Maternidade afasta coordenadora após infestação de formigas
Imagens divulgadas por uma associação que representa trabalhadores de hospitais de Minas Gerais mostram bebês com insetos no rosto.
As agonizantes cenas que mostram um bebê com o rosto tomado por formigas já causaram a primeira baixa na equipe médica da Maternidade Odete Valadares, em Belo Horizonte. A coordenadora do Centro de Tratamento Intensivo Neonatal foi afastada de suas funções e uma sindicância foi aberta para investigar o caso. Todos os bebês que estavam no CTI passam bem.
De acordo com o diretor da Associação dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais (Asthemg), Carlos Augusto Martins, acredita que as medidas tomadas pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) mantenedora da maternidade, não resolve a situação. Desde que o caso foi denunciado pelos funcionários a empresa responsável pelo controle de pragas voltou ao local para uma nova dedetização.
Martins também destaca que as denúncias vem sendo feitas desde o 2º semestre de 2017 e que relatórios internos podem comprovar a preocupação de quem trabalha na CTI da Maternidade Odete Valadares. Depois que o vídeo ganhou repercussão o clima de terror se instalou na unidade. “Eles (direção) não estão preocupados em resolver o problema das formigas na maternidade, mas sim querendo descobrir quem gravou o vídeo para punir.”
Por meio de nota, a Fhemig disse que, além do afastamento da coordenadora da CTI Neonatal e a dedetização, todos os leitos e incubadoras foram trocados.
Infecção hospitalar
Um estudo feito em 2011 pela pesquisadora da USP, Ana Paula Macedo Ruggiero Couceiro comprovou que as formigas podem ser vetoras mecânicas de bactérias patogênicas. As infecções causadas por esses insetos podem causar abcessos difíceis de tratar mesmo com o uso de antibióticos.
No caso específico da Maternidade Odete Valadares, o diretor da Asthemg afirma que existem informações de funcionários que dão conta para a existência de uma bactéria multirresistente. “As formigas são insetos que causam infecção hospitalar e funcionários dizem que há uma super bactéria lá. Esperamos que isso não seja verdade e que nenhuma criança apresente ainda mais problemas, uma vez que o estado de saúde desses bebês exigem cuidados adequados.
A Fhemig, no entanto, nega que tenha ocorrido alguma contaminação e destacou que a comissão de Controle de Infecção Hospitalar monitora o local.
Nos dias 19 e 20 deste mês, quatro bebês que estavam na UTI do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro morreram em decorrência de uma infecção hospitalar de causa ainda desconhecida. Durante três dias a unidade ficou sem receber novos pacientes e, em nota, o hospital negou que houvesse registro de pacientes com infecção pela bactéria KPC.
Leia, a seguir, o posicionamento da Fhemig:
"A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - FHEMIG ordenou o afastamento da coordenadora do CTI neonatal da Maternidade Odete Valadares e instaurou uma sindicância administrativa para apurar os fatos relativos a imagens feitas no local e possíveis omissões, tanto em relação à incidência de formigas no CTI neonatal quanto à segurança e integridade física do bebê que aparece nas imagens.
Foi determinada uma nova dedetização no local, com supervisão da equipe do CTI neonatal. A direção da FHEMIG afirma que tão logo sejam apurados os fatos, tomará as justas e devidas providências.
E, adiante, a nota da direção da maternidade:
A direção da Maternidade Odete Valadares (MOV) está investigando a incidência de formigas no salão do CTI neonatal. Em decorrência disso, todas as providências foram adotadas, inclusive realizadas dedetizações no local, como também alterada toda a rotina de limpeza da unidade (do teto ao piso).
Em função do reaparecimento das formigas, a empresa de dedetização foi notificada e retornou à Maternidade para nova aplicação de formicida mais potente. Junto a isso, foi realizada uma desinfecção terminal no local, após o remanejamento para outros leitos de todos os bebês e da troca das incubadoras.
O bebê em questão está bem, mas continua sob os cuidados médicos intensivos. Em relação à possível existência de bactéria multirresistente (KPC) não houve nenhuma ocorrência confirmada. A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) está acompanhando e monitorando os resultados.
Direção da Maternidade Odete Valadares"