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Delegada que tinha quase R$ 2 milhões em casa é presa no RJ

Adriana Belém é alvo da operação Calígula, deflagrada pelo MPRJ contra uma rede de jogos de azar

10 mai 2022 - 16h56
(atualizado às 17h13)
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Delegada licenciada
Delegada licenciada
Foto: Reprodução/TV Brasil

A delegada licenciada da Polícia Civil Adriana Belém foi presa na tarde desta terça-feira, 10, após ter a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 

Adriana é um dos alvos da operação Calígula, deflagrada pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) contra uma rede de jogos de azar supostamente liderada pelo contraventor Rogério de Andrade, junto de seu filho Gustavo, com participação de ‘dezenas’ de criminosos, entre eles Ronnie Lessa, acusado pelo assassinato a tiros da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

Em um mandado de busca na casa da delegada licenciada, localizada em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, foram apreendidos cerca de R$ 2 milhões em espécie. O dinheiro, segundo o MPRJ, foi localizado em sacolas e em uma mala. 

"O gigantesco valor em espécie arrecadado na posse da acusada aliado aos gravíssimos fatos ventilados na presente ação penal, têm-se sérios e sólidos indicativos de que a ré apresenta um grau exacerbado de comprometimento com a organização criminosa e/ou com a prática de atividade corruptiva", disse o juiz Bruno Monteiro Ruliere ao decretar a prisão de Adriana Belém.

Mais de 30 pessoas denunciadas

A Promotoria denunciou 30 pessoas por uma estrutura criminosa voltada à exploração de jogos de azar não só no Rio de Janeiro. São imputados aos envolvidos supostos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Até às 15h, ao menos onze pessoas tinham sido presas. E, além dos R$ 1, 8 milhão apreendido na casa da delegada licenciada, a operação também apreendeu 17 aparelhos de celular, cinco notebooks, um HD, um pen drive, diversos documentos, pendrive, chips, noteiros, máquinas de cartão, 107 máquinas de caça-níqueis, cópias de processos e componentes eletrônicos.

Segundo o MP, a quadrilha ‘há décadas exerce o domínio de diversas localidades, fundamentando-se em dois pilares: a habitual e permanente corrupção de agentes públicos e o emprego de violência contra concorrentes e desafetos, sendo esta organização criminosa suspeita da prática de inúmeros homicídios’.

Foram cumpridos 29 mandados de prisão e 119 mandados de busca e apreensão, quatro deles em bingos comandados pelo grupo.

De acordo com o MP, Rogério de Andrade e Ronnie Lessa mantém uma ‘parceria antiga’, sendo que foram identificadas ligações entre a dupla ao menos desde 2009, ‘quando Ronnie, indicado como um dos seguranças de Rogério, perdeu uma perna em atentado à bomba que explodiu seu carro’.

A Promotoria diz que, em 2018, ano do assassinato de Marielle e Anderson, ‘os dois denunciados se reaproximaram, e Rogério novamente se aliou a Ronnie e pessoas a este ligadas, abrindo uma casa de apostas na localidade conhecida como Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, havendo elementos indicando a previsão de inauguração de outras casas na Zona Oeste do Rio’.

Segundo o órgão, o bingo financiado por Rogério e administrado por Ronnie e Gustavo de Andrade foi fechado pela Polícia Militar no dia de sua inauguração. “Em seguida, após ajustes de corrupção com policiais civis e militares, a mesma casa foi reaberta, e as máquinas apreendidas foram liberadas”, narrou a Promotoria.

'Acertos de corrupção’ com a polícia

A denúncia aponta que a organização criminosa sob suspeita fez ‘acertos de corrupção estáveis’ com agentes da Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro.

De acordo com a Promotoria, os integrantes da PCERJ que pertenciam à quadrilha ‘mantinham contatos permanentes com outros policiais corruptos, pactuando o pagamento de propinas em contrapartida ao favorecimento dos interesses do grupo liderado por Rogério’.

Já oficiais da Polícia Militar 'serviam de elo entre a organização e Batalhões de Polícia, que recebiam valores mensais para permitir o livre funcionamento das casas de aposta do grupo'.

“Em um destes episódios, o delegado de Polícia Marcos Cipriano intermediou encontro entre Ronnie Lessa, Adriana Cardoso Belém, então delegada de Polícia titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), e o inspetor de Polícia Jorge Luiz Camillo Alves, braço direito de Adriana Belém, culminando em acordo que viabilizou a retirada em caminhões de quase 80 máquinas caça-níquel apreendidas em casa de apostas da organização criminosa, tendo o pagamento da propina sido providenciado por Rogério de Andrade”, relata a Promotoria.

Entre os acusados de integrar o grupo sob suspeita, o MP fluminense cita ainda o policial civil aposentado Amaury Lopes Júnior. Segundo os promotores, ele seria o ‘elo do grupo com diversas delegacias’, sendo denunciado como ‘receptor de propinas, agindo em favor de integrantes do alto escalão da PCERJ, o Inspetor Vinícius de Lima Gomez’. (*Com informações do Estadão Conteúdo

Fonte: Redação Terra
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