Moradora de casa atingida por aeronave descreve acidente
Idosos assistiam televisão quando foram surpreendidos por barulho e fumaça preta. 'Estourou tudo, foi caindo tudo'
Moradores de uma casa atingida pelo avião que caiu após decolar do aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, os aposentados Neusa e João Bovolenta, de 73 e 83 anos, estavam assistindo televisão na sala de estar de casa no momento do acidente. "A gente estava conversando aí 'tum'. Eu estava de costas para a janela, aí estourou tudo, foi caindo tudo", conta a aposentada.
"Começou a vir uma fumaça preta, entrou pelo portão." Por causa das escadas, o casal não gosta de utilizar o segundo andar do sobrado, em que vive há 26 anos. Eles saíram pela cozinha e pegaram o corredor para os fundos, onde mora uma neta. "Deu para sentir o calorão. Abri tudo. Ele (o marido) pegou uma mangueirinha e começou a jogar água (da casa da neta)." O acidente aconteceu na tarde desta sexta-feira, 30. O piloto e o copiloto morreram e 11 pessoas ficaram feridas.
"Eu sempre falava desses aviões passando tão baixo, falava para o meu marido: essas 'desgraceiras', você ainda vai ver o que vai acontecer. Mas meu marido só dizia: 'você tem medo de tudo." Neusa não gosta de avião. "Deus me livre andar em um." Sem ferimentos, o casal continuava no local do acidente no início da noite desta sexta na esperança de liberarem acesso para retirar documentos e remédios (somente Neusa precisa de oito, para o coração e a pressão alta, dentre outros).
"Não tive nenhum ferimento. Foi Deus que ajudou", disse Neusa. Se caísse no posto, explodia tudo. Não sobrava ninguém." Para ela, a casa não poderá ser recuperada. "Não tem jeito. Está tudo destruído, como vai reformar isso aí?", questiona.
Interdições
Como parte da aeronave está sob a fiação, o fornecimento de eletricidade foi parcialmente cortado no entorno. Três casas foram interditadas. "Não sabemos o quanto da estrutura foi danificada", disse na noite desta sexta-feira, 30, a capitã Adriana, do Corpo de Bombeiros.
O Corpo de Bombeiros aguarda a chegada da empresa responsável pela aeronave, que tem a responsabilidade de tirar o avião. A Polícia Civil e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) já periciaram o local.