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Cracolândia: Polícia faz quarta operação em um mês na região central de SP

Foram seis presos por tráfico e quatro por uso irregular de tornozeleira eletrônica

14 jun 2022 - 18h35
(atualizado às 19h18)
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Para tentar conter o tráfico de drogas na região central de São Paulo, a Polícia Civil deflagrou mais uma operação na região da Cracolândia em conjunto com a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana na tarde desta terça-feira, 14. O objetivo é prender os traficantes de drogas que atuam na região.

Na segunda-feira, 13, a polícia prendeu Dayane de Paula Pinto, conhecida como Moranguinho. Segundo a polícia, ela é uma das traficantes da Cracolândia que atuava nas ruas Helvétia e Gusmões, na região central. 

Esta é a quarta ação policial no local em um mês, desde que começou a dispersão os usuários de drogas e traficantes que ficavam na Praça Princesa Isabel, onde a Cracolândia havia se estabelecido. Desde então, as pessoas que frequentavam o local passaram a adotar outros pontos de encontro, inclusive em outros bairros da capital paulista. 

Polícia Civil deflagrou mais uma operação na região da Cracolândia em São Paulo
Polícia Civil deflagrou mais uma operação na região da Cracolândia em São Paulo
Foto: Isaac Fontana/Framephoto/Estadão Conteúdo

Segundo Luiz Carlos Zaparoli, chefe dos investigadores da Seccional Centro, foram seis presos por tráfico e quatro por uso irregular de tornozeleira eletrônica. Ainda existem mais 30 mandados de prisão a ser cumpridos, só que essas pessoas não foram encontradas. "O importante é que os traficantes que atuam em grande escala nós já tínhamos prendido, por isso o tráfico está menor aqui", disse.

De acordo com Claudio Mota, chefe do 77.º DP, uma pessoa foi detida para dar mais explicações. "Ela ia até o local para comprar peças de roupa por R$ 20 e vendia em um site por R$ 100. Geralmente são roupas de doação, que os usuários acabam vendendo em troca de dinheiro", explicou. Ele reforçou que a operação vai continuar nos próximos dias, para identificar novos alvos.

Iniciada em abril do ano passado, a Operação Caronte passou a investigar as movimentações e as pessoas na Cracolândia, com investigadores infiltrados. A ação desta terça-feira, que teve como foco principal a Rua Helvétia, foi motivada por causa do aumento de frequentadores no local, o que chegou inclusive a atrapalhar o tráfego de veículos nos últimos dias.

Internações

A operação desta terça-feira ocorre no mesmo dia em que o Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito civil para apurar "fatos e responsabilidades" ligadas à internação involuntária de 22 pessoas oriundas da região da Cracolândia para tratamento contra a dependência química no Hospital Bela Vista Santa Dulce dos Pobres. A Promotoria diz que não recebeu nenhuma comunicação de internações, apesar de ter alertado a instituição sobre a necessidade de tal comunicação desde o início de maio. A emenda da portaria de abertura do inquérito cita "ilegalidade" na não comunicação das internações involuntárias ao MP e fala em "impossibilidade de avaliar a legalidade e o tempo da internação dos pacientes".

O documento foi assinado pelo promotor de Justiça de Direitos Humanos Arthur Pinto Filho e determina que a Secretária de Saúde de São Paulo apresente, em sete dias, uma relação das pessoas internadas (voluntária ou involuntariamente) desde o dia 1.º de abril, oriundos da região da Cracolândia. O diretor do Hospital Bela Vista Santa Dulce dos Pobres também foi instado a apresentar, em 72 horas, a relação dos internos voluntários e involuntários no Hospital desde o dia 1º de abril.

Como mostrou o Estadão, desde o dia 27 de abril, os dependentes químicos estão sendo levados para o Hospital da Bela Vista, na região central da cidade, para um prazo máximo de internação de 90 dias. O hospital é referência no tratamento de usuários de crack.

O secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, reconhece a falta de envio de dados, mas afirma que a situação será regularizada. "Até janeiro deste ano, o Hospital Bela Vista tinha cadastro para funcionamento como referência para covid-19. Com o arrefecimento da pandemia na cidade de São Paulo, o hospital foi devolvido para a população para ser um hospital geral. Para isso, foi necessário um recadastramento junto à Vigilância do Estado", diz o secretário.  

Estadão
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