Esteticista mentiu sobre ser biomédica para paciente que teve queimaduras graves após peeling de fenol
Vítima teve queimaduras de terceiro grau no rosto após o procedimento e família alegou que ela foi mal orientada por profissional
Uma mulher de 64 anos foi hospitalizada com queimaduras de terceiro grau após ser submetida a um procedimento estético de rejuvenescer a pele, o peeling de fenol. O caso ocorreu em Curitiba, no Paraná, onde a polícia investiga a conduta da responsável pela aplicação do produto na vítima, que teria mentido sobre ser biomédica. Uma farmacêutica também é suspeita de vender um curso ilegal de aplicação do peeling.
Uma mulher de 64 anos sofreu queimaduras de terceiro grau no rosto após ser submetida a um peeling de fenol, procedimento estético com o objetivo de rejuvenescer a pele. O caso aconteceu em Curitiba, no Paraná, e a responsável pela aplicação do produto na vítima teria mentido sobre ser biomédica. A Polícia Civil investiga o caso.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
De acordo com a delegada Aline Manzatto, a Polícia Civil do Paraná instaurou um inquérito para apurar a conduta da esteticista. A vítima possivelmente irá precisar de enxerto para se curar dos ferimentos, que foram graves.
O procedimento foi feito no dia 25 de maio, e dias depois, a paciente se queixou de dores. Cerca de 10 dias depois do peeling de fenol, ela foi hospitalizada. As identidades da vítima e da investigada não foram divulgadas pelas autoridades.
A profissional não teria orientado a paciente corretamente após o procedimento, e disse que as dores eram “normais”, receitando uma pomada.
A esteticista chegou a se identificar como biomédica para a paciente, o que as autoridades verificaram e constataram ser mentira. “Ela irá responder pelo termo de exercício ilegal da profissão de médico, também pela lesão corporal que possivelmente pode chegar até numa lesão corporal de natureza grave”, disse a delegada.
A polícia também irá analisar os produtos utilizados na vítima, para averiguar se há falsificação de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
“Esses produtos têm que ser adquiridos de locais específicos, com todo o controle da vigilância sanitária. Então se esse produto é comprado, por exemplo, na internet, não poderia ser utilizado e não poderia estar sendo aplicado na vítima”, explica Manzatto.
A polícia também irá avaliar o produto, a porcentagem de fenol existente nele, onde foi adquirido, e se houve alguma alteração, a esteticista poderá responder também pelo crime de falsificação de medicamento.
Outro caso
A pedido da Polícia Civil de São Paulo, a Polícia Civil do Paraná passou a investigar outro caso envolvendo a morte de um paciente que também realizou um peeling de fenol.
A farmacêutica Daniele Stuart, de Curitiba, é suspeita de vender um curso online de aplicação de peeling de fenol à influencer Natalia Becker.
Natalia realizou o procedimento em um paciente que morreu em São Paulo por consequência da aplicação do peeling de fenol.
Peeling de fenol
O peeling de fenol é um procedimento invasivo realizado para tratar rugas e flacidez na pele. Após a realização, a pele com rugas profundas passa por uma fase de inflamação e descamação intensa.
Quando cicatrizada, a pele fica com aspecto mais liso e jovial. Como a substância é agressiva, muitos cuidados devem ser tomados pelo paciente e pelo médico responsável pela aplicação, incluindo a realização de exames prévios.
Quem pode realizar o procedimento?
Segundo a delegada Aline Manzatto, o Conselho Regional de Farmácia informou que há uma decisão em liminar suspendendo a resolução do Conselho Federal de Farmácia que permitia que farmacêuticos pudessem realizar o peeling de fenol.
“Diante da suspensão dessa resolução, o farmacêutico está proibido de fazer o peeling. Então o que acontece? Existe a lei do ato médico. Essa lei do ato médico contém exceções à regra de que procedimentos invasivos são privativos de médicos e, dentre as exceções, está a regulamentação com base nos conselhos de classe conforme a profissão”, diz.
Devido à suspensão da resolução, e a à proibição de farmacêuticos realizarem esse procedimento, a investigada Daniele Stuart, que deu o curso, irá responder pelo exercício ilegal da profissão de médico e o curso se tornará irregular.
“Ela também vai prestar informações, nós vamos colher mais informações e, se for o caso, indiciá-la por possível crime de falsificação, até mesmo de documento”.