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Entenda ligação entre laboratório em SP e acidente em Chernobyl

O laboratório tem uma conexão profunda com dois importantes acidentes nucleares que marcaram a história: Chernobyl e Césio 137

8 set 2024 - 15h02
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No coração do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP), em Piracicaba, em São Paulo (SP), está o Laboratório de Radioisótopos, liderado por Elisabete Aparecida de Nadai Fernandes. Elisabete tem uma experiência notável que inclui sua contribuição durante o acidente de Césio 137 em Goiânia, em 1987. Este ano, ela será homenageada com o Prêmio Fundação Bunge na categoria Vida e Obra, em reconhecimento aos seus relevantes serviços.

Após o desastre de Chernobyl em 1986, a Europa passou a vender leite em pó a preços muito baixos, acendendo um alerta
Após o desastre de Chernobyl em 1986, a Europa passou a vender leite em pó a preços muito baixos, acendendo um alerta
Foto: depositphotos.com / artfotoss / Perfil Brasil

O laboratório tem uma conexão profunda com dois importantes acidentes nucleares que marcaram a história: Chernobyl e Césio 137. A seguir, vamos entender como esses trabalhos se entrelaçam com a trajetória de pesquisa e dedicação de Elisabete e sua equipe.

Estudos de rastreabilidade de alimentos

Os estudos de rastreabilidade no laboratório do Cena começaram significativamente nas décadas de 70 e 80, com foco inicial na cana-de-açúcar. A preocupação maior era com a produção de açúcar e etanol, além da qualidade da matéria-prima usada nas indústrias. Esses estudos surgiram devido ao desgaste das partes metálicas das máquinas, causado pela terra fertile que era transportada junto à cana.

A partir daí, surgiu a necessidade de investigar como esses resíduos se espalhavam e qual era o impacto deles nos produtos finais. Foi assim que Elisabete e sua equipe começaram a monitorar e analisar a contaminação nos produtos de origem agrícola.

Como analisaram a contaminação do leite em pó?

Após o desastre de Chernobyl em 1986, a Europa passou a vender leite em pó a preços muito baixos, acendendo um alerta. Elisabete e sua equipe, em colaboração com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), realizaram diversas análises para detectar contaminações por radionuclídeos.

As latas de leite em pó, com seus designs atraentes, despertaram a curiosidade do consumidor brasileiro. Porém, os estudos confirmaram a presença de radionuclídeos, que poderiam representar um risco sério à saúde, especialmente para crianças.

O que aconteceu com o leite contaminado?

Surpreendentemente, muitas dessas latas acabaram sendo direcionadas para merendas escolares. A preocupação aumentou quando as creches e outras instituições começaram a recolher amostras para análise. Os resultados continuavam a mostrar níveis de contaminação acima do permitido.

A resposta imediata da CNEN foi aumentar o nível permitido de radioatividade nos alimentos importados, trazendo-os em linha com os padrões europeus. Contudo, questões sobre os efeitos a longo prazo no organismo das pessoas que consumiram esses produtos permanecem sem respostas definitivas.

Entendendo o Acidente com Césio 137 em Goiânia

O ano seguinte ao acidente de Chernobyl trouxe mais desafios para Elisabete e seu laboratório. O acidente com Césio 137 em Goiânia envolveu uma cápsula de material radioativo que foi encontrada e desmontada por catadores de recicláveis, contaminando assim uma área residencial.

O laboratório do Cena foi essencial para analisar uma mangueira e seus frutos que haviam sido contaminados. Amostras de folhas e frutos foram analisadas e os resultados mostraram que a árvore havia absorvido o césio, contaminando as mangas completamente.

Legado de vigilância e segurança

Até hoje, os esforços do Cena têm um impacto significativo. Após o incidente com Césio 137, o Brasil aumentou o rigor nos certificados de exportação agrícola. O Cena realiza análises minuciosas para garantir que os produtos não estejam contaminados, tendo realizado mais de 100 mil testes até agora.

Perfil Brasil
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