Corpo de jovem negro é achado em rio de Sorocaba; família acusa guarda municipal
André de Jesus Senna, de 27 anos, foi encontrado morto por parentes no último domingo. Jovem teria sido abordado por agentes da GCM da cidade. Corporação nega acusação, mas diz apurar o caso
SOROCABA - Parentes estão acusando integrantes da Guarda Civil Municipal (GCM) de Sorocaba, no interior de São Paulo, de terem assassinado o jovem negro André de Jesus Senna, de 27 anos. Senna desapareceu no dia 28 de abril no Parque Vitória Régia, zona norte da cidade. Seu corpo foi achado no último domingo, 2, em um rio que corta o bairro pelos próprios familiares, que haviam mobilizado os moradores através de redes sociais. O Corpo de Bombeiros foi chamado para fazer a remoção, pois o local era de difícil acesso.
Conforme a família, o rapaz foi visto pela última vez em uma rua do bairro, quando era abordado por uma viatura da Guarda Municipal. Testemunhas disseram que ele correu dos guardas em direção a uma mata. Foi quando teriam sido feitos dois disparos de arma de fogo na direção de Senna. A viatura deixou o local e o rapaz não foi mais visto.
No dia seguinte, os familiares foram ao Instituto Médico Legal (IML) da cidade, mas não acharam o corpo. Com as buscas, o cadáver foi localizado no rio. O corpo tinha uma perfuração na altura do pescoço.
Ainda segundo familiares, André era usuário de drogas, por isso teria fugido da abordagem. O jovem deixou uma filha de sete anos e a esposa grávida de cinco meses. Vereadores e entidades de direitos humanos cobraram a apuração do caso. A Polícia Civil informou que iniciou as investigações, depois que familiares de Senna registraram um boletim de ocorrência. Imagens de câmeras existentes na região serão analisadas.
A Secretaria de Segurança Urbana do município informou em nota que não há envolvimento da GCM na morte do jovem. "Inclusive, os GPSs de todas as viaturas da Guarda em serviço na data do ocorrido foram verificados e nenhuma delas esteve no bairro ou no local onde o corpo foi localizado", diz a nota.
Ainda assim, segundo a pasta, a companheira da vítima foi orientada a fazer uma denúncia sobre o caso, o que ela já fez, e a ocorrência será apurada pela corregedoria da GCM. "Em paralelo, a prefeitura de Sorocaba abriu um processo administrativo de sindicância, para que o caso seja apurado", disse.