Esquema de desvio de mercadorias apreendidas pela Receita Federal do RS envolve troca de vinhos de alto valor por itens baratos
Operação da Polícia Federal desmantela grupo suspeito de substituir vinhos e produtos de luxo apreendidos por itens de menor valor, gerando prejuízo de R$ 150 milhões aos cofres públicos.
A Corregedoria da Receita Federal revelou, nesta quarta-feira (6), o funcionamento de um esquema de desvio de mercadorias apreendidas no Rio Grande do Sul, que envolvia a troca de itens de alto valor, como vinhos importados, por produtos baratos. A operação da Polícia Federal resultou na prisão de 10 suspeitos, incluindo servidores da Receita, empresários e um policial militar. Os envolvidos podem responder por crimes como peculato, facilitação ao contrabando, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O auditor fiscal Christiano Paes Leme explicou o esquema: garrafas de vinho importadas, avaliadas em R$ 1 mil cada, eram descritas genericamente como "vinhos tintos" nas apreensões e substituídas por vinhos de baixo custo, de R$ 30 a R$ 40. Com essa prática, os participantes revendiam os itens valiosos, gerando lucros ilegais.
Esquema Abarcava Diversos Produtos de Alto Valor
Além dos vinhos, o grupo desviava outros produtos de alto valor agregado, como celulares, joias e perfumes, com prejuízo estimado em R$ 150 milhões. Parte das mercadorias era vendida por empresários que pagavam comissões aos agentes públicos envolvidos, alguns dos quais já tinham antecedentes por crimes de contrabando.
Detalhes da Operação e Prisões
As prisões ocorreram em Santa Maria, Pelotas, Chapecó (SC) e outras cidades. Entre os detidos estão servidores da Receita Federal, incluindo auditores e analistas tributários, além de empresários e um policial militar que, segundo a PF, ajudava a informar o grupo sobre rotas de ônibus transportando mercadorias valiosas e facilitava a proteção de contrabandistas em estradas.
Consequências e Medidas Adicionais
Os servidores da Receita envolvidos no esquema enfrentarão processos administrativos que podem levar à expulsão do serviço público e enfrentarão processos criminais e cíveis. A Receita planeja reforçar os controles internos para prevenir novos casos de corrupção.
A operação resultou na apreensão de 22 imóveis e 24 veículos, além do bloqueio de R$ 37 milhões em contas bancárias. Entre os bens adquiridos ilegalmente, destacam-se imóveis de luxo, incluindo uma cobertura à beira-mar avaliada em mais de R$ 10 milhões.