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Empresária é espancada durante 4 horas dentro de casa após encontro

Elaine Caparróz está na UTI após sofrer fraturas graves e traumas no pulmão e nos rins; advogado Vinícius Batista Serra foi preso em flagrante, mas alega 'surto'

18 fev 2019 - 11h16
(atualizado às 23h28)
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RIO - As imagens das paredes repletas de sangue e do apartamento revirado dão a dimensão da violência sofrida pela empresária Elaine Caparróz, de 55 anos. Ela foi espancada durante quatro horas pelo advogado Vinícius Batista Serra, de 27 anos, com quem havia se encontrado pela primeira vez na noite de sábado. O agressor foi preso em flagrante, na Barra da Tijuca, zona oeste carioca, após os vizinhos ouvirem pedidos de socorro e chamarem a polícia.

Empresária espancada durante quatro horas está na UTI no Hospital Casa de Portugal
Empresária espancada durante quatro horas está na UTI no Hospital Casa de Portugal
Foto: Reprodução/Google Street View / Estadão

Elaine está internada em estado grave na UTI do Hospital Casa de Portugal, no centro do Rio, e terá ainda de passar por cirurgias reparadoras. Segundo o irmão de Elaine, Rogério Peres Caparróz, a empresária tem diversas fraturas graves, trauma de pulmão e dos rins. A hipótese de um edema cerebral, no entanto, foi descartada.

"Cada vez que vou lá e olho para ela, não reconheço minha irmã; ele a desfigurou completamente", contou. "Ela está com fraturas em toda a face, no nariz, globo ocular, maxilar, dentes; além disso, está com trauma de pulmão e pode evoluir para insuficiência renal. Os braços estão cheios de mordidas."

A empresária contou ao irmão que conheceu Serra em uma rede social e vinha conversando com ele havia oito meses. No sábado, resolveram se encontrar pela primeira vez. Elaine o convidou para jantar em seu apartamento.

"Eles já conversavam há oito meses, ela o acompanhava na rede social, tinha amigos em comum, se sentiu à vontade para encontrá-lo. Comprou queijos e vinhos para recebê-lo e conversarem", contou Rogério. Ainda segundo o relato de Elaine ao irmão, como foi ficando tarde, Serra pediu para dormir no apartamento da empresária, a abraçou e pediu que ela dormisse com a cabeça em seu peito. "Ela estava há um ano sem ninguém. Achou que seria a chance de estar com um cara legal."

De madrugada, Elaine acordou sendo agredida violentamente. A sessão de tortura durou cerca de quatro horas, segundo o irmão. "Ela gritava: 'Para, pelo amor de Deus', mas ele continuava batendo, xingando, mordendo, esmurrando."

Os gritos de Elaine chamaram a atenção de vizinhos e dos porteiros. Quando conseguiram entrar no apartamento, viram a mulher desacordada. Serra ainda tentou fugir, mas foi detido na portaria, com as roupas sujas de sangue. A polícia chegou em seguida e o prendeu em flagrante. Ao entrar no edifício, ele havia dado um nome falso. O Estado não conseguiu localizar a defesa do agressor nesta segunda-feira, 18.

Tentativa de feminicídio

O advogado foi levado para a Cadeia Pública Frederico Marques, em Benfica, zona norte. Segundo o delegado Rodrigo Freitas de Oliveira, da 16.ª Delegacia de Polícia, na Barra, zona oeste, pela gravidade das agressões a conclusão é de que o acusado tentou matar Elaine. Ele vai responder por tentativa de feminicídio. A lei prevê penas mais altas para condenados por assassinatos decorrentes de violência doméstica ou por discriminação e menosprezo à mulher.

O delegado considera ainda que o agressor é perigoso e pede que fique preso por representar uma ameaça à vítima. À polícia, o agressor disse que tomou vinho e acordou de madrugada em "surto". Nesta segunda-feira, 18, o juiz Alex Ravache converteu a prisão em flagrante para prisão preventiva.

A promotora do grupo de violência doméstica do Ministério Público de São Paulo Silvia Chakian ressaltou a importância do enquadramento de casos como esse como tentativa de feminicídio. Segundo explica, a lei prevê punição mais rigorosa para assassinatos cometidos em contexto de relações íntimas de afeto. "Foi uma violência bárbara, com golpes reiterados contra o rosto da vítima, na tentativa de desfigurá-la."

Ela chama a atenção para o fato de as agressões terem se prolongado por quatro horas. "Como a polícia não foi acionada imediatamente? Isso reflete ainda uma ideia muito equivocada de que em briga de marido e mulher não se mete a colher."

Elaine é mãe do lutador de jiu-jítsu Rayron Gracie. Nas redes sociais, ele publicou texto em defesa da mãe. "A gente nunca acha que vai chegar tão perto de nós. É uma sensação horrível, de aperto no peito, mãos atadas", escreveu. "Te amo, mãe." O atleta chamou Serra de "monstro" e pediu justiça. Na web, parentes e conhecidos demonstraram indignação. "A culpa nunca será da vítima", publicou uma amiga.

Especialista sugere usar local público e avisar conhecidos

O crime contra a empresária Elaine Caparróz levanta discussões sobre cuidados com relacionamentos na internet. Para a gerente da Assessoria Jurídica do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Kelli Angelini, é preciso cautela ao manter contato com desconhecidos na internet, como evitar publicar dados de localização ou passar senhas.

Na internet, não é difícil maquiar ou ocultar a identidade. Para checar se um amigo virtual é mesmo quem diz ser, é possível solicitar informações como nome completo e procurar contatos em comum. "Caso queira se encontrar, é importante buscar locais públicos e informar outras pessoas", diz Kelli./COLABORARAM MARCO ANTONIO CARVALHO E JÚLIA MARQUES

Te amo mãe

Uma publicação compartilhada por Rayron Gracie (@rayrongracie) em

Estadão
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