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Em protesto, PM usa borracha e gás com validade vencida no RS

Em 2013, o governo do Rio Grande do Sul adquiriu R$ 149.852,43 em armamentos não letais

25 jun 2013 - 08h27
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<p>Bomba de borracha de dispersão usada durante a ação da polícia em Porto Alegre; a bomba estava vencida</p>
Bomba de borracha de dispersão usada durante a ação da polícia em Porto Alegre; a bomba estava vencida
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra

A Brigada Militar (Polícia Militar gaúcha) usou balas de borracha e gás lacrimogêneo com validade vencida para reprimir manifestantes na noite desta segunda-feira em Porto Alegre. O Terra encontrou um cartucho de 12 projéteis e uma granada de gás com datas de validade previstas para 2010.

Embora a embalagem afirme que o material "oferece perigo se utilizado após o prazo de validade", a PM disse, por meio de sua assessoria, que não há risco. As balas de borracha, projéteis antimotim e o gás lacrimogêneo são utilizados para dispersar grupos de desordeiros durante os protestos.

Só com a Condor Indústria Química, empresa que fornece os armamentos não letais para a Brigada Militar, o governo do Rio Grande do Sul gastou este ano R$ 149.852,43, segundo dados do Portal da Transparência. Foram três compras de R$ 49.950,81, uma em janeiro e as duas outras em abril, um mês depois do início dos protestos contra o aumento das passagens de transporte público em Porto Alegre.

<p>Bomba de gás lacrimogêneo usada durante a ação da polícia em Porto Alegre</p>
Bomba de gás lacrimogêneo usada durante a ação da polícia em Porto Alegre
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra

A polícia já usou cartuchos de gás dos últimos lotes comprados. Outro exemplar encontrado pelo Terra foi fabricado em março deste ano e só vence em 2018. Conforme uma licitação do governo federal no ano passado, uma granada de gás custa em torno de R$ 190. O cartucho com 12 balas de borracha sai em torno de R$ 115. 

Saques e vandalismos

Os saques e cenas de vandalismo têm surgido cada vez mais cedo nos protestos em Porto Alegre. Nesta segunda, a atuação dos policiais teve início após o saque de uma loja de calçados, quando os manifestantes começaram a brigar entre eles. O confronto com PMs continuou na região da rua Duque de Caxias, a poucas quadras do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho. 

As cenas de confronto se estenderam para o bairro Cidade Baixa. Coletoras de lixo foram queimadas e usadas como barricadas no meio da rua José do Patrocínio. Estabelecimentos comerciais foram depredados. Uma agência do Itaú teve suas vidraças quebradas. Computadores e gavetas de funcionários foram revirados.

Em meio a lixo e vidros quebrados, funcionários instalavam uma porta de ferro na loja de calçados saqueada no fim da noite, no centro da capital gaúcha. Segundo a PM, pelo menos 103 foram presos.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

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O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

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A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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