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Em novo depoimento, Caio de Souza diz que não acendeu rojão

Advogado diz que, em caso de depoimentos conflitantes, poderá deixar o caso

13 fev 2014 - 14h13
(atualizado às 14h18)
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<p>Advogado disse que poderá deixar o caso se os depoimentos forem conflitantes</p>
Advogado disse que poderá deixar o caso se os depoimentos forem conflitantes
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O advogado dos acusados de terem atingido o cinegrafista da TV Bandeirantes com um rojão na semana passada disse, nesta quinta-feira, que poderá deixar o caso se os depoimentos de Caio de Souza e Fábio Raposo sejam conflitantes. Jonas Tadeu disse na manhã de hoje, à Rádio CBN, que ficou surpreso ao saber de um depoimento que Caio teria dado, sem a sua presença, já no Complexo de Gericinó, no qual alega que o artefato explosivo tenha sido aceso pelo tatuador Fábio Raposo.

“Ontem eu fiquei afastado o dia inteiro, por questões até mesmo de cansaço físico e saúde. Eu não tomei nenhum conhecimento de depoimento, nem a autoridade policial comunicou que iria coletar depoimento”, disse. Segundo publicou o Jornal Extra, Caio Silva de Souza, apontado como o homem que acendeu o rojão que matou Santiago, prestou depoimento a policiais da 17ª DP e a agentes da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap).

Segundo o jornal, Caio disse no depoimento que Fábio o atiçou para disparar o rojão, dizendo “Solta, solta...”, no momento em que entregou a ele o artefato e que o tatuador disse ainda “acende aí”. Porém,  segundo a versão de Caio, quem acendeu o explosivo foi o próprio Fábio. Caio teria apenas segurado o artefato e o colocado no chão já aceso.

Ao saber do teor do depoimento, o advogado Jonas Tadeu disse que teria que largar o caso se fosse confirmado esse confronto de versões. “Se houver uma colisão, aí é claro que não pode haver uma única defesa. Eu vou ter que pensar como eu vou fazer em relação a este caso”, disse.

O advogado disse que iria se reunir com seus dois clientes na tarde de hoje e definiria como prosseguiria com a defesa. Questionado se ele iria escolher entre um dos dois clientes, Tadeu falou que optaria por não escolher.  “Por uma questão de ética, como eu comecei com os dois, eu não iria optar nem por um nem por outro (...). Como os dois detêm a minha simpatia e o meu querer bem, eu não escolheria um dos dois, nunca”, disse.

Jonas Tadeu ainda disse que chegou ao caso por causa de dois estagiários, que seriam amigos de infância de Fábio. “O Fábio é amigo de infância de dois estagiários do meu escritório. Eu já conhecia o Fábio, porque ele é skatista e, às vezes, o escritório patrocinava esses garotos. Os meninos trouxeram ele pra mim e eu  comecei a defesa”, falou.

Depoimento

Ainda segundo o Jornal Extra, Caio admitiu que “nem sempre participou do movimento Black Bloc, porque trabalha e nem sempre consegue participar das manifestações”. Ele disse que já trabalhou na Câmara de Vereadores do Rio no fim de 2013 e, nesse período, viu “a chegada de até cinquenta quentinhas para alimentar os ativistas”. Ele disse ainda “que há pessoas que aliciam os jovens para participar das passeatas e já foi convidado para participar de forma remunerada”.

Caio, no entanto, negou conhecer as pessoas que aparecem nas manifestações e oferecem dinheiro para quem participa do ato.  O manifestante disse ainda que chegou a ver um papel onde a contabilidade do dinheiro distribuído aos manifestantes era feita e que a  ativista Elisa Quadros, a Sininho, teria passado a contabilidade para um amigo, que a colocou no Facebook.

Ele diz que a ativista organiza os protestos, mas não acha que ela seja líder, mas que “manipula a forma como a manifestação vai acontecer”. Caio ainda disse que algumas pessoas distribuem pedras e apetrechos nos protestos e que acredita “que os partidos que levam vandeiras são os mesmo que pagam os manifestantes” e citou ter visto bandeiras do PSol, PSTU e Frente Independente Popular (Fip).

Atingido em protesto, cinegrafista tem morte cerebral

O cinegrafista Santiago Andrade foi atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Além dele, outras seis pessoas ficaram feridas na mesma manifestação.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o cinegrafista chegou em coma ao hospital municipal Souza Aguiar. Ele sofreu afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e passou por cirurgia no setor de neurologia. A morte encefálica foi informada pela secretaria no início da tarde de 10 de fevereiro, após ser diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do hospital onde ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva.

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Para delegado que investiga morte de cinegrafista, houve intenção de matar

O tatuador Fábio Raposo confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu Santiago. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão.

Raposo ajudou a polícia a reconhecer um segundo responsável pelo disparo do artefato que causou a morte do cinegrafista. O tatuador, preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, afirmou, de acordo com o relato do delegado, que “eles se encontravam em manifestações" e que "esse rapaz tem perfil violento”.

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'Profissional de imprensa vai à guerra todo dia no Rio', diz jornalista

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou, na manhã do dia 11, uma foto do suspeito de ter acendido o rojão que atingiu Santiago Andrade. Caio Silva de Souza, 23 anos, tem duas passagens pela polícia e era considerado foragido desde que foi expedido um mandado de prisão temporária em seu nome. Fábio Raposo, que passou o rojão, reconheceu o autor do disparo a partir da imagem levada pelo delegado.

Procurado por homicídio doloso qualificado – quando há intenção de matar – por uso de artefato explosivo e pelo crime de explosão, o suspeito foi preso na madrugada de 12 de fevereiro em uma pousada na cidade de Feira de Santana, na Bahia. De acordo com o advogado Jonas Tadeu Nunes, que também defende Fábio Raposo, Caio Silva de Souza seguia em direção ao Ceará, para a casa de um avô, mas foi convencido a se entregar. Ele não reagiu ao ser preso.

Fonte: Terra
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