'É lastimável ser agredida por estar fazendo seu trabalho', diz repórter atacada no litoral de SP
Um dos agressores obrigou o repórter fotográfico Tiago Queiroz a apagar fotos de ruas alagadas
A repórter agredida por um grupo de moradores do condomínio de luxo Vila de Anoman, em Maresias, São Sebastião, no litoral de São Paulo, relatou como foi a confusão em um vídeo publicado pelo Estado de S. Paulo. Renata Cafardo e o repórter fotográfico que a acompanhava na cobertura, Tiago Queiroz, foram ofendidos, agredidos e obrigados a apagar todos os registros que tinham feito dos desabamentos.
Eles estavam em um condomínio alagado em Maresias quando foram atacados por moradores. Um deles obrigou o repórter fotográfico Tiago Queiroz a apagar fotos que tinha feito das ruas do condomínio alagado, com carros danificados.
Outro empurrou a repórter Renata Cafardo em um alagamento e tentou roubar seu celular. Um funcionário do condomínio e outros moradores tinham autorizado a reportagem a entrar no local.
"É algo inexplicável, lastimável, ser agredida por estar fazendo seu trabalho. A imprensa ajuda a denunciar para as autoridades o que está acontecendo. E denunciar as autoridades que talvez não tenham tomado providências para prevenir que isso acontecesse", disse a repórter.
Veja o depoimento publicado pelo jornal:
Agressões
Segundo relato da repórter e do fotógrafo, quando o grupo de moradores viu a reportagem, passou a xingar a equipe com palavrões e acusar o Estadão de ser "comunista e esquerdista". Em seguida, passaram a empurrar o fotógrafo e a repórter.
Queiroz foi cercado, sua câmera foi puxada e depois um deles tentou tirar o celular da mão da repórter. Como não conseguiu, empurrou Renata para um alagamento, e ela caiu na água. Ele só parou a agressão porque moradores que passavam na rua o seguraram.
A reportagem conseguiu fotografar o grupo, mas não tem a identificação deles. Eram cinco homens e uma mulher. Um deles se identificou como sub síndico do condomínio. O Vila de Anonan tem 30 casas, com 315 metros quadrados e piscina privativa, anunciadas para venda por R$ 3,5 milhões. O grupo estava indo à praia quando parou para agredir a reportagem.
Violência contra a imprensa
Este mês diversas entidades em defesa da liberdade de imprensa estiveram em Brasília com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), para entregar um dossiê sobre violência contra jornalistas no País. Foi então criado, em parceria do governo, sociedade civil e Judiciário, um observatório para reunir denúncias e dar rapidez às investigações contra violência contra a imprensa.
Desde os atos terroristas de 8 de janeiro, dezenas de jornalistas e comunicadores foram agredidos fisicamente e impedidos de trabalhar por bolsonaristas. A liberdade de imprensa é garantida por lei no País.