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Eduardo Paes recebe menina vítima de intolerância religiosa

Menina de 11 anos foi apedrejada ao sair de um culto de candomblé no Rio de Janeiro

19 jun 2015 - 12h08
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Menina de 11 anos foi apedrejada na saída de culto do Candomblé no Rio de Janeiro
Menina de 11 anos foi apedrejada na saída de culto do Candomblé no Rio de Janeiro
Foto: Facebook / Reprodução

A menina de 11 anos, ferida por uma pedrada à saída de um culto de candomblé, na Vila da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, foi recebida na quinta-feira pelo prefeito Eduardo Paes. A criança estava acompanhada pela avó, Katia Marinho, e pela mãe, Kátia de Lufan, além do babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.

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O prefeito disse que fez questão de receber a menina porque a intolerância religiosa não é a cara do Rio, uma cidade marcada pela diversidade, por aceitar o diferente e respeitar a escolha religiosa de cada um. Para ele, é inaceitável que qualquer pessoa seja agredida pela escolha de sua fé. “A gente só pode ser intolerante com a intolerância. Isso não é aceitável. A gente não pode permitir que numa cidade com as características do Rio de Janeiro, em qualquer lugar, mas, especialmente, em uma cidade tão diversa como o Rio de Janeiro, que essas coisas aconteçam”, disse ele.

Paes se desculpou com a menina, em nome de todos os cariocas. “Disse para ela viver a vidinha dela normal, tranquila, voltar para a escola na semana que vem, e que esta cidade vai continuar defendendo a tolerância e a liberdade religiosa”, completou.

O prefeito disse que conversou com diversos líderes religiosos, entre eles o cardeal-arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, e com o pastor Abner Ferreira, presidente da Igreja da Assembleia de Deus, de Madureira, zona norte do Rio. “Não tem um que não condene”, revelou.

Na avaliação do babalaô Ivanir dos Santos, é importante que em um momento como esse as autoridades venham a público e se pronunciem, não só pelo respeito à diversidade, mas também com programas e ações que afirmem a diversidade religiosa no Brasil. “Este é um momento importante para chamar a atenção da opinião pública e da sociedade em geral que esses atos, como têm acontecido, são um dano à democracia brasileira”, ressaltou.

Ivanir defendeu o término do ensino confessional nas escolas. Segundo ele, os adeptos de religiões com raízes africanas são os mais atingidos. “Temos que pensar que o Estado é laico. Por mais que a gente ache que um candomblecista vai dar aula, é raro. Até porque, o candomblé não tem formação em seminário, cartesiana. A nossa formação se dá no ambiente de casa, na prática. Quando [se] aceita que para dar aula tem que ter diploma, isso cria um problema para nós, porque há religiões que se pautam pela palavra, no ponto de vista de sua prática, no dia a dia, e não na formação teológica e filosófica. Então, o ensino religioso como é dado em alguns lugares tem sido um prejuízo para nós e para a cultura popular”, explicou.

O prefeito Eduardo Paes disse que não vê problemas quanto ao ensino nas escolas da rede municipal, porque ele não é obrigatório. “Ao contrário, se tiver uma religião de matriz afrodescendente, você tem o ensino dessa religião. Ele é facultativo; o pai e a mãe é que indicam. Se for cristão, tem aula ligada aos valores cristãos. Não é uma coisa obrigatória, e nem é obrigado a ter [aulas de] uma religião que não a sua”, analisou. “Se fosse obrigatório, e se tivesse que aprender valores de outra religião, acho que era um problema, mas sendo assim não vejo como problema”, acrescentou.

A avó da menina, Katia Marinho, é favorável ao ensino da religião nas escolas. “Acho muito importante, mas tenho convicção de que pessoas que fizeram isso, de uma forma ou de outra elas são induzidas, nos locais que frequentam, a ver as pessoas assim, de achar que a religião espírita cultua o diabo. Então, na escola, eu acho que é de uma importância fundamental, que tenha realmente, mas que abranja todas as religiões”, avaliou.

Nesta sexta-feira, a menina, a avó e o integrante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa serão recebidos por dom Orani para um café de manhã, marcado para as 7h30, e à tarde terão encontro com o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso. “É importante que haja uma investigação. Tem que chegar nos autores. Temos conversado e até provocado algumas lideranças religiosas evangélicas, que ajudem a identificar quem fez esse ato”, disse Ivanir.

Após o lançamento da encíclica do papa Francisco sobre a ecologia, Laudato si, sobre o cuidado da casa comum, dom Orani disse que a pedrada na menina, que ficou ferida na cabeça, é um fato lastimável, que mostra fanatismo fora dos padrões reais das religiões. Katia de Lufan contou que a neta tem medo, e não quer mais ficar sozinha na rua. Além de ser vítima de violência no domingo, na Vila da Penha, na terça-feira (16) sofreu outro ato de intolerância religiosa, enquanto estava no Instituto Médico Legal (IML), para fazer exame de corpo de delito, quando ouviu xingamentos.

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Agência Brasil Agência Brasil
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