DCE cuidará de crianças para pais protestarem em Porto Alegre
Diretório de estudantes da UFRGS disponibilizou espaço para estudantes deixarem os filhos durante manifestação
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul vai disponibilizar um espaço para crianças nesta quinta-feira durante mais um protesto no centro de Porto Alegre. O objetivo é facilitar a participação de estudantes que têm filho na passeata.
Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos
"É uma ideia que surgiu porque vimos uma necessidade bem grande de pais que participam dos atos, mães que são estudantes e não têm com quem deixar os filhos", disse Luany Barros, coordenadora do DCE
Segundo o DCE, será disponibilizada uma responsável para cuidar das crianças das 17h às 22h, na sede do DCE (Avenida João Pessoa, 41 - Centro). Os estudantes solicitam que os responsáveis levem cobertores para as crianças e confirmem o interesse por telefone (3308-4205).
O DCE participa das manifestações pela redução da tarifa do transporte público desde o início do ano, quando houve a intenção da prefeitura de Porto Alegre em aumentar o valor de R$ 2,85 para R$ 3,05. Após manifestações em março, uma liminar da Justiça revogou o reajuste. As manifestações engrossaram novamente neste mês, em apoio aos protestos registrados em São Paulo e no Rio de Janeiro.
CDL recomenda fechar lojas
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre recomendou que os lojistas fechem as portas a partir das 17h de quinta-feira para evitar eventuais atos de vandalismos e saques durante a manifestação. Na segunda-feira, lojas do centro de Porto Alegre foram invadidas por grupos que acompanhavam a manifestação. Vidraças e portas foram quebradas.
"A CDL Porto Alegre recomenda que os lojistas fechem as portas às 17 horas, afastem mercadorias das vitrines, reforcem grades de contenção e que utilizem sistemas de vigilância com intuito de identificar invasores. Enfatiza, ainda, que aqueles que desejam a manifestação pacífica devem fazê-la de cara limpa, sem a utilização de máscaras a fim de facilitar a identificação dos delinquentes", diz a nota da CDL.
Os lojistas obtiveram do comando da Brigada Militar (Polícia Militar gaúcha) a promessa de ampliar o contingente na próxima manifestação, com 200 policiais vindo de outras localidades para ajudar na segurança. O Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas) calculou em cerca de R$ 2 milhões o prejuízo por depredações e fechamento antecipado dos estabelecimentos na última segunda-feira.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.