Delegado manda soltar mãe que furtou e cita corrupção no País
Fernando Augusto Gattini Junior ainda comparou o furto da mulher com desvios de políticos e indulto humanitário da Justiça.
Um delegado em Três Corações, Minas Gerais, encontrou uma justificativa pouco usual de dar sequência a um crime de furto de itens de supermercado. Ele citou “malas de dinheiro” e “pessoas afortunadas que desviam quantias vultuosas que recebem indulto humanitário da Justiça” para determinar a soltura da suspeita.
O caso ocorreu na manhã de 29 de abril, um domingo, e a suspeita foi levada até a polícia no bairro Novo Horizonte, de Três Corações (MG), cidade onde nasceu o jogador Pelé.
O que seria mais uma ocorrência de furto teve outro desfecho. O delegado Fernando Augusto Gattini Junior levou em consideração três aspectos para mandar soltar a mulher.
Ele começa falando da situação em que ela vive e de um tratamento de saúde ao qual ela estaria submetida: “ficou evidente que seu ato foi realizado em momento de desespero, mãe de cinco filhos, uma neta e sem marido, segundo consta, este não ajuda em nada; considerando que (...) faz tratamento junto ao Caps”.
E termina destacando que a mulher praticou um ato errado, não sem antes de contemporizar o furto do supermercado Rex com as quantias descobertas em meio aos escândalos de corrupção no País.
Considerando que o ato praticado por (...) foi errado, mas perante a situação deste País, onde malas de dinheiro passeiam por bairros de pessoas afortunadas, onde políticos que desviam quantias vultuosas recebem indulto humanitário da Justiça. Assim sendo, fazendo a minha parte neste País de injustiças, deixo de ratificar a prisão em relação a (...).
A reportagem tentou conversar com o delegado Fernando Augusto Gaattini Junior, mas foi informada pela Secretaria de Segurança de que ele não comentaria o assunto. A Secretaria informou ainda que o caso foi registrado no plantão e que por isso seria distribuído ao delegado titular.
Por telefone, uma funcionária do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) confirmou que havia uma paciente com o mesmo nome (não mencionado na reportagem) em tratamento na outra unidade do CAPS. A profissional, no entanto, não soube informar qual o motivo do tratamento.
As compras levadas sem pagar pela mulher incluíam artigos de limpeza doméstica, mercearia, itens de higiene pessoal e copos de vidro.
No começo de abril outro caso policial ganhou repercussão no País depois que o delegado do 47º Distrito Policial do Capão Redondo, Carlos Miranda, prendeu em flagrante por furto uma usuária de crack que estava grávida.
Por causa do celular levado por Regiane para manter o vício na droga, o delegado a conheceu e ajudou. Longe do vício desde o ocorrido e recebendo apoio familiar, Regiane vai receber donativos arrecadados por Miranda, como fraldas e leite.
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