Ex-namorado filmou últimas horas de Djidja Cardoso com vida: 'Eu tentei te salvar'
Imagens foram gravadas na noite de 27 de maio e na madrugada de 28 de maio, data da morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido
Novos vídeos divulgados mostram as últimas horas de vida de Djidja Cardoso. As imagens foram gravadas na noite de 27 de maio e na madrugada de 28 de maio, data da morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido. O conteúdo foi obtido e divulgado pela Rede Amazônica.
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No registro feito pelo ex-namorado de Djidja, Bruno Roberto, é possível vê-la segurando um frasco de cetamina na mão esquerda e uma seringa na mão direita. Bruno pede para ela largar a substância, mas Djidja resiste.
Em outro vídeo, Djidja aparece na cama procurando a tampa de uma seringa. Bruno reclama que quer dormir, e ela responde: "Eu vou me injetar."
“Eu tentei”, diz o ex-namorado. Djidja pergunta “tentou o que?”, e Bruno rebate: "Te salvar. Mas olha aí como tu tá. Tu não quer parar de usar isso".
Djidja Cardoso, de 32 anos, empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido, foi encontrada morta em casa na manhã de terça-feira, 28, em Manaus (AM). A principal hipótese da polícia é que a morte da ex-sinhazinha esteja relacionada a uma overdose de cetamina, uma substância anestésica que provoca efeitos alucinógenos.
Ex-namorado e personal trainer de Djidja Cardoso são presos em Manaus
A Polícia Civil do Amazonas realizou as prisões de Bruno Roberto, ex-namorado de Djidja Cardoso, e do personal trainer Hatus Silveira, em nova fase da Operação Mandrágora, na tarde desta sexta-feira, 7, em Manaus (Amazonas). A informação foi inicialmente divulgada pela CNN Brasil.
A investigação tem como alvo a seita religiosa intitulada de "Pai, Mãe, Vida", que incentivava, promovia e distribuía a droga quetamina. O irmão e a mãe da ex-sinhazinha Boi Garantido, Ademar Farias Cardoso Neto e Cleusimar Cardoso Rodrigues, já foram detidos por suspeita de tráfico de drogas e associação ao tráfico.
De acordo com a publicação, as investigações indicam que Hatus seria um dos responsáveis por fornecer a droga para a família. Bruno Roberto, por sua vez, teria sido o intermediário entre o profissional de educação física e o grupo.
Na terça-feira, 4, o ex-personal trainer de Djidja havia prestado depoimento sobre sua relação com a família Cardoso. Na oportunidade, ele disse que Djidja aplicou cetamina nele de surpresa durante uma visita onde ela morava.
Além das novas prisões, a Polícia Civil do Amazonas concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira com atualizações do caso. O delegado-geral adjunto Guilherme Torres explicou que as autoridades estão atuando em duas frentes: uma busca esclarecer a morte de Djidja e outra trabalha com questões relacionadas às drogas e maus-tratos a animais.
Quem foi Djidja Cardoso?
Nascida no Amazonas, ela se apresentou pelo Boi Garantido entre os anos de 2015 e 2020. Em 2021, Djidja foi convidada para participar do reallity show A Bordo, da TV A Crítica. O programa é um concurso de beleza que confina mulheres em um barco em Manaus. Vitoriosa em sua edição, Djidja conquistou o título de Rainha do Peladão e o prêmio de R$ 30 mil. No passado, sua mãe também já tinha vencido o concurso.
Depois desse período, se tornou empresária, abriu uma rede de salões de beleza e começou a prosperar nos negócios. Em meio a isso, se dedicava à criação de conteúdo digital. Nas redes sociais, onde tem mais de 76 mil seguidores, ela compartilhava dicas de beleza, de saúde, sua vida pessoal e rotina de treinos.
Até que, no último dia 28, ela foi encpntrada morta em sua casa. De acordo com fonte da rede Amazônica, que preferiu não se identificar, parentes resolveram ir à casa de Djidja após não conseguir contato com ela por telefone. Lá, encontraram o corpo da empresária na cama.
Sua morte tem relação com uma seita?
Segundo a Polícia Civil, ainda não é possível estabelecer se houve homicídio no caso de Djidja. Mas há, sim, suspeita de que ela tenha tido uma overdose pelo uso indiscriminado de ketamina -- substância que é um analgésico usado como droga recreativa.
Em torno dessa substância, a polícia prendeu o irmão e a mãe da ex-sinhazinha, Ademar Farias Cardoso Neto e Cleusimar Cardoso Rodrigues, como suspeitos pela crianção uma seita religiosa intitulada de "Pai, Mãe, Vida", que incentivava, promovia e distribuía essa mesma droga. Eles foram presos nesta quinta-feira, 30.
Alem deles, foram presas Verônica da Costa Seixas, 30, e Claudiele Santos da Silva, 33, funcionárias do salão de beleza mantido pela família de Djidja. Elas seriam responsáveis por induzir outros colaboradores e pessoas próximas à família a se associarem à seita, onde drogas de uso veterinário eram utilizadas.
Foi a morte de Djidja que deu início à investigação?
Não. De acordo com autoridades policiais, há aproximadamente 40 dias, antes da morte da ex-sinhazinha, foi identificado que o grupo coletava a droga ketamina em clínicas veterinárias e realizava a distribuição do fármaco entre os funcionários da rede de salões de beleza da família Cardoso.
“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si. A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo da seita”, disse Cícero Túlio, delegado à frente do caso.
Em coletiva, ele acrescentou que outras duas já relataram situação de estupro, tendo sido dopadas durante o ato sexual. "Algumas delas permaneceram despidas por vários dias sem sequer tomar banho, numa situação de cárcere privado. Inclusive no momento em que adentramos naquela residência [onde foram feitas as prisões] o cheiro de podridão era muito forte. Isso tudo é objeto do relatório de investigação", afirmou o delegado.
Durante buscas realizadas na tarde de quinta-feira, 30, e na manhã desta sexta-feira, 31, a Polícia Civil do Amazonas apreendeu centenas de seringas, produtos destinados a acesso venoso, agulhas e ketamina, além de aparelhos celulares, documentos e computadores na residência da família e no salão de beleza e em uma clínica veterinária.
O grupo responderá por tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, colocação em perigo da saúde ou da vida de outrem, falsificação, corrupção, adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais, aborto provocado sem consentimento da gestante, estupro de vulnerável, charlatanismo, curandeirismo, sequestro, cárcere privado e constrangimento ilegal. Eles serão submetidos a audiência de custódia e permanecerão à disposição da Justiça.