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Corpo de cinegrafista morto em protesto é velado no Rio de Janeiro

13 fev 2014 - 09h49
(atualizado às 11h37)
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Familiares acompanham o velório do cinegrafista morto na segunda-feira
Familiares acompanham o velório do cinegrafista morto na segunda-feira
Foto: Mauro Pimentel / Terra

O corpo do cinegrafista Santiago Andrade, morto após ser atingido por um rojão durante um protesto na última quinta-feira é velado na manhã de hoje no Memorial do Carmo, no Caju, Rio de Janeiro. O caixão está coberto com a bandeira do Flamengo, time de coração de Santi, como ele era conhecido entre os amigos.

Os profissionais da Band estão todos com camisetas estampadas na frente com a imagem do cinegrafista e, atrás, a frase: "poderia ter sido qualquer um de nós". 

O repórter Alexandre Tortoriello, da mesma emissora de Santiago, relembrou como foi ter que anunciar, ao vivo, a notícia da morte do colega e amigo. "O momento mais difícil que eu tive na minha carreira foi anunciar ao vivo a morte do Santiago. Eu achei que não fosse conseguir, perdi força. Na hora, a voz embargou, quase não saiu, mas é a profissão que a gente escolheu, é o compromisso que a gente assumiu com quem está lá do outro lado” disse.Segundo Tortoriello, Santiago pode ser definido como “uma pessoa única, incrível”. “Acho que a gente está aqui para prestar esse testemunho. O mundo ficou pior sem o Santiago’, completou.

Por volta das 8h30, a mulher do cinegrafista, Arlita Andrade, chegou ao velório acompanhada pela filha Vanessa. A companheira de Santiago vestia uma camisa do Flamengo com a seguinte “Santiago, sempre te amarei”.

A cremação do corpo de Santiago está marcada para as 11h desta quinta, e será reservada à família. Os órgãos do cinegrafista foram doados. A família informou que esse era o desejo dele. 

“Momento mais difícil que tive na carreira foi anunciar morte de Santiago”:

Atingido em protesto, cinegrafista tem morte cerebral

Santiago foi atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Além dele, outras seis pessoas ficaram feridas na mesma manifestação.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o cinegrafista chegou em coma ao hospital municipal Souza Aguiar. Ele sofreu afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e passou por cirurgia no setor de neurologia. A morte encefálica foi informada pela secretaria no início da tarde de 10 de fevereiro, após ser diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do hospital onde ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva.

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Para delegado que investiga morte de cinegrafista, houve intenção de matar

O tatuador Fábio Raposo confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu Santiago. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão.

Raposo ajudou a polícia a reconhecer um segundo responsável pelo disparo do artefato que causou a morte do cinegrafista. O tatuador, preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, afirmou, de acordo com o relato do delegado, que “eles se encontravam em manifestações" e que "esse rapaz tem perfil violento”.

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'Profissional de imprensa vai à guerra todo dia no Rio', diz jornalista

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou, na manhã do dia 11, uma foto do suspeito de ter acendido o rojão que atingiu Santiago Andrade. Caio Silva de Souza, 23 anos, tem duas passagens pela polícia e era considerado foragido desde que foi expedido um mandado de prisão temporária em seu nome. Fábio Raposo, que passou o rojão, reconheceu o autor do disparo a partir da imagem levada pelo delegado.

Procurado por homicídio doloso qualificado – quando há intenção de matar – por uso de artefato explosivo e pelo crime de explosão, o suspeito foi preso na madrugada de 12 de fevereiro em uma pousada na cidade de Feira de Santana, na Bahia. De acordo com o advogado Jonas Tadeu Nunes, que também defende Fábio Raposo, Caio Silva de Souza seguia em direção ao Ceará, para a casa de um avô, mas foi convencido a se entregar. Ele não reagiu ao ser preso.

Fonte: Terra
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