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Conflito armado em área protegida Yanomami em Roraima tem indígenas e garimpeiros baleados

'Solicitamos aos órgãos que atuem com urgência para impedir a continuidade da espiral de violência no local e garantir a segurança para a comunidade Yanomami de Palimiu', diz documento

10 mai 2021 - 17h14
(atualizado às 20h53)
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BRASÍLIA - Um conflito armado ocorrido em uma terra indígena Yanomami, em Roraima, nesta segunda-feira, 10, deixou indígenas e garimpeiros baleados. As informações foram divulgadas pela Associação Yanomami Hutukara.

Em relato enviado à Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami da Funai, além da Superintendência da Polícia Federal em Roraima, Exército e Ministério Público Federal em Roraima, a associação afirma que recebeu a informação na manhã desta segunda-feira sobre tiroteio na comunidade de Palimiu, localizada na terra indígena.

As informações são de que sete barcos de garimpeiros teriam atracado na área por volta das 11h30 da manhã e atacado indígenas da comunidade, quando teve início um tiroteio no local, em conflito aberto, por cerca de meia hora.

Quatro garimpeiros e um indígena teriam sido feridos, segundo a associação, que pediu apoio às instituições. "Solicitamos aos órgãos que atuem com urgência para impedir a continuidade da espiral de violência no local e garantir a segurança para a comunidade Yanomami de Palimiu."

O documento é assinado pelo vice-presidente da Associação Yanomami Hutukara, Dário Vitório kopenawa Yanomami. Procurada, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que acompanha o caso junto às forças policiais e aguarda mais informações. "A fundação esclarece ainda que não comenta fatos em apuração."

Conflito

A reportagem teve acesso a um relatório da Funai sobre o caso. No documento, a coordenadora da Funai na área Yanomami e Ye'kuana, Elayne Rodrigues Maciel, afirma que, conforme relatos colhidos com os indígenas, "sete barcos de garimpeiros portanto armas de fogo atiraram contra indígenas daquela comunidade que revidaram o ataque, resultando em cinco feridos.

"Não foi possível colher maiores informações sobre o fato, contudo é possível afirmar que este não foi o primeiro conflito naquela região e os indígenas temem novos ataques", declara a funcionária da Funai.

Durante o dia, o coordenador distrital de saúde indígena informou que foi solicitada a retirada da equipe de saúde para resguardar a integridade física dos servidores. A equipe informou que os indígenas se esconderam na mata, uma vez que os garimpeiros disseram que iriam voltar para atacar novamente a comunidade.

"Dada a gravidade dos fatos e o perigo iminente de novos conflitos, não será possível que a Funai diligencie até a comunidade para colher maiores informações sem que haja escolta das forças de segurança pública", declara a servidora.

Alerta dado

No dia 30 de abril, a associação já tinha informado à Funai, ao MPF e à Polícia Federal em Roraima, que, em 27 tinha ocorrido um primeiro conflito, quando um grupo de índios yanomami interceptou cinco garimpeiros que subiam pelo rio Uraricoera, em uma voadeira carregada de combustível para avião e helicóptero.

No episódio, os indígenas apreenderam a carga de 990 litros de combustível e expulsaram os cinco garimpeiros. "Assistindo o ocorrido, outros sete garimpeiros, que desciam o rio em direção a Boa Vista, reagiram disparando três tiros contra os indígenas, acima do posto de saúde local, a que os Yanomami responderam com mais tiros. Felizmente, não houve feridos", escreveu a associação Hutukara.

Segundo o relato da associação, as lideranças indígenas estão indignadas com a continuidade da invasão garimpeira em suas terras e com a violência e ameaça praticada pelos invasores. Temendo que novas retaliações por parte dos garimpeiros resultem em mais conflitos violentos e mortes, os indígenas exigem uma resposta dos órgãos públicos para garantir a segurança das comunidades.

"Em virtude da alta tensão na comunidade, bem como da recorrência de conflitos violentos entre indígenas e garimpeiros em toda a terra indígena Yanomami neste ano, solicitamos que medidas urgentes dos órgãos aqui endereçados sejam adotadas no sentido de garantir a segurança da comunidade do Palimiu e reforçamos a necessidade da implementação de medidas contundentes para impedir a consolidação da presença garimpeira ilegal no interior da Terra Indígena", escreveu a associação, naquela ocasião.

Estadão
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