clandestinas também foram autuados por infringirem determinações do Plano São Paulo. O descumprimento das regras de funcionamento sujeita os estabelecimentos à autuações com base no Código Sanitário, que prevê multa de até R$ 276 mil. Pela aglomeração de pessoas e a falta do uso de máscara, a multa é de R$ 5025,02 mil por estabelecimento. Transeuntes em espaços coletivos também podem ser multados em R$ 524,59 pelo não uso da proteção facial.

Estadão
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