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Em meio à cheia no Acre, ladrões invadem casas alagadas

Alta do Rio Acre já é a maior da história; três pontes de acesso à capital estão bloqueadas

3 mar 2015 - 14h21
(atualizado às 14h23)
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<p>Em Rio Branco cheia do rio afetou 75 mil pessoas</p>
Em Rio Branco cheia do rio afetou 75 mil pessoas
Foto: Prefeitura de Rio Branco / Divulgação

Na segunda-feira (2), o Corpo de Bombeiros de Rio Branco registrou que houve uma cheia de 17,92 metros no Rio Acre. Apenas na capital, Rio Branco, 75 mil pessoas foram atingidas. A cheia superiou a marca histórica, de 1997, quando o rio subiu 17,66 metros. São 6 mil pessoas alojadas em abrigos montados pelo governo e várias famílias esperando uma vaga. Segundo moradores, encurralados pela água, animais morrem e ladrões invadem as casas alagadas e abandonadas para roubar os poucos pertences que não foram destruídos.

“Aumentou a onda de assaltos. Tive relatos de cinco invasões de casas na periferia. Animais morrendo, gritando por socorro nas áreas alagadas. Isso é chocante. Fora a desolação no semblante das pessoas”, descreveu Irineida Nobre, moradora de Rio Branco em entrevista à Rádio Nacional. Ela pede que outros Estados ajudem com doações para minimizar a perda dos milhares de moradores de Rio Branco e regiões próximas, como Xapuri, Brasileia e Epitaciolândia.

Com sua casa atingida, ela teve que se mudar para o apartamento de uma amiga. Ao seu redor, Irineida vê o desespero tomando conta da cidade. Também com a casa tomada pela água, uma amiga cogita se arriscar para salvar algum pertence. “A gente está tentando fazer com que ela não volte lá. No auge do desespero ela quer entrar, ver o que consegue salvar”.

Três pontes que ligam as duas partes da capital do Estado estão interditadas. Duas delas por questões de segurança e a terceira por moradores que, com suas casas inundadas, exigem vagas em abrigos. Apenas uma ponte, em uma área mais afastada, está livre para circulação. Com isso, longos congestionamentos são registrados no local.

“O abrigo onde a babá da minha filha está não teve condição de oferecer café da manhã para todo mundo hoje de manhã. Fico me perguntando se isso vai ser agravado. A cada hora chegam mais pessoas para esse e para outros abrigos”, disse Irineida. “Me parece que, a nível nacional, as pessoas têm tido uma dimensão muito menor do que estamos vivendo”.

<p>Ponte foi fechada para o tráfego de carros e pedestres</p>
Ponte foi fechada para o tráfego de carros e pedestres
Foto: Secom / Divulgação

Em seu site oficial, o governo do Acre informa como as pessoas podem ajudar os desabrigados. “Se vissem as imagens do que a gente está vivendo, muita gente ia se mobilizar para doar, para ajudar de alguma maneira as vítimas. A gente não está nem na metade do sofrimento que essa enchente vai causar, porque as águas ainda estão subindo”, diz, com voz embargada.

De acordo com o capitão Cláudio Falcão, da Defesa Civil do Acre, a água tem subido de dois a três centímetros por hora. “Nas últimas horas não tem parado de subir. É uma situação muito difícil que a população passa neste momento”.

O governo do Estado e a prefeitura de Rio Branco decretaram ponto facultativo para os seus servidores. A tentativa é minimizar o caos instalado na cidade. “As equipes de socorro estão empenhadas, as secretarias de Estado trabalhando para auxiliar as famílias. Temos uma demanda enorme, mas estamos trabalhando intensivamente para que todos sejam atendidos”, explica Falcão.

De acordo com o governo do Estado, o Ministério da Integração Nacional providenciou o envio de 17 mil kits humanitários individuais, além de liberar uma verba de R$ 3 milhões. A previsão é que o rio continue subindo.

Agência Brasil Agência Brasil
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