Comércio protesta contra fase vermelha no interior de SP
Manifestações foram registradas em São José dos Campos, Taubaté, Ubatuba e São Sebastião
Pelo segundo dia consecutivo, donos de bares e comerciantes realizaram protestos, nesta quinta-feira, 28, no interior de São Paulo, contra o endurecimento da quarentena contra a covid-19. Em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, os manifestantes bloquearam o trânsito na Ponte Estaiada, um dos principais corredores do tráfego, durante cerca de duas horas. Houve longas filas de carros e o congestionamento se espalhou por toda a cidade, atingindo a rodovia Presidente Dutra.
A cidade está na fase vermelha, a mais restritiva, permitindo a abertura apenas do comércio essencial. "Não somos culpados pela pandemia, mas estamos sendo punidos injustamente", disse o presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes da Região (Sinhores), Antonio Ferreira Junior. "Se, mesmo assim, os governos estadual e municipal querem impor restrições para a gente, queremos contrapartida dos governos. Sem faturamento, está impossível pagar folha de pagamento, banco e aluguel", completou.
Os manifestantes empunharam faixas e cartazes pedindo medidas mais flexíveis para o setor, como as das fases laranja e amarela, que permite o funcionamento do comércio com cuidados contra o vírus. Com 37 mil casos, quase 700 mortes e hospitais lotados com pacientes da covid-19, São José está na fase vermelha desde o dia 18 de janeiro, antes mesmo do Plano São Paulo, que só definiu essa fase para a cidade no último dia 22.
Em nota, a Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos informou que as sucessivas manifestações para a retomada das atividades econômicas são "um termômetro da insatisfação do empresariado com a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus e com a falta de contrapartidas efetivas para minimizar as perdas sofridas pelo setor".
A prefeitura informou que o protesto foi acompanhado pelos agentes da Secretaria de Mobilidade Urbana, Guarda Civil Municipal e Polícia Militar. "São José dos Campos está seguindo o Plano São Paulo, que colocou toda a região do Vale do Paraíba na fase vermelha", diz a nota.
Outras cidades
Em Taubaté, na mesma região, comerciantes usaram as redes sociais para protestar contra o fechamento de salões de beleza, academias e barbearias pela prefeitura, acatando recomendação do Ministério Público. Decreto municipal publicado na segunda-feira, 25, permitia a abertura de salões e academia com base em regra federal que inclui essas atividades entre as essenciais.
O MP interveio, alertando que se a prefeitura não recuasse na medida, o município poderia ser alvo de ação direta de inconstitucionalidade. A prefeitura baixou novo decreto acatando determinando o fechamento nesta quarta-feira, 27. Em São Sebastião e Ubatuba, no litoral norte, após protestos dos comerciantes, as prefeituras autorizaram, nesta quinta-feira, a reabertura de salões de beleza, barbearias e similares.
Manifestação proibida
Uma liminar concedida nesta quinta-feira pela juíza Larissa Cerqueira de Oliveira, do fórum de Presidente Epitácio, proibiu uma manifestação de comerciantes e empresários contra a fase vermelha do Plano São Paulo, prevista para esta sexta-feira, 29. Os manifestantes pretendiam bloquear a ponte sobre o Rio Paraná que liga os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, em protesto contra o governador João Doria. A juíza concedeu tutela antecipada em ação movida pela concessionária da Rodovia Raposo Tavares, que administra a ponte.
O protesto, denominado 'A ponte será fechada', foi convocado pelas redes sociais. "Governador, você fecha nosso comércio, nós fechamos o Estado", diz o texto nas peças de convocação do ato. Na decisão, a juíza proíbe expressamente "a qualquer manifestante a paralisação, interrupção, bloqueio por pessoas ou veículos automotores do tráfego, acostamentos, marginais, acessos e faixas de domínio", ao longo da rodovia e, ainda, pontes e praças de pedágio. A magistrada fixou multa individual de R$ 20 mil ao manifestante, "sem prejuízo de configuração do crime de desobediência". Ela oficiou às polícias militar e rodoviária para que prestem apoio ao cumprimento da sentença. A reportagem entrou em contato com organizadores do protesto citados na ação, mas não obteve retorno.