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Dono e funcionário de oficina são indiciados por morte de 4 jovens em BMW

Perícia concluiu que causa das mortes foi asfixia provocada pela inalação de monóxido de carbono que vazou através da ruptura de uma peça

1 fev 2024 - 16h45
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Câmeras de segurança mostram como foi a madrugada dos jovens que morreram em Balneário Camboriú
Câmeras de segurança mostram como foi a madrugada dos jovens que morreram em Balneário Camboriú
Foto: Reprodução/Fantástico/TV Globo

O proprietário de uma oficina de Aparecida de Goiânia, em Goiás, de 35 anos, e um funcionário, de 48 anos, foram indiciados pelas mortes dos quatro jovens que foram encontrados dentro de uma BMW em Balneário Camburiú, em Santa Catarina, no início de janeiro. De acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi concluído nesta quarta-feira, 31, e eles responderão pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. 

Conforme divulgado pelos investigadores anteriormente, as perícias realizadas pela Polícia Científica concluíram que a causa das mortes foi asfixia provocada pela inalação de monóxido de carbono que vazou através da ruptura de uma peça, denominada downpipe, e adentrou na cabine do veículo por meio do ar condicionado.

"Os peritos concluíram que a peça, a qual foi instalada em substituição ao catalisador do veículo, foi produzida e montada de forma precária e divergente dos padrões de qualidade do fabricante", informou a Polícia Civil.

A investigação apontou que a peça que rompeu foi instalada em uma oficina na cidade de Aparecida de Goiânia, no mês de julho de 2023, e que o serviço foi realizado pelo indivíduo de 48 anos, sem qualquer formação técnica, e sob a supervisão e controle do proprietário do estabelecimento.

"Diante dos elementos probatórios angariados, o inquérito foi concluído com o indiciamento do proprietário da oficina e do responsável pela construção e instalação do equipamento por quatro homicídios culposos, haja vista a imperícia na realização do serviço", disse a corporação.

O inquérito foi encaminhado para análise do Poder Judiciário e do Ministério Público, para dar andamento à fase processual persecução penal.

O Terra tenta identificar a defesa dos indiciados. O espaço segue aberto para manifestações. 

Quem são as vítimas

As vítimas são Gustavo Pereira Silveira Elias, 24 anos, Karla Aparecida dos Santos, 19, Tiago de Lima Ribeiro, 21, e Nicolas Kovaleski, 16. Eles passaram a virada do ano na cidade, e iriam embora logo pela manhã, mas foram encontrados desmaiados por Geovana, uma quinta pessoa que estava com eles e namorava uma das vítimas.

As análises feitas comparando o veículo em que os jovens estavam e um original de fábrica mostraram que modificações para aumentar a potência e o ruído da BMW aumentaram o escapamento de monóxido de carbono para dentro do carro.

"Próximo ao ponto de ruptura do downpipe dentro do compartimento do motor foi observado o valor de mil partes por milhão imediatamente, assim que aproxima o medidor do local ele já retornava esse valor. Para efeito de referência, colocando o medidor na ponteira do escapamento do veículo original disponibilizado lá na concessionária os valores verificados são da ordem de 30 a 50 ppm", exemplificou o perito Luiz Gabriel, ao falar apenas sobre uma das muitas modificações sofridas pelo veículo. Segundo ele, foram quatro as principais alterações.

Como ocorreu a intoxicação

A investigação mostrou que os jovens passaram períodos extensos dentro do veículo. Confira o trajeto percorrido por eles:

  • As vítimas saíram da cidade de Paracatu, Minas Gerais, para Florianópolis, saindo de Paracatu no dia 23 de dezembro e chegando em Florianópolis na madrugada do dia 25;
  • Ficaram em Florianopólis do dia 25 ao dia 31, utilizando o veículo durante a viagem;
  • No dia 31, foram para Balneário Camburiú por volta das 17h. Durante o trajeto, Tiago, que dirigia o veículo, relata um "engasgo" no carro. Eles chegam a parar o veículo, mas seguem viagem;
  • Eles passam a virada na praia e por volta das 1h20 vão para a rodoviária buscar Giovana, namorada de um dos ocupantes do carro;
  • Eles pegam um engarrafamento na estrada e só chegam na rodoviária por volta das 3h15, já passando mal;
  • Giovana sugere que eles fiquem no carro descansando para se recuperarem antes de voltar à viagem. Ela checa como estão de vez em quando e os encontram dormindo. Por volta das 7h15, percebe que eles não estão respirando e chama o SAMU.

Para o perito Luiz Gabriel, o fato de eles terem ficado por muito tempo dentro do carro em pouco movimento - como quando estavam descansando e no engarrafamento - potencializou a criação de uma atmosfera tóxica dentro do veículo.

"Essa situação é potencializada pelo veículo em repouso ou em velocidade baixíssima. O veículo em movimento, andando normalmente, forma uma certa ventilação, o escoamento de ar ele tende a fazer o arraste desses gases. Então é uma situação mais segura. Mas, nesse caso, com o rompimento da peça, o grande volume de monóxido extravasado e o veículo em repouso por tempo prolongado acabou resultando nessa atmosfera tóxica dentro do habitáculo", afirmou.

Fonte: Redação Terra
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