Especialistas defendem investigação e inteligência para combater violência
'Se a política de abate no Rio tivesse dado certo, seríamos a região mais pacífica do mundo', diz ex-chefe de Estado Maior da PMERJ
RIO - Ex-chefe de Estado Maior da Polícia Militar do Rio, o coronel reformado Robson Rodrigues, que desenvolve pesquisas no Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), afirma que problemas complexos como o do Rio pedem políticas igualmente complexas.
Rodrigues diz ser precipitado relacionar a alta na letalidade com a queda nos indicadores em 2019. "Se a política de abate no Rio tivesse dado certo, seríamos a região mais pacífica do mundo."
Para ele, "a PM tem de ser posta para trabalhar na prevenção, cobrindo a mancha criminal de acordo com a sua vocação originária: patrulhamento ostensivo". "As operações tem de ser feitas com mais investigação, reduzindo essas ações e buscando qualificá-las melhor."
O economista Daniel Cerqueira, coordenador do Atlas da Violência, vai na mesma linha. Ele afirma que a redução de homicídios aconteceria de forma mais eficaz se houvesse mudança na forma como é feito o policiamento: menos brutalidade e mais investigação e inteligência.
"Poderíamos identificar os homicidas, as regiões onde eles atuam, quem são os fornecedores de armas e também a questão da lavagem de dinheiro", defende Cerqueira, que também é conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. "A política que temos hoje é baseada no achismo. Estamos apenas apagando incêndio. Não existe gestão ou inteligência."
Outro ponto citado por Cerqueira é o trabalho das polícias junto às comunidades.
"Hoje a polícia afasta a comunidade. Isso não dá certo. A polícia precisa trabalhar junto com a comunidade para que essa redução de homicídios aconteça de fato."
E, por fim, o coordenador do Atlas da Violência fala em "prevenção social". "Prevenção social são as políticas públicas para melhorar a condição de vida das comunidades. Melhorar a educação e as escolas, bem como a oferta de empregos."
