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Dentista é indiciado por exercício ilegal da medicina e lesão corporal após paciente ter parte do nariz necrosada

Polícia diz que "o investigado, mesmo não tendo conhecimento técnico necessário, praticou, assumindo o risco, lesão corporal gravíssima"

23 jan 2023 - 12h55
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Elielma Carvalho Braga teve graves sequelas após procedimento para afinar o nariz
Elielma Carvalho Braga teve graves sequelas após procedimento para afinar o nariz
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

A Polícia Civil de Goiás indiciou o dentista Igor Leonardo Soares por exercício ilegal da medicina e lesão corporal após a esteticista Elielma Carvalho Braga, de 37 anos, denunciar que teve parte do nariz necrosado e outras sequelas decorrentes de um procedimento estético que fez com ele para afinar o nariz. 

Ao Terra, em julho de 2022, ela contou, por meio de seu advogado, Marcos Lara, que foi submetida a uma alectomia e perdeu parte da pele. Com isso, precisou passar por outros 14 procedimentos cirúrgicos para lidar com as sequelas. Elielma também alegou que se afastou das pessoas e passou a usar máscara constantemente por vergonha de seu nariz, que ficou desfigurado após o procedimento. A esteticista entrou com uma ação na Justiça contra o dentista.

A alectomia é um procedimento estético realizado para afinar o nariz a partir da costura da cartilagem nas asas nasais. Desde agosto de 2020 a alectomia só pode ser realizada por um médico, pois o Conselho Federal de Odontologia proibiu expressamente a realização do procedimento por dentistas. A nova norma foi emitida dois meses depois da realização da cirurgia em Elielma. 

O indiciamento do dentista ocorreu após a autoridade policial ouvir testemunhas, juntar documentos dos Conselhos Regionais e Federais de Odontologia e Medicina, e fazer as análises documental, do exame de corpo de delito da vítima e das informações periciais fornecidos pela Polícia Técnico Científica. 

Segundo a Polícia Civil, a delegada à frente da 1ª Delegacia de Polícia de Aparecida de Goiânia concluiu que o investigado, mesmo não tendo conhecimento técnico necessário - curso de medicina com especialização em cirurgia plástica ou otorrinolaringologia - praticou, assumindo o risco, lesão corporal gravíssima na paciente durante a realização do procedimento cirúrgico incisivo, "após interpretação extensiva de que poderia praticar tal procedimento, mesmo que sem qualquer respaldo legal ou teórico".

Além disso, para a autoridade policial, o dentista também praticou o crime de exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica, previsto no artigo 282 do Código Penal, pois executou procedimento cirúrgico, incisivo e exclusivo de um profissional médico, não apresentando qualificação técnica necessária.

A delegada Luíza Veneranda afirmou ainda que o dentista praticava esses procedimentos de forma habitual, com a finalidade de obter lucro. A autoridade policial destacou, ainda, a existência de termo circunstanciado de ocorrência lavrado, em seu desfavor, no ano de 2021, por um crime idêntico. 

O inquérito concluído será encaminhado para a uma das Varas Criminais do Município de Aparecida de Goiânia.

O que afirma o dentista

Em julho, ao Terra, o dentista Igor Leonardo disse, por sua vez, que não foi a alectomia que gerou o problema. Segundo ele, a paciente desenvolveu a Síndrome de Nicolau. "Uma rara complicação caracterizada por necrose tecidual que ocorre após a injeção de medicamentos", afirma.

Igor também disse que deu total suporte e apoio nos tratamentos feitos por Elielma após a alectomia, inclusive, custeando medicamentos e tratamentos. Ele lamentou a situação.

"Nunca a deixei desamparada em termos financeiros e acompanhei de perto seu tratamento posterior ao ocorrido. Infelizmente, nós, profissionais da área, estamos sujeitos a intercorrências que não são da nossa vontade. Sigo à disposição dela sempre que for preciso. E, qualquer que seja a decisão judicial, eu mesmo farei o possível para colaborar com ela", acrescentou à época. 

Fonte: Redação Terra
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