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Estudante que matou aluna e feriu outros dois sofria bullying por ser gay, diz aluno

Segundo colega de escola, atirador já até apanhou por ser homossexual

23 out 2023 - 12h10
(atualizado às 21h14)
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Movimentação policial na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste da capital paulista, nesta segunda-feira (23), onde um ataque a tiros deixou uma adolescente morta e outros com ferimentos por tiros. Um quarto aluno se machucou ao tentar fugir durante o ataque.
Movimentação policial na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste da capital paulista, nesta segunda-feira (23), onde um ataque a tiros deixou uma adolescente morta e outros com ferimentos por tiros. Um quarto aluno se machucou ao tentar fugir durante o ataque.
Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO CONTEÚDO

O estudante de 16 anos que atirou e matou uma adolescente na Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, sofria bullying por parte dos colegas por ser homossexual. A informação foi confirmada ao Terra por alunos da unidade educacional. Outras duas pessoas também foram atingidas pelos disparos e encaminhadas a um hospital da região. 

O crime ocorreu por volta das 7h30 e foi provocado por um aluno do 1º ano do Ensino Médio. Um adolescente de 16 anos contou à reportagem que conhecia o atirador e que ambos estudavam no mesmo ano, mas em turmas diferentes. 

"Ele apanhava do pessoal [por ser gay], e chegou até se assumir hétero de novo para não apanhar, não sofrer mais", explicou o aluno, entrevistado pelo Terra na porta da escola. Segundo ele, uma das estudantes atingida era da sala do atirador, mas não era considerada sua amiga. 

Já sofreu agressão

O Terra teve acesso a um vídeo em que o atirador aparece em uma briga, com duas meninas. A princípio, as imagens mostram o adolescente e outra aluna, ambos com o uniforme da escola, puxando os cabelos um do outro. A menina ainda o acerta com um chute. Eles se separam e o menino a empurra, fazendo-a cair ao chão. 

Nesse instante, outra estudante com capus parte para cima do jovem, também puxando seus cabelos e dando tapas em sua cabeça. A primeira aluna se junta a ela, agredindo o rapaz. Eles são separados enquanto a sala grita. O vídeo teria sido gravado em junho deste ano.

Há alguns meses o atirador também publicou em seu perfil nas redes sociais uma montagem como se estivesse matando uma das colegas de classe. Não há informações se ela está entre as vítimas. No comentário de uma das fotos publicadas em seu perfil, uma seguidora alerta o jovem: "Vc pode fazer uma denúncia, né?". 

Primeiros disparos

O rapaz estava na sala de aula quando ouviu o primeiro disparo, mas achou que se tratava de uma bomba. Nesse momento, sua turma colocou as carteiras em frente a porta da sala, mas ouviu novos tiros. "Já começamos a ficar preocupados. A professora que estava na sala segurou a porta, não estava deixando a gente sair, por conta do que estava acontecendo, não sabia o que era", relata. 

Pouco depois, a professora deixou os alunos saírem, e nos corredores já havia muitos estudantes correndo e gritando. Outros chegaram a passar mal com a confusão.

"A diretora chegou e falou: ‘vão, vão embora, tem que se dispersar pelas ruas, que é tiro’.  Todo mundo saiu correndo, foi cada um para um canto", explica.  

No atentado, três pessoas foram alvejadas pelos disparos da arma de fogo que o atirador usava. Uma delas é uma adolescente de 17 anos, que foi atingida na cabeça, e chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Ela era estudante do terceiro ano do Ensino Médio. 

Outra aluna da sala do suspeito também foi atingida, e foi socorrida para o Hospital Regional de Sapopemba, bem como a terceira vítima, que não teve a identidade revelada. Uma quarta vítima teve ferimentos leves, que não foram ocasionados por disparo de arma de fogo.

Após o crime, o adolescente foi capturado e encaminhado para o 70º DP, onde foi ouvido. A arma que estava com ele também foi apreendida.

*ATENÇÃO: Se você sofre algum tipo de bullying na escola ou cyberbullying de colegas na internet, faça a denúncia no Disque 100 – Disque Direitos Humanos. A ligação é gratuita e o atendimento é feito 24 horas por dia. Para receber atendimento ou fazer denúncias pelo WhatsApp, basta enviar mensagem para o número 61 99656-5008. Também é possível ser atendido pelo Telegram, basta digitar "Direitoshumanosbrasil" na busca do aplicativo. Após uma mensagem automática inicial, o atendimento será realizado pela equipe do Disque 100.

Se você é pai, mãe ou responsável por uma vítima de bullying, converse com ela. Procure a direção da escola para tentar solucionar o problema entre os envolvidos e suas famílias. Se o(a) diretor(a) não tomar nenhuma atitude, formalize a denúncia em casos mais graves no Conselho Tutelar ou na polícia da sua cidade.

*Com a colaboração de Vanessa Ortiz

Fonte: Redação Terra
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