Comissão conclui tradução de novo missal da Igreja para o Brasil
Documento com 3.300 textos litúrgicos, usados em cerimônias para iniciar e conduzir orações, é mais fiel à versão original romana
SOROCABA - A Comissão Episcopal para Liturgia entregou nesta quinta-feira, 2, aos bispos reunidos na 57.ª Assembleia Geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida, interior de São Paulo, a parte final da tradução do latim do novo missal para a Igreja Católica.
O documento, com 3.300 textos litúrgicos, é mais fiel à versão original romana e, por isso, considerado conservador por parte do clero. A previsão é de que as novas orientações para a liturgia das missas e celebrações religiosas sejam colocadas à disposição das paróquias até o final de 2020.
De acordo com o presidente da comissão, dom Armando Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia, a tradução é fruto de um trabalho de 12 anos, desenvolvido para tornar o texto mais compreensível e fiel ao original em latim. Ele considerou o trabalho complexo e importante.
"A liturgia é a expressão e fonte da fé da igreja", disse. O bispo lembrou que a revisão dos textos pela comissão episcopal atendeu a um pedido da Santa Sé. Essa é a terceira edição do missal romano, que já passou por duas revisões anteriores.
Após a análise dos bispos, os textos serão enviados para a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos da Santa Sé. Durante a entrevista em que anunciou a conclusão dos trabalhos, o bispo fez crítica à corrente teológica conhecida como Teologia da Libertação, que teve forte presença no clero brasileiro na segunda metade do século passado.
"Eu gostaria de aproveitar a oportunidade para garantir que nunca percebi, nem teve, nenhum deslize e doutrina para certa Teologia da Libertação, nem para Teologia da Prosperidade", disse.
Enquanto a Teologia da Libertação considerava que a Igreja deveria ter um foco social, com total primazia aos pobres, a da prosperidade defende que a bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos.
Conforme dom Armando, o novo missal está coerente com a teologia da liturgia, que proclama a santidade de Deus e seu amor pela humanidade. Ele disse que o desafio foi manter equilíbrio entre a fidelidade ao latim e uma linguagem mais próxima da compreensão do povo. O texto que seguirá para a Santa Sé ainda passará por uma última revisão por teólogos e linguistas, antes de ser editado e impresso.