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Como fica o funcionamento dos ônibus, CPTM e Metrô em SP

Secretarias de transportes continuarão monitorando fluxo de passageiros; especialistas estão preocupados com possível aumento de casos de covid-19

29 mai 2020 - 10h10
(atualizado às 10h55)
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SÃO PAULO - Diante da flexibilização gradual da quarentena no Estado de São Paulo a partir da próxima segunda-feira, 1.º, especialistas em mobilidade urbana e infectologia temem o aumento de casos do novo coronavírus com a aglomeração dentro do transporte público. Segundo eles, é impossível para as empresas de transporte respeitar regras de isolamento social com o aumento do fluxo de passageiros.

Em vigor desde 24 de março, a capital paulista permanece em quarentena. Nesta quinta-feira, 28, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), evitou dar um prazo para a retomada das atividades. O município começa a receber na próxima segunda-feira propostas de protocolos de cada um dos setores e só depois de análises das áreas de Desenvolvimento Econômico e Saúde haverá a liberação ou não.

Pessoas usam máscara para tentar se proteger do surto de coronavírus (covid-19)
Pessoas usam máscara para tentar se proteger do surto de coronavírus (covid-19)
Foto: NELSON ANTOINE / ESTADÃO CONTEÚDO

Regras para reabertura

O governo de São Paulo anunciou na quarta-feira, 27, um plano para liberação gradual da atividade econômica no Estado. Para isso, montou um planejamento em cinco fases, levando em consideração fatores como indicadores de novas infecções e ocupação da rede hospitalar. São Paulo está na fase 2, laranja, que permite a reabertura, com restrições, de shopping centers, lojas de rua, atividades imobiliárias, concessionárias e escritórios.

Funcionamento do transporte público

Para se precaver e amenizar os impactos no transporte público, a Prefeitura de São Paulo pediu às empresas de ônibus que disponibilizem mais 2 mil veículos para quando a retomada for autorizada. A Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo (SMT) afirma que continuará monitorando o fluxo de passageiros e ajustando a frota na Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU).

Especialistas em mobilidade urbana e infectologia estão receosos. "Se pensarmos no distanciamento social, dentro do transporte público é quase impossível ser praticado. Não há frota suficiente para atender as condições de segurança determinadas pela saúde para prevenir contra o novo coronavírus", disse o engenheiro Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).

Pires defende uma orientação com relação ao uso de máscara. "Com a máscara estou protegido? Quantas máscaras preciso levar para usar durante o dia? É preciso ter uma campanha forte de orientação", acrescentou. Ele também acredita que as empresas devem rever o horário de entrada e saída dos trabalhadores, para amenizar o excesso de pessoas nos horários de pico.

O uso do transporte público com a retomada das atividades será o maior desafio para o Brasil. Em São Paulo, é comum aglomerações no horário de pico, o que pode agravar a transmissão da covid-19. "É o maior desafio, por causa da má qualidade do transporte público brasileiro. E isso se agrava com a pandemia. O mundo inteiro está retomando suas atividades mantendo o distanciamento de 1 metro, mas como fazer isso no Brasil? Se aglomerar, teremos mais casos no momento seguinte. É preciso retomar a discussão sobre como melhorar o transporte público. O uso de máscaras ajuda, mas não é suficiente para proteger os passageiros dentro da aglomeração do transporte público", afirmou o infectologista Lauro Ferreira Pinto Neto, da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Santa Casa de Vitória.

"Em Nova York, uma das causas que explica a explosão de casos e mortes, foi a demora em fechar o metrô, que é muito aglomerado", lembrou Pinto Neto. A cidade de São Paulo tem 180.720 casos suspeitos de coronavírus e 54.948 casos confirmados. O município tem 3.777 óbitos suspeitos de covid-19 e 3.619 confirmados, segundos dados divulgados nesta quinta-feira.

O uso de máscaras em ambientes públicos, assim como no transporte público, é obrigatório desde 7 de maio. O infectologista dá ainda algumas dicas com relação ao uso correto. "Quanto mais tempo falar, mas perde o fator protetor da máscara. Use máscara de algodão (com duas ou três camadas). Não toque na frente da máscara para não contaminar a mão e retire-a pelas tiras. Em média, a pessoa pode ficar com a máscara por três, quatro horas. A pessoa sente pela umidade. Se ficar fora de casa por 12 horas, deve ter entre duas e três máscaras a mais. As máscaras devem ser lavada com água e sabão. Alguns especialistas recomendam que sejam deixadas de molho em água sanitária, por trinta minutos, antes da lavagem.

Ônibus municipais

O prefeito de São Paulo disse que carros extras serão colocados em serviço para evitar aglomerações. "Em relação ao transporte público municipal, já determinei às empresas concessionárias que deixem à disposição mais 2 mil ônibus. Elas serão avisadas assim que os protocolos forem assinados", afirmou ele.

CPTM, Metrô e EMTU

Covas disse que irá comunicar a SMT assim que as atividades forem retomadas para que aumente a capacidade do transporte sobre trilhos.

A SMT afirma que, desde o início da quarentena, acompanha o funcionamento da "Operação Monitorada" e ajusta a frota da CPTM, Metrô e ônibus da EMTU "sempre que necessário para atender aos cidadãos que precisam se deslocar", disse, em nota.

Segundo a secretaria, a operação é monitorada a cada hora, sobretudo em horários de pico, e quando constatada a necessidade de mais trens nas linhas da CPTM e do Metrô, eles são imediatamente colocados para operar, a fim de evitar aglomerações. O mesmo acontece com as linhas da EMTU, que exige das concessionárias ou permissionária a adequação da frota.

Existe ainda a cautela em orientar a população para que não realize deslocamentos desnecessários, pois a pandemia do novo coronavírus ainda não está controlada.

Estadão
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