Corregedoria da PM prende mais um cabo, o 3º policial militar acusado de matar o delator do PCC
DHPP havia pedido à Justiça a prisão do acusado, mas a Corregedoria da PM se adiantou e deteve o policial em sua casa, em Cotia; além dele, outro cabo e um tenente já haviam sido presos; defesa não foi localizada
A Corregedoria da Polícia Militar prendeu nesta tarde o terceiro acusado de participar da execução do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, o delator do PCC. Trata-se do cabo do 20.º Batalhão da PM , Ruan Silva Rodrigues. Outros dois policiais militares já estão presos sob a acusação de terem assassinato Gritzbach. A defesa não foi localizada.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) havia pedido à Justiça a prisão do acusado, mas a Corregedoria da PM se adiantou. O desencontro entre o DHPP e a Corregedoria da PM mostra as disputas entre os envolvidos na força-tarefa do caso.
O DHPP investiga agora dois traficantes do PCC suspeitos de mandar matar o delator da facção. Os suspeitos investigados são Ademir Pereira de Andrade e Emílio Carlos Castilho, o Cigarreiro, ambos acusados de ligação com a facção. Andrade está preso. O PCC teria oferecido R$ 3 milhões pela morte do delator.
Amigo de Gritzbach, Genauro frequentava a casa do delator. O tenente foi identificado com base em dados de geolocalização, que o colocaram na cena do crime após a polícia receber uma denúncia contra ele. O policial nega a acusação.
Outras prisões
No sábado, 18, uma ação do DHPP prendeu o tenente Fernando Genauro da Silva, suspeito de dirigir o carro usado na execução. Conforme revelado pelo Estadão, ele era amigo de Gritzbach e frequentava a casa do delator. O tenente foi identificado com base em dados de geolocalização, que o colocaram na cena do crime após a polícia receber uma denúncia contra ele. O policial nega a acusação.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, o PM foi preso por policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no Jardim Umuarama, em Osasco, em cumprimento a um mandado de prisão temporária. O suspeito foi conduzido à sede do DHPP e será encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes (PMRG).
Na sexta, 17, um estudante de Direito suspeito de ter auxiliado na fuga de um dos olheiros do PCC foi preso. Marcos Soares Brito, de 23 anos, foi encontrado no Tatuapé, zona leste da capital paulista. Ele teria colaborado com Kauê Amaral Coelho, de 29 anos, apontado como olheiro do PCC. Também na sexta, foi detida a modelo Jackeline Moreira, de 28 anos, tida como namorada de Kauê.
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Quem era o delator Antônio Vinícius Gritzbach?
Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações feitas até hoje sobre a lavagem de de dinheiro do PCC em São Paulo, envolvendo os negócios da facção na região do Tatuapé, zona leste paulistana.
Sua trajetória está associada à chegada do dinheiro do tráfico internacional de drogas ao PCC. Ele fechara acordo de delação premiada em abril. Em reação, a facção pôs um prêmio de R$ 3 milhões pela sua cabeça.
Gritzbach era um jovem corretor de imóveis da construtora Porte Engenharia quando conheceu o grupo de traficantes de drogas de Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta. Vinícius Gritzbach foi demitido pela empresa em 2018.
Foi a acusação de ter mandado matar Cara Preta, em 2021, que motivou a primeira sentença de morte contra ele, decretada pela facção.
Para a polícia, Gritzbach havia sido responsável por desfalque em Cara Preta de R$ 100 milhões em criptomoedas e, quando se viu cobrado pelo traficante, decidira matá-lo. O empresário teria contratado Noé Alves Schaum para matar o traficante.
O crime foi em 27 de dezembro de 2021. Além de Cara Preta, o atirador matou Antonio Corona Neto, o Sem Sangue, segurança do traficante. Conforme as investigações, Schaum foi capturado pelo PCC em janeiro de 2022, julgado pelo tribunal do crime e esquartejado por um criminoso conhecido como Klaus Barbie, referência ao oficial nazista que atuou na França ocupada na 2ª Guerra, onde se tornou o Carniceiro de Lyon.