Decreto de calamidade é 'constrangimento' para Rio, diz Guardian
O jornal britânico The Guardian afirmou que o decreto de calamidade pública e pedido de socorro federal do Estado do Rio de Janeiro a apenas 49 dias da Olímpiada é um "contrangimento" para a sede dos Jogos.
Segundo a publicação, o governo do Rio está "implorando" pela ajuda federal.
"O pedido de dinheiro é um constrangimento para a sede dos primeiros Jogos na América do Sul e se soma à longa lista de problemas que incluem o impeachment da presidente, a maior recessão em décadas, o maior escândalo de corrupção que é lembrado, a epidemia de zika e a onda de greves e ocupações de prédios do governo", diz a reportagem.
O jornal afirma que o decreto é, em parte, um estratégia política, já que permite que o governo estadual tome empréstimos sem aprovação da Assembleia Legislativa.
O Guardian afirma que ainda não se sabe quais serão os impactos da medida, já que a maioria dos projetos olímpicos são bancados pela prefeitura do Rio ou por empresas privadas.
Diz, porém que o governo é responsável pelas obras do metrô, "que já estão muito atrasadas".
Segurança
Mas uma preocupação maior gerada pela crise no Estado, segundo a publicação, é a segurança pública.
"Uma preocupação maior para os 500 mil turistas esperados para os Jogos é o corte no orçamento de segurança pública, que se soma aos problemas do programa de pacificação de favelas e contribui para um reaparecimento de crimes violentos. Ela ocorre entre alertas de que terroristas podem agir no evento."
O americano The Washington Post também afirma que os custos de segurança consumiam grande parte do orçamento do Estado. Destaca que os salários dos policiais estão atrasados e que houve aumento de crimes violentos nos últimos meses.
Afirma, porém, que segundo autoridades a segurança nos Jogos não será afetada, já que será responsabilidade do governo federal.
O jornal também destaca outros problemas enfrentados pelo Estado.
"O governo do Estado tem dificuldade para pagar salários e aposentadorias, hospitais públicos reclamam da falta de materiais básicos, e no início do mês a mídia local noticiou que o necrotério público não podia mais receber corpos porque serviços de limpeza subcontratados não estavam mais recebendo pagamento."
O espanhol El País foi pelo mesmo caminho.
"A crise, na realidade, já se manifestou descaradamente no início do ano, quando hospitais públicos dependentes do Estado estraram em colapso por falta de dinheiro e coisas básicas como gaze ou agulhas", diz a reportagem.
"A área de segurança pública também foi afetada pela crise, com cortes e atrasos no pagamento de policiais, o que se traduziu em um aumento dos índices de criminalidade nos últimos cinco meses."